Em uma área de 80 mil metros quadrados, a 18ª edição da
Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro terá como foco a literatura
brasileira, com 330 autores e convidados, 350 horas de programação cultural e
190 atividades envolvendo o universo literário, o que representa um aumento de
40% em relação à última edição. O evento será aberto no dia 31 de agosto e vai
até 10 de setembro, em três pavilhões do RioCentro, na Barra da Tijuca, zona
oeste da cidade.
O presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros
(Snel), Marcos Pereira, uma das entidades promotoras da Bienal, explica que o
evento é o terceiro maior em público do calendário carioca, ficando atrás
apenas do Réveillon e do carnaval, com 700 mil visitantes.
Este ano, segundo ele, a intenção da bienal é resgatar o valor do livro.
“A gente vive um momento muito difícil da vida brasileira,
um momento de questionamento sobre o nosso futuro, com as questões éticas e
econômicas. A questão ética é do fundamento, a econômica você resolve, é
relativamente mais fácil que a ética. E o livro tem um papel fundamental na
construção da cidadania, mas a gente não tem conseguido valorizar o livro de
uma forma mais expressiva. Na Bienal é uma grande festa, são mais de 700 mil
pessoas passando por lá, mas a gente precisa valorizar o livro o tempo todo,
pra sociedade brasileira como um todo”, disse.
Pereira e os curadores dos espaços temáticos participaram
de uma entrevista coletiva hoje ( 8) para anunciar as atrações da Bienal. No já
tradicional Café Literário, serão 31 sessões com 110 autores, debatendo temas
como gênero, igualdade racial, reforma política, pós-verdade e novos modelos de
ensino. O curador do espaço, Rodrigo Lacerda, explica que também haverá
conversas especificamente ligadas à literatura, com homenagem a Ferreira Gular,
Lima Barreto, relação entre literatura e história e uma conversa com o angolano
Pepetela, vencedor do Prêmio Camões.
“O terceiro eixo são as celebrações e variedade. Vamos ter
uma sessão sobre a Revolução Russa, outra comemorando os 100 anos do samba,
sobre os 90 anos do nascimento de Tom Jobim, que vai ser o grande fechamento do
Café, com o Rui Castro, e uma sessão sobre biografias de personalidades com
Zózimo Barroso de Amaral e Artur Xexéu. E teremos dois Cafezinhos Literários,
para o público infantil, pais e crianças de seis a 12 anos,"
explicou.
Uma novidade deste ano, é o Espaço Geek & Quadrinhos,
com bate-papos, realidade aumentada, jogos de tabuleiro, batalha ilustrada, cosplay e batalha com réplicas de espada. O
curador Affonso Solano disse que será uma área livre para a cultura nerd.
“O propósito é a gente direcionar os nossos canhões de
fótons para tudo que tem a ver com esse mundo nerd,
mundo geek nesse espaço. Vamos trabalhar as áreas
de bate-papo, aquela coisa tradicional de conversa e troca de ideias, vamos ter
autores de ficções fantástica, científica, fantasia épica, seja qual subgênero
a gente curte, debatendo temas variados, como as obras mais influentes da
história que a gente até hoje encontra nos filmes e quadrinhos, como a Mary
Shelley e seu Frankstein”.
A Arena Jovem foi reformulada e vai ocupar um espaço de
400 meros quadrados, com o nome de #semfiltro, para conectar as diversas
gerações de juventudes em torno de temas como feminismo, moda e comportamento,
intercâmbio cultural, jogos, ideologia, orientação e diversidade sexual. No
espaço infantil, batizado de Entreletras, a curadora Daniella Chindler, explica
que o objetivo é fazer as crianças interagirem com o cenário e explorarem os
espaços para montarem o próprio repertório de palavras e entendimento do mundo
e da sociedade à sua volta.
“É muito importante essa questão da cidadania e como a
gente aborda isso. É voltar àquela questão indígena de ter uma festa e as
pessoas se escutarem, ser um momento de encontro entre as pessoas, de estar
junto e ser comunidade. A Bienal é para não desperdiçar este espaço, que as
crianças cheguem, se sintam acolhidas e possam conversar e estar ali. Com
sinestesia, para as crianças entrarem no espaço e perceberem com mais de um sentido,”
disse.
Uma atração do espaço infantil será a peça teatral O Mundo das Letras, uma fábula sobre
como as letras teriam surgido. Serão dez apresentações por dia, com duração de
15 minutos. A bienal terá 200 expositores, com 50 mil títulos, além de eventos
para agentes literários fazerem contatos, debates para o setor produtivo sobre
temas como lei de acessibilidade e lei do preço fixo e receberá, no dia 5 de
setembro, o segundo Fórum de Educação.
Por Akemi Nitahara, da Agência Brasil
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