De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, até o 2º ano do ensino fundamental, geralmente aos 7 anos, os estudantes deverão ser capazes de ler e escrever Elza Fiúza/Arquivo/Agência Brasil |
As
crianças, em todo o país, deverão ter acesso desde cedo a conteúdos de
português e matemática. Até o 2º ano do ensino fundamental, geralmente aos 7
anos, os estudantes deverão ser capazes de ler e escrever. Além disso, aprenderão
conteúdos de estatística e probabilidade. As definições estão na Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), apresentada hoje (6) pelo Ministério da Educação
(MEC).
Na
educação infantil, que vai até os 5 anos, a BNCC estabelece que seja
desenvolvida a "oralidade e a escrita". O conteúdo começa a ser
introduzido aos poucos. Até 1 ano e 6 meses, as creches deverão garantir, por
exemplo, que as crianças reconheçam quando são chamadas pelo nome ou demonstrem
interesse ao ouvir a leitura de poemas e a apresentação de músicas.
Aos 7
anos, no 2º ano do ensino fundamental, as escolas deverão garantir que os
estudantes saibam escrever bilhetes e cartas, em meio impresso e digital
- e-mail, mensagem em rede social. Devem também ler, com autonomia
e fluência, textos curtos, com nível adequado, silenciosamente e em voz alta.
A
matemática também deverá estar presente na formação desde cedo. A partir dos 6
anos, no 1º ano do ensino fundamental, os estudantes terão acesso a conteúdos
de probabilidade e estatística. Até o final do segundo ano, saberão, por
exemplo, coletar, classificar e representar dados em tabelas simples e em
gráficos de colunas, além de classificar eventos cotidianos como pouco ou muito
prováveis, improváveis e impossíveis.
Implementação
A Base
Nacional Comum Curricular deverá ser aplicada nas escolas públicas e
particulares de todo o país. No setor público, deverá servir de base para a
elaboração dos currículos estaduais, municipais e federal, que deverão definir
como as habilidades serão implementadas em sala de aula.
Atualmente,
nas escolas públicas, principalmente pelo Pacto Nacional pela Alfabetização na
Idade Certa (Pnaic), o letramento em português e matemática deve ocorrer até o
3º ano do ensino fundamental, até os 8 anos. O Pnaic oferece, entre outros
subsídios, material didático e formação aos professores. Agora, a intenção é
que os conteúdos sejam antecipados.
"Estamos
alinhando o Brasil a outros países e ao próprio setor privado do país. Não
queremos que a criança da escola pública não tenha o mesmo direito hoje da
criança de escola privada", diz a secretária executiva do Ministério da
Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, que presidiu, nos últimos meses, o
comitê responsável pela finalização da base.
Para a
superintendente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação
Comunitária (Cenpec), Anna Helena Altenfelder, na versão final da BNCC, a
alfabetização ganhou clareza na especificação dos objetivos e na progressão.
"É preciso pensar na realidade concreta do país, onde muitas crianças não
vêm de famílias letradas, não têm familiaridade [com a leitura e escrita]. A
escola efetivamente precisa desempenhar um papel importante. Todos os
resultados mostram que não estamos conseguindo alfabetizar nossas
crianças", diz. Anna integra também o Movimento pela Base Nacional Comum,
grupo não governamental de profissionais da educação.
Em
matemática, a decisão foi ampliar o conteúdo ensinado além das quatro operações
básicas - soma, subtração, divisão e multiplicação. "Consideramos que é fundamental
que o aluno desenvolva determinadas atitudes e competências na resolução de
problemas, é importante que se sinta valorizado no que faz. Fundamental que
compreenda o que faz e que se sinta seguro na capacidade de aprender
matemática", explica o redator de matemática da BNCC, Ruy César
Pietropaolo.
Segundo
ele, embora ensinar probabilidade e estatística mais cedo seja uma tendência já
presente em alguns livros didáticos, em alguns estados o currículo prevê que
esses conteúdos sejam trabalhados apenas no ensino médio. A BNCC deve, então,
antecipar essa aprendizagem.
Próximos
passos
A
expectativa do MEC é que a Base Nacional Comum Curricular chegue às salas de
aula efetivamente a partir de 2019. Isso porque é necessário um longo caminho
para a implementação, que envolve a formação dos professores, aquisição de
livros didáticos e mudanças nas avaliações nacionais feitas pelo própria pasta.
Hoje (5),
o MEC entrega a versão final da BNCC ao Conselho Nacional de Educação (CNE).
Esse é um dos últimos passos para que a base passe a vigorar no país. Após
análise, o CNE vai elaborar um parecer e um projeto de resolução e a BNCC
volta para o MEC para homologação. Só depois passa a vigorar oficialmente. A
partir da BNCC, estados e municípios devem elaborar os próprios currículos.
A base
apresentada nesta quinta-feira refere-se ao ensino infantil e ao ensino
fundamental. A parte relativa ao ensino médio ainda está em elaboração e deverá
ser apresentada nos próximos meses.
Por Mariana Tokarnia, da Agência
Brasil
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