Com ajuda do BNDES,
donos da JBS criaram maior empresa de carnes do mundo
De empresa familiar
criada a partir de um pequeno açougue na cidade de Anápolis (GO), a JBS, donas
de marcas como Friboi e Seara, se tornou a maior processadora de carnes do
mundo e a maior empresa privada em faturamento no Brasil, só perdendo para a
Petrobras.
As revelações dos
irmãos Joesley e Wesley Batista em delação premiada trouxe denúncias contra o
presidente Michel Temer e criou pânico nos mercados financeiros. Os empresários
viram seu negócio se expandir nos últimos anos com o apoio do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os donos da JBS
também têm negócios em outros setores, reunidos na holding J&F
Investimentos. A J&F Investimentos se anuncia como o "maior grupo
econômico privado do país", empregando mais de 260 mil pessoas em mais de
30 países. A J&F já teve como presidente do conselho o então ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles.
Os dois irmãos se
dividem na operação do grupo. Joesley é o presidente da holding e Wesley
comanda o JBS.
A história da JBS
começou em 1953 com o açougue A Mineira, fundado por José Batista Sobrinho
(cujas iniciais formam a sigla JBS), pai de Wesley e Joesley Batista, os atuais
donos do conglomerado. A empresa adotou o nome Friboi quando passou a atuar com
frigoríficos e cresceu comprando outras unidades na década de 90. As primeiras
exportações de carne in natura vieram somente em 1997.
O grande salto se
deu a partir de 2007, quando a empresa decidiu abrir o seu capital, mudou o
nome de Friboi para JBS e deu início a um processo de internacionalização com o
apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A JBS foi uma das
beneficiadas pela chamada política de campeões nacionais do BNDES, que tinha
como premissa financiar a internacionalização de grupos brasileiros. Além de
financiar o grupo, o BNDES comprou uma participação na JBS por meio da BNDESpar
- braço do banco estatal que compra participações em empresas. A operação que é
investigada pelo Tribunal de Contas da União. Hoje o BNDES é dono de 21% da
JBS.
Capitalizado com
crédito e dinheiro dos novos sócios, o JBS foi às compras. Em março de 2007, o
grupo anunciava a compra da norteamericana Swift por US$ 1,4 bilhão, se
tornando a maior empresa do mundo de alimentos de origem bovina.
Começava a partir
daí uma trajetória de rápida expansão internacional, que incluiria a aquisição
de outras gigantes como a Pilgrim´s Pride (empresa de frangos nos EUA) e do
frigorífico brasileiro Bertin e da Seara, passando a ser também a maior
produtora global de carne de aves.
Em 2014, a JBS se
tornou a segunda maior empresa do setor de alimentos do mundo, ficando atrás
apenas da Nestlé, totalizando um faturamento de cerca de R$ 120 bilhões, com um
aumento de 30% nas vendas.
Em 2016, a receita
líquida da JBS somou R$ 170,38 bilhões, alta de 4,6% ante o registrado no ano
anterior, ficando à frente da Vale (R$ 94,6 bi), Ultrapar (R$ 77,3 bi) e Ambev
(R$ 45,6 bi), segundo dados da provedora de informações financeiras
Economatica.
Com o crescimento
acelerado dos negócios, os donos da JBS em 2012 um holding para atuar em outras
áreas de negócios, a J&F Investimentos. A última grande aquisição foi
anunciada em 2015, ao comprar da Camargo Corrêa o controle da Alpargatas, dona
de marcas como Havaianas e Osklen por R$ 2,66 bilhões. Veja os outros negócios
da JBS:
No mundo dos
negócios, os irmãos Batista se cercaram de executivos do alto escalão. Um dos
principais trunfos foi a atração de Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco
Central no governo Lula e atual ministro da Fazenda, para o cargo de presidente
do conselho consultivo da J&F em 2012 (ele renunciou à função quando voltou
ao governo Temer).
Meirelles comandou
a transformar o Banco Original, até então uma pequena operação voltada para o
crédito rural, em um banco de negócios digital.
Executivos como o
egípcio Tarek Farahat, um dos responsáveis pelo salto da Procter & Gamble
no Brasil, assumiu o marketing global da JBS em 2015. Outro que entrou para o
grupo foi Enéas Pestana, ex-presidente do Pão de Açúcar.
A aproximação dos
Batista com o mundo político sempre foi forte. Nas eleições de 2014, o grupo
também chamou a atenção ao contribuir com mais de R$ 300 milhões, se tornando
uma das maiores doadoras de campanha do país.
A partir de 2016, o
grupo passou entrar na mira também de operações da Polícia Federal.
Em 2016, o grupo
chegou a trocar temporariamente a presidência depois que a Justiça impediu
Wesley e Josley Batista de exercer cargos executivos, como consequência da
operação Greenfield, que investiga aportes de fundos de pensão na Eldorado,
empresa de celulose do grupo.
No último dia 12, a
PF deflagrou a Operação Bullish, que investiga fraudes e irregularidades em
aportes concedidos pelo BNDES à JBS.
Outro abalo foi a
operação Carne Fraca, que derrubou o valor das ações da empresa e obrigou
também o adiamento do plano de lançamento de um IPO nos EUA da subsidiária JBS
Foods International, inicialmente previsto para o 1° semestre.
Em teleconferência
para analistas no último dia 16, Wesley Batista afirmou que ainda vê o segundo
semestre como uma janela para a realização do IPO, mas ressaltou que o negócio
ocorrerá quando a avaliação da subsidiária pelos investidores não for afetada
por assuntos como as operações da PF.
De acordo com
Batista, a Carne Fraca teve um impacto relevante não apenas do ponto de vista
de volumes processados, mas também de custos (custo maior de abate, comunicação
e publicidade) e preços, o que afetou a margem do primeiro trimestre.
A JBS fechou o
primeiro trimestre de 2017 com lucro líquido de R$ 422,3 milhões, revertendo
resultado negativo de R$ 2,64 bilhões apurado um ano antes.
Do G1
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A expressão latina “castigat mores ridendo” que, numa tradução livre poderia significar “rindo se corrige a moral” é uma locução que parece ter sido moldada para justificar a peça teatral “O juiz”.
No texto, o autor utiliza a comédia para desvelar a farsa em que acabou se constituindo o poder judiciário num país imaginário denominado Banânia que, evidentemente, nenhuma semelhança guarda com o Brasil de hoje e, muito menos, com a porção latina do continente americano.
A farsa, no teatro grego antigo, ao contrário do que muitos apregoam, não é uma forma dramática nova e sim uma variação da comédia. Apenas acentua as situações onde predominam o ridículo e o cômico, exatamente os eixos estruturantes sobre os quais Antônio Carlos desenvolveu a trama. Por sua vez, a palavra “comédia” é originária do grego “komoidia”, e seu sentido lato é folia, divertimento. A comédia grega está ligada ao inusitado, ao pitoresco, ao excêntrico. É franca e, mesmo, obscena. A confusão - de não poucos - é identificá-la tão somente com o sorriso fácil e a alegria despretensiosa. Porque pode despertar reações tão opostas como o desprezo e a arrogância.
A partir da idade média, com a Commedia dell’Arte, o gênero passou a se constituir no preferido dos artistas para conduzir a crítica política e social, de modo a manterem-se protegidos da censura e da repressão governamental.
Na peça “O juiz”, Antônio Carlos aborda questões latentes em autores como Aristóteles (Política), John Locke (Segundo Tratado do Governo Civil), e Montesquieu (O Espírito das Leis) e que alavancaram o estado moderno e a democracia contemporânea para denunciar – com muito humor e irreverência – a (i) propalada independência dos poderes, (ii) o sistema de freios e contrapesos e (iii) a nefasta prevalência do judiciário quando os demais poderes, executivo e legislativo, estão deliberadamente fragilizados. Uma das personagens da peça chega a se sublevar contra um dos principais ensinamentos de Rui Barbosa: “A pior ditadura é a ditadura do Poder Judiciário. Contra ela, não há a quem recorrer”.
Assim é que, na trama teatral, uma múmia ressuscita de seu milenar sarcófago para transformar um índio no presidente da mais alta corte judiciária do país. O terrível plano é instituir uma ‘república’ onde tão somente as corporações e os partidários do poder tenham vez. Nas palavras do presidente do Supremo Tribunal Nacional, o cacique indígena Morubixaba, um dos protagonistas da peça, “O império que estamos estruturando está acima de tudo e de todos. E aqui, no reino deste novo universo do trabalhadorismo, preside um juiz que potestade alguma poderá corromper, além, naturalmente, de todas as associações, sindicatos, corporações, grupos de interesses e organizações civis, políticas e populares comprometidos com os altos interesses de nosso projeto ideológico popular-progressista-desenvolvimentista, a mais nova vertente do messianismo sebastianista”.
Fatos e episódios ridículos e burlescos são enfocados desnudando a história das autoridades caudilhescas do continente. Cenas e quadros - de intenso humor e fina ironia – personificam a essência da sátira, num jogo dramático que corrobora a tese de que a melhor maneira de modificar a realidade é revelar o quanto ela é absurda, kafkiana, e rir, gargalhar, divertir-se com a situação, pois que, assim, os costumes políticos e sociais estarão sendo ‘castigados’.
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