sexta-feira, 5 de maio de 2017

PF investiga furto de mais de 420 obras da biblioteca da UFRJ


A Polícia Federal (PF) abriu inquérito para investigar o furto de mais de 420 obras do acervo de uma biblioteca da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Entre os livros furtados da Biblioteca Pedro Calmon, na Praia Vermelha, na zona sul da capital fluminense, 303 são raros. A UFRJ, no entanto, ainda está fazendo um levantamento que pode aumentar ainda mais esse número.
De acordo com a universidade, o furto foi constatado em outubro do ano passado, quando a Polícia Civil de São Paulo encontrou obras de propriedade da UFRJ. Ao confirmar o furto, a instituição registrou o crime junto à PF e abriu sindicância para investigar eventuais responsabilidades.
A sindicância, que se encerrou em março deste ano, constatou que o processo de reforma do edifício na Praia Vermelha, onde está a biblioteca, pode ter favorecido a ação criminosa e que o roubo foi realizado por pessoa que possuía informação sobre a importância da coleção.
Como o número de obras furtadas é muito grande, uma nova sindicância foi aberta para aprofundar as investigações.
Levantamento
Representantes da UFRJ têm audiência hoje com a Polícia Federal para apresentar informações sobre o levantamento das obras furtadas. A ideia é que a PF e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) acionem também a Interpol, a polícia internacional, para identificar possível comercialização dessas obras no exterior.
Desde que constatou a subtração dos livros, a universidade informou que vem reforçando os mecanismos de segurança já existentes. Por meio de nota, a UFRJ fez um apelo às pessoas que tenham adquirido inadvertidamente as obras, para que as devolvam à instituição.
“Estamos diante de um golpe muito doloroso para a história da ciência e para a cultura do país, e para os pesquisadores que usam as obras para estudos de grande relevância. O fato é inaceitável sob todos os pontos de vista”, diz a nota.

Por Vitor Abdala, da Agência Brasil




 Conforme o momento histórico, Shakespeare foi construindo nuvens com peças dotadas de diferentes características, propriedades específicas para cada fase de sua produção literária. “Medida por Medida” e “Bem está o que bem acaba” integram o que se convencionou denominar “comédias sombrias”, peças onde tensão e situações cômicas as categorizam em desacordo com outras comédias do dramaturgo como “A comédia dos erros”, “As alegres comadres de Windsor” e “Sonho de uma noite de verão”. E a explicação é singela: foram elaboradas no mesmo período em que o autor escreveu Hamlet e Otelo, grandes obras da literatura universal que elevam a tragédia ao ápice do gênero teatral. 

Na peça “Medida por Medida”, com inusitada habilidade, Shakespeare discute administração pública, direito e corrupção de maneira magistral. 

O universo da administração pública adotado na peça é largo e profundo. Entrelaçados às cenas emergem assuntos como

- o autoritarismo oriundo do poder divino do rei, as prerrogativas do monarca e a antecipação do liberalismo;
- a descentralização administrativa;
- o abuso do poder na administração pública;
- os limites da delegação de competência;
- accountability, fiscalização e controle;

Quanto ao direito, lança um forte debate sobre quesitos por demais importantes para a humanidade: 

- a aplicabilidade das leis mesmo quando se apresentam fora de uso por um longo tempo, gerando disfunções de toda ordem;
- a execução da pena quando esta resulta de uma lei extremamente dura;
- a discricionariedade do juiz na aplicação da lei, a subjetividade do magistrado e a fragilidade dos paradigmas que orientam o sistema de decisões no judiciário;
- a distribuição da justiça.

Especial enfoque o Bardo dá ao tema da corrupção, mostrando:

- a moral e a ética corroídas pelos interesses pessoais e pelo tráfico de influência;
- a força do poder para alterar o caráter dos administradores.

Neste aspecto Shakespeare nos faz refletir sobre a utilização do Estado enquanto instrumento de satisfação dos interesses pessoais.

E todo este universo é entrecortado por discussões sobre o amor e o ódio, a moral e o imoral, o sexo e a abstinência, a clausura e a liberdade, a prisão e a salvação, a vida e a morte.

O presente livro, além de disponibilizar a versão original de “Medida por medida” de Shakespeare, apresenta um conjunto de ensaios contextualizando a peça teatral às questões que incendeiam os panoramas contemporâneos brasileiro e latino-americano como corrupção, estado e administração pública; controle e accountability; direito e administração da justiça. 

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