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MEC retira de escolas livro que aborda o
tema incesto
"O ministro
da Educação, Mendonça Filho, informou hoje (8) que o livro Enquanto o
sono não vem, distribuído pelo Programa de Alfabetização na Idade Certa
(Pnaic) para alunos de 1º, 2º e 3º anos do ensino fundamental, deverá ser
recolhido das escolas públicas. No livro, um dos contos aborda o tema incesto,
considerado impróprio para crianças de seis a oito anos de idade, segundo
o órgão.
De autoria
do escritor José Mauro Brandt, a obra é dividida em oito contos. Um
deles, A triste história de Eredegalda, fala sobre o desejo de um
rei em se casar com a mais bonita de suas três filhas. Diante da negativa, a
menina é castigada e acaba morrendo de sede.
A obra foi
selecionada, em 2014, pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), depois
de avaliada e aprovada pelo Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da
Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, instituição de
notório saber e referência nas áreas de alfabetização e literatura.
Segundo o
MEC, professores e pais de alunos em todo o país questionaram o conteúdo, o que
levou o órgão a pedir um parecer técnico e jurídico sobre o assunto, feito pela
Secretaria de Educação Básica (SEB).
No
parecer, a SEB entendeu a temática abordada no livro não é adequada para
crianças em idade de alfabetização. “As crianças, no ciclo de alfabetização,
por serem leitores em formação e com vivências limitadas, ainda não adquiriram
autonomia, maturidade e senso crítico para problematizar determinados temas com
alta densidade, como é o caso da história em questão”, diz nota da secretaria.
Com a
decisão, os 94 mil exemplares da obra adquiridos pelo MEC serão redistribuídos
para bibliotecas públicas. “A atual gestão do MEC está revendo todo o processo
de seleção dos livros didáticos e paradidáticos, visando à melhoria da
qualidade da educação brasileira”.)
Por Marcelo Brandão, da Agência
Brasil
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O livro com a peça teatral Irena Sendler, minha Irena:
A história registra as ações de um grande herói, o espião e membro do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, Oskar Schindler, que salvou cerca de 1.200 judeus durante o genocídio perpetrado pelos nazistas. O industrial alemão empregava os judeus em suas fábricas de esmaltes e munições, localizadas na Polónia e na, então, Tchecoslováquia.
Irena Sendler, utilizando-se, tão somente, de sua posição profissional – assistente social do Departamento de Bem-estar Social de Varsóvia – e se valendo de muita coragem, criatividade e altruísmo, conseguiu salvar mais de 2.500 crianças judias.
"O Anjo do Gueto de Varsóvia", como ficou conhecida Irena Sendlerowa, conseguiu salvar milhares de vidas ao convencer famílias cristãs polonesas a esconder, abrigando em seus lares, os pequeninos cujo pecado capital – sob a ótica do führer – consistia em serem filhos de pais judeus.
Período: 2ª Guerra Mundial, Polônia ocupada pela Alemanha nazista. A ideologia de extrema-direita que sistematizou o racismo científico e levou o antissemitismo ao extremo com a Solução Final, implementava a eliminação dos judeus do continente europeu.
A guerra desencadeada pelos nazistas – a maior deflagração do planeta – mobilizou 100 milhões de militares, provocando a maior carnificina já experimentada pela humanidade, entre 50 e 70 milhões de mortes, incluindo a barbárie absoluta, o Holocausto, o genocídio, o assassinato em massa de 6 milhões de judeus.
Este é o contexto que inspirou o autor a escrever a peça teatral “Irena Sendler, minha Irena”.
Para dar sustentação à trama dramática, Antônio Carlos mergulhou fundo na pesquisa histórica, promovendo a vasta investigação que conferiu à peça um realismo que inquieta, suscitando reflexões sobre as razões que levam o homem a entranhar tão exageradamente no infesto, no sinistro, no maléfico. Por outro lado, como se desanuviando o anverso da mesma moeda, destaca personagens da vida real como Irena Sendler, seres que, mesmo diante das adversidades, da brutalidade mais atroz, invariavelmente optam pelo altruísmo, pela caridade, pela luz.
É quando o autor interage a realidade à ficção que desponta o rico e insólito universo com personagens intensos – de complexa construção psicológica - maquinações ardilosas, intrigas e conspirações maquiavélicas, complôs e subterfúgios delineados para brindar o leitor – não com a catarse, o êxtase, o enlevo – e sim com a reflexão crítica e a oxigenação do pensamento.
Dividida em oito atos, a peça traz à tona o processo de desumanização construído pelas diferentes correntes políticas. Sob o regime nazista, Irena Sandler foi presa e torturada – só não executada porque conseguiu fugir. O término da guerra, em 1945, que deveria levar à liberdade, lancinou o “Anjo do Gueto” com novas violências, novas intolerâncias, novas repressões. Um novo autoritarismo dominava a Polônia e o leste Europeu. Tão obscuro e cruel quanto o de Hitler, Heydrich, Goebbels, Hess e Menguele, surgia o sistema que prometia a sociedade igualitária, sem classes sociais, assentada na propriedade comum dos meios de produção. Como a fascista, a ditadura comunista, também, planejava erigir o novo homem, o novo mundo. Além de continuar perseguindo Irena, apagou-a dos livros e da historiografia oficial, situação que só cessaria com o debacle do império vermelho e a ascensão da democracia, na Polônia, em 1989.
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