terça-feira, 18 de abril de 2017

Alunos de escola em Campinas aprendem matemática com truques de mágica


Alunos do ensino médio da Escola Estadual Professor Djalma Octaviano, em Campinas, no interior paulista, aprendem matemática e outras disciplinas por meio de um projeto inusitado, levado à unidade pela professora de matemática Leila Graziela de Mendonça e Castro, depois de ela ter passado por um curso de formação em Portugal. A ideia é usar outros recursos para estimular o aprendizado dentro da sala de aula. “Eu vivenciei o 'circo matemática' em um curso que fui fazer em Portugal e achei superinteressante para apresentar na escola. Aí me veio uma ideia diferente de não fazer apenas uma apresentação para os alunos. Criamos uma aula eletiva com os alunos fazendo as apresentações depois de eu ter ensinado os truques e a matemática que há por trás deles”, disse.
Para enriquecer o projeto, ela contou com a participação da professora de língua portuguesa Cláudia Di Risio. Ela auxilia na montagem dos textos que serão ditos durante a apresentação, tornando a atividade multidisciplinar. “No ano passado, os alunos participaram bastante e demonstraram gostar muito. Este ano, nós duas ainda não estamos fazendo o circo da matemática devido à demanda para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Quando os alunos quiserem, podemos retomar o projeto”, disse a professora de matemática.
A ideia é desenvolver a atividade uma vez por semana à medida que o currículo previsto para o ano seja desenvolvido. Entre as situações de aprendizado propostas estão, por exemplo, truques de cartas com o sistema de numeração binária ou critérios de visibilidade a partir de um número. “A ideia é que possamos sempre estimular a curiosidade com os alunos. Matemática não é difícil e pode ser divertida”, acrescentou Leila. Com a ajuda da professora de língua portuguesa, os alunos montam os roteiros para fazer as apresentações aos outros estudantes.
O diretor da escola, Juvenil Alves do Nascimento, elogia a iniciativa e diz que o projeto é um dos responsáveis pelo salto nos índices em avaliações externas. A unidade avançou no Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp). Em 2013, a média foi 1,17. No ano passado, subiu para 4,75. A nota já está próxima de 5, meta estipulada pelo estado de São Paulo para o ensino médio em 2030.
Leila explicou que não é o conteúdo inteiro do ensino médio que entra nos truques, mas a atividade auxilia a diminuir a defasagem dos alunos ou na agilidade daqueles que já têm alguma habilidade. “Eu acredito que os dois semestres que aplicamos as eletivas podem ter ajudado na melhoria do índice, mas creio que foi o trabalho de todos os professores da escola, já que eram sete eletivas ao todo. A escola inteira trabalha para esses resultados. Isso ajuda muito em qualquer avaliação.”
Segundo a professora Cláudia, a percepção é a de que, além do aprendizado, os alunos mais tímidos conseguiram se desinibir e se relacionar mais com os outros colegas, melhorando o relacionamento interpessoal. “Eles tinham que transformar aqueles truques em uma cena de circo, tinham de criar uma história que justificasse aquele truque e interagir com a plateia porque eles se apresentam em uma festa aberta para a comunidade, pais, alunos, amigos.”
Por Flávia Albuquerque - Repórter da Agência Brasil

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 Conforme o momento histórico, Shakespeare foi construindo nuvens com peças dotadas de diferentes características, propriedades específicas para cada fase de sua produção literária. “Medida por Medida” e “Bem está o que bem acaba” integram o que se convencionou denominar “comédias sombrias”, peças onde tensão e situações cômicas as categorizam em desacordo com outras comédias do dramaturgo como “A comédia dos erros”, “As alegres comadres de Windsor” e “Sonho de uma noite de verão”. E a explicação é singela: foram elaboradas no mesmo período em que o autor escreveu Hamlet e Otelo, grandes obras da literatura universal que elevam a tragédia ao ápice do gênero teatral. 

Na peça “Medida por Medida”, com inusitada habilidade, Shakespeare discute administração pública, direito e corrupção de maneira magistral. 

O universo da administração pública adotado na peça é largo e profundo. Entrelaçados às cenas emergem assuntos como

- o autoritarismo oriundo do poder divino do rei, as prerrogativas do monarca e a antecipação do liberalismo;
- a descentralização administrativa;
- o abuso do poder na administração pública;
- os limites da delegação de competência;
- accountability, fiscalização e controle;

Quanto ao direito, lança um forte debate sobre quesitos por demais importantes para a humanidade: 

- a aplicabilidade das leis mesmo quando se apresentam fora de uso por um longo tempo, gerando disfunções de toda ordem;
- a execução da pena quando esta resulta de uma lei extremamente dura;
- a discricionariedade do juiz na aplicação da lei, a subjetividade do magistrado e a fragilidade dos paradigmas que orientam o sistema de decisões no judiciário;
- a distribuição da justiça.

Especial enfoque o Bardo dá ao tema da corrupção, mostrando:

- a moral e a ética corroídas pelos interesses pessoais e pelo tráfico de influência;
- a força do poder para alterar o caráter dos administradores.

Neste aspecto Shakespeare nos faz refletir sobre a utilização do Estado enquanto instrumento de satisfação dos interesses pessoais.

E todo este universo é entrecortado por discussões sobre o amor e o ódio, a moral e o imoral, o sexo e a abstinência, a clausura e a liberdade, a prisão e a salvação, a vida e a morte.

O presente livro, além de disponibilizar a versão original de “Medida por medida” de Shakespeare, apresenta um conjunto de ensaios contextualizando a peça teatral às questões que incendeiam os panoramas contemporâneos brasileiro e latino-americano como corrupção, estado e administração pública; controle e accountability; direito e administração da justiça. 

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