O Comitê
Internacional da Cruz Vermelha (CICV) apresenta, em Brasília, a exposição A
falta que você faz que retrata o cotidiano de parentes de pessoas
desaparecidas. As imagens ficarão em exposição no Museu Nacional da República,
de 17 de maio a 11 de junho, com visitação de terça a domingo, das 9h às 18h30.
São cerca
de 40 imagens feitas pela fotógrafa Marizilda Cruppe e vídeos com depoimentos
das famílias. A convite do CICV, entre agosto de 2016 e março de 2017,
Marizilda visitou as casas de famílias de desaparecidos que moram em Curitiba,
Maceió, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Exposição retrata cotidiano de parentes de pessoas desaparecidas Marizilda Cruppe/CICV |
“Ouviu as
histórias de pais, filhos, avós e tios de pessoas que por uma razão qualquer ou
sem razão nenhuma simplesmente despareceram sem deixar bilhetes de despedida,
nem pistas. Ao entrar nas casas – em geral, espaços com uma grande carga
emocional e relação com as histórias dos desaparecidos –, Marizilda se
aproximou dessas pessoas para entender em grande medida a extensão e impacto dos
desaparecimentos sobre os que ficam à espera de uma notícia”, diz o comunicado
do CICV.
Como parte
da programação do evento, serão realizados percursos comentados com
acompanhamento da fotógrafa, e uma palestra sobre o tema com a coordenadora de
Proteção do CICV, Marianne Pecassou.
Segundo a
organização, os Estados têm a obrigação de prevenir que as pessoas desapareçam;
precisam buscar e localizar as pessoas desaparecidas e adotar uma resposta
integral em relação às necessidades dos parentes.
Nem no Brasil,
nem no mundo existem dados oficiais sobre o número de pessoas desparecidas, nem
das pessoas e comunidades afetadas, o que, para o CICV, dificulta em grande
parte compreender a exata dimensão do drama humanitário vivido diariamente por
milhares de pessoas.
As
estimativas dão conta que, na América Latina, pelo menos 85,9 mil pessoas
tenham desaparecido na Colômbia em consequência do conflito armado ou de outras
circunstâncias. Na Guatemala, a Comissão para o Esclarecimento Histórico
reportou que 45 mil pessoas desapareceram em decorrência do conflito armado
interno, sendo que 40 mil ainda não foram encontradas. Já no Peru, 15.731
pessoas ainda estão desaparecidas em decorrência do conflito armado que durou
de 1980 a 2000.
Na
Armênia, no Azerbaijão e na Geórgia, 7,5 mil pessoas foram registradas como
desaparecidas em diferentes conflitos armados. Já na Albânia e na antiga
Iugoslávia, mais de 14 mil pessoas continuam desaparecidas desde os anos 1990.
No Sudão do Sul, mais de 10 mil crianças já foram registradas como
desacompanhadas, separadas ou desaparecidas.
Da Agência
Brasil