A
história registra as ações de um grande herói, o espião e membro do Partido
Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, Oskar Schindler, que salvou
cerca de 1.200 judeus durante o genocídio perpetrado pelos nazistas. O
industrial alemão empregava os judeus em suas fábricas de esmaltes e munições,
localizadas na Polónia e na, então, Tchecoslováquia.
Irena
Sendler, utilizando-se, tão somente, de sua posição profissional – assistente
social do Departamento de Bem-estar Social de Varsóvia – e se valendo de muita
coragem, criatividade e altruísmo, conseguiu salvar mais de 2.500 crianças
judias.
"O
Anjo do Gueto de Varsóvia", como ficou conhecida Irena Sendlerowa, conseguiu salvar
milhares de vidas ao convencer famílias cristãs polonesas a esconder,
abrigando em seus lares, os pequeninos cujo pecado capital – sob a ótica do
führer – consistia em serem filhos de pais judeus.
Período:
2ª Guerra Mundial, Polônia ocupada pela Alemanha nazista. A ideologia de
extrema-direita que sistematizou o racismo científico e levou o antissemitismo
ao extremo com a Solução Final, implementava a eliminação dos judeus do
continente europeu.
A
guerra desencadeada pelos nazistas – a maior deflagração do planeta – mobilizou
100 milhões de militares, provocando a maior carnificina já experimentada pela
humanidade, entre 50 e 70 milhões de mortes, incluindo a barbárie absoluta, o
Holocausto, o genocídio, o assassinato em massa de 6 milhões de judeus.
Este
é o contexto que inspirou o autor a escrever a peça teatral “Irena Sendler,
minha Irena”.
Para
dar sustentação à trama dramática, Antônio Carlos mergulhou fundo na pesquisa histórica,
promovendo a vasta investigação que conferiu à peça um realismo que inquieta, suscitando
reflexões sobre as razões que levam o homem a entranhar tão exageradamente no
infesto, no sinistro, no maléfico. Por outro lado, como se desanuviando o
anverso da mesma moeda, destaca personagens da vida real como Irena Sendler, seres
que, mesmo diante das adversidades, da brutalidade mais atroz, invariavelmente optam
pelo altruísmo, pela caridade, pela luz.
É
quando o autor interage a realidade à ficção que desponta o rico e insólito universo
com personagens intensos – de complexa construção psicológica - maquinações
ardilosas, intrigas e conspirações maquiavélicas, complôs e subterfúgios delineados
para brindar o leitor – não com a catarse, o êxtase, o enlevo – e sim com a
reflexão crítica e a oxigenação do pensamento.
Dividida em oito
atos, a peça traz à tona o processo de desumanização construído pelas
diferentes correntes políticas. Sob o regime nazista, Irena Sandler foi presa e
torturada – só não executada porque conseguiu fugir. O término da guerra, em
1945, que deveria levar à liberdade, lancinou o “Anjo do Gueto” com novas
violências, novas intolerâncias, novas repressões. Um novo autoritarismo
dominava a Polônia e o leste Europeu. Tão obscuro e cruel quanto o de Hitler, Heydrich,
Goebbels, Hess e Menguele, surgia o sistema que prometia a sociedade
igualitária, sem classes sociais, assentada na propriedade comum dos meios de
produção. Como a fascista, a ditadura comunista, também, planejava erigir o
novo homem, o novo mundo. Além de continuar perseguindo Irena, apagou-a dos
livros e da historiografia oficial, situação que só cessaria com o debacle do
império vermelho e a ascensão da democracia, na Polônia, em 1989.
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