Ao defender a delação premiada na sentença em que
condenou Antônio Palocci a doze anos de cadeia, Sérgio Moro cita extensamente o
juiz americano Stephen S. Trott, autor de um artigo sobre o uso de criminosos
como testemunhas.
Veja esse trecho citado por Moro:
"Nosso sistema de justiça requer que uma
pessoa que vai testemunhar na Corte tenha conhecimento do caso. É um fato
singelo que, freqüentemente, as únicas pessoas que se qualificam como
testemunhas para crimes sérios são os próprios criminosos. Células de
terroristas e de clãs são difíceis de penetrar. Líderes da Máfia usam
subordinados para fazer seu trabalho sujo. Eles permanecem em seus luxuosos
quartos e enviam seus soldados para matar, mutilar, extorquir, vender drogas e
corromper agentes públicos. Para dar um fim nisso, para pegar os chefes e
arruinar suas organizações, é necessário fazer com que os subordinados virem-
se contra os do topo. Sem isso, o grande peixe permanece livre e só o que você
consegue são bagrinhos. Há bagrinhos criminosos com certeza, mas uma de suas
funções é assistir os grandes tubarões para evitar processos. Delatores,
informantes, co-conspiradores e cúmplices são, então, armas indispensáveis na
batalha do promotor em proteger a comunidade contra criminosos. Para cada
fracasso como aqueles acima mencionados, há marcas de trunfos sensacionais em
casos nos quais a pior escória foi chamada a depor pela Acusação. Os processos
do famoso Estrangulador de Hillside, a Vovó da Máfia, o grupo de espionagem de
Walker-Whitworth, o último processo contra John Gotti, o primeiro caso de bomba
do World Trade Center, e o caso da bomba do Prédio Federal da cidade de
Oklahoma, são alguns poucos dos milhares de exemplos de casos nos quais esse
tipo de testemunha foi efetivamente utilizada e com surpreendente
sucesso."
O Antagonista
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