Revelar as
matrizes africanas nos festejos juninos é a proposta das atividades educativas
do Museu Afro Brasil, localizado no Parque Ibirapuera, para este mês de junho.
O Bumba-Meu-Boi foi a manifestação cultural escolhida para a programação. No
dia 24, uma oficina convida os participantes a confeccionarem o “couro de boi”,
uma capa que envolve a representação do animal com desenhos e bordados. Por
meio desses traçados, são contadas inúmeras histórias.
“Muitos
couros de boi remetem às tradições africanas, seja a partir das histórias, seja
a partir da própria noção de máscara. Eles têm uma função quase como uma
máscara que é vestida durante o festejo, considerando que a máscara é uma
presença muito forte também no continente africano”, explicou Rafael Domingos
Oliveira, auxiliar de coordenação do Núcleo de Educação do museu. A atividade
ocorre a partir das 14h.
A medida
que a peça é produzida, os participantes discutirão os significados
sócio-históricos do festejo no Brasil. “A festa do boi é o conjunto de matrizes
culturais diversas que, a rigor, são as três principais matrizes da nossa
formação histórico-social [africana, indígena e europeia] e o intuito é
destacar a presença africana”, apontou Oliveira. Ele explica que, além das
narrativas do “couro de boi”, essa relação se dá também nas toadas, na
oralidade, nas músicas e nos instrumentos.
Programação
Além dos
festejos juninos, as atividades de junho abordam a presença negra em diversas
expressões da cultura. Neste sábado (3), às 15h, o “Sarau Ginga (de)versos”
homenageia a escritora Carolina Maria de Jesus, cuja morte completa 40 anos em
2017. “É um espaço com o intuito de circular a produção afro-brasileira na
literatura e também como um espaço de apresentação de novos escritores que
podem trazer os seus textos”, explicou Oliveira.
No outro
sábado, 10 de junho, às 14h, o espaço é para a República Democrática do Congo.
A oficina Nsaka Za Bana propõe uma visita ao museu tomando como partida a
localização geográfica e os aspectos históricos e linguísticos do Congo. “ A
gentte passeia pelo acervo [do museu] contando histórias de origem congolesas e
destacando o papel da oralidade, mas sempre partindo experiência do Congo”,
disse o coordenador.
Por Camila Maciel, da Agência Brasil
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