Fotografia do cientista Gary Stutte, pesquisador da Nasa considerado uma das maiores referências sobre a chamada agricultura espacial. EFE/Alejandro Bolívar |
Se Matt Damon foi capaz de cultivar batatas no filme
"Perdido em Marte", ele deve agradecer aos estudos de Gary Stutte, um
pesquisador da Nasa considerado uma das maiores referências sobre a chamada
agricultura espacial.
"Fizemos muitas
pesquisas sobre o cultivo de batatas em Marte, por isso estou muito feliz que
tenham escolhido as batatas como o alimento que Matt Damon tenta se salvar
enquanto espera ser resgatado", afirmou o cientista em entrevista à
Agência Efe.
Os roteiristas do filme,
dirigido pelo britânico Ridley Scott em 2015, recorreram aos trabalhos desse
simpático pesquisador de Oklahoma, nos Estados Unidos, para aprimorar uma
história que conquistou dois Globos de Ouro e teve sete indicações ao Oscar.
O resultado conseguido pelo
personagem de Damon, que ainda não conhece Stutte e não por falta de vontade do
pesquisador, é "difícil, mas não impossível". "Demonstra o quão
importante serão as plantas quando colonizarmos outros planetas, já que elas
nos fornecem oxigênio, eliminam dióxido de carbono e criam água e
alimento", explicou o especialista.
"As plantas nos
permitirão sobreviver como espécie", completou.
Stutte está no Panamá para
participar de um congresso sobre agricultura em ambiente controlado. Se trata
de uma técnica desenvolvida em recintos fechados que permite maximizar a
produção. O agricultor controla elementos como a luz, a temperatura, a umidade
e a presença de dióxido de carbono no local.
Além de supervisionar cada
uma das condições e "prender" bem as sementes e a água para que elas
não flutuem, o cientista da Nasa revelou que o segredo para plantar no espaço é
usar luzes de LED para indicar às plantas para onde elas devem crescer.
"As plantas, quando não
há gravidade, não sabem para que lado cresce o talo e para qual lado devem ir
as raízes", explicou.
O uso de LED é uma das
contribuições da Nasa para a agricultura controlada, um método que é cada vez
mais popular no mundo. No Japão, por exemplo, ele já representa 1% da produção
total.
"Se podemos plantar no
espaço, poderemos também fazê-lo no Polo Norte ou no deserto. A agricultura de
ambiente controlado é uma solução para o aquecimento global, para as pragas e o
excesso de urbanização", disse o especialista, que é biólogo pela
Universidade de Oklahoma e doutor em Fisiologia das Plantas pela Universidade
da Califórnia.
O primeiro alimento cultivado
em um voo espacial foi o rabanete. O pesquisador da Nasa estreou na missão em
2002, quando comandou a operação Pesto, que há 15 anos estabeleceu um novo
marco na ciência.
Atualmente, os astronautas
são capazes de cultivar qualquer tipo de vegetal, desde que sejam plantas
relativamente pequenas, e das quais se come quase tudo para não gerar muito
desperdício.
"No espaço há limitações
de superfície, energia e tempo. Há grãos, como o milho, que não podemos
cultivar. Eles demoram muito a crescer e atingem grande altura. Tampouco
podemos plantar árvores frutíferas, como macieiras ou laranjeiras",
afirmou.
Até agora, os astronautas
apenas cultivaram alimentos dentro das naves espaciais, mas há planos para que
isso seja feito também na superfície da Lua e de Marte.
Além de conhecer Matt Damon,
Stutte admitiu que ir ao espaço é um de seus grandes sonhos. Ainda assim, ele
já se sente satisfeito por ter contribuído de alguma forma com seu conhecimento
e também por ter deixado sua marca no espaço de outra forma.
"Todas as vezes que
dirigi uma experiência, dei aos astronautas uma folha com minha impressão
digital para que eles me devolvessem quando voltassem à Terra. Já guardo quatro
dessas lá em casa. Pode se dizer que é um tesouro", revelou, em meio a
risos.
Por María M.Mur. - EFE
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Nikolai Gogol: O inspetor geral.
O livro contém o texto original de Nicolai Gogol, a peça teatral “O inspetor Geral”. E mais um ensaio e 20 artigos discorrendo sobre a realidade brasileira à luz da magnífica obra literária do grande escritor russo. Dessa forma, a Constituição brasileira, os princípios da administração, as referências conceituais da accountability pública, da fiscalização e do controle - conteúdos que embasam a política e o exercício da cidadania – atuam como substrato para o defrontar entre o Brasil atual e a Rússia dos idos de 1.800.
Desbravar a alma humana através de Gogol é enveredar por uma aventura extraordinária, navegar por universos paralelos, descobrir mundos mantidos em planos ocultos, acobertados por interesses nem sempre aceitáveis.
A cada diálogo, a cada cena e ato, a graça e o humor vão embalando uma tragédia social bastante familiar a povos de diferentes culturas, atravessando a história com plena indiferença ao tempo.
O teatro exerce este fascínio de alinhavar os diferentes universos: o cáustico, o bárbaro, o inculto que assaltam a realidade, que obliteram o dia a dia; e o lúdico, o onírico, o utópico-fantástico que habitam o imaginário popular.
“O inspetor geral” é um clássico da literatura universal. Neste contexto, qualquer esforço ou tentativa de explicá-lo seria tarefa das mais frívolas e inócuas. E a razão é simples, frugal: nos dizeres de Rodoux Faugh “os clássicos se sustentam ao longo dos tempos porque revestem-se da misteriosa qualidade de explicar o comportamento humano e, ao deslindar a conduta, as idiossincrasias e o caráter da espécie, culminam por desvendar a própria alma da sociedade”.
Esta é a razão deste livro não aspirar à crítica literária, à análise estilística e, sim, possibilitar que o leitor estabeleça relações de causa e efeito sobre os fatos e realidade que assolavam o Império Russo de 1.800 com os que amarguram e asfixiam o Brasil dos limiares do século XXI.
Do início ao final da peça teatral, as similaridades com o Brasil atual inquietam, perturbam, assustam... Caracteriza a literatura clássica o distanciamento da efemeridade, o olhar de soslaio para com o passadiço pois que se incrusta nos marcos da perenidade. Daí a dramaturgia de Nicolai Gogol manter-se plena de beleza, harmonia, plástica, humor e atualidade.
Nesta expedição histórica, a literatura de um dos maiores escritores russos enfoca uma questão que devasta a humanidade desde os seus primórdios, finca âncoras no presente e avança, insaciavelmente, sobre o futuro. O dramaturgo, com maestria, mergulha nas profundezas do caráter humano tratando a corrupção, não como uma característica estanque, intrínseca exclusivamente à esfera individual, mas como uma chaga exposta que se alastrou para deteriorar todas as construções sociais, corroer as instituições e derrocar as organizações humanas.
É o mesmo contexto que compartilham Luís Vaz de Camões e Miguel de Cervantes, William Shakespeare e Leon Tolstoi, Thomas Mann e Machado de Assis.
Mergulhar neste mundo auspicioso e dele extrair abordagens impregnadas de accountability pública é o desafio estabelecido. É para esta jornada que o leitor é convidado de honra.
O livro integra a Coleção Quasar K+:
Livro 1: Quasar K+ Planejamento Estratégico;
Livro 2: Shakespeare: Medida por medida. Ensaios sobre corrupção, administração pública e administração da justiça;
Livro 3: Nikolai Gogol: O inspetor geral. Accountability pública; Fiscalização e controle;
Livro 4: Liebe und Hass: nicht vergessen Aylan Kurdi. A visão de futuro, a missão, as políticas e as estratégias; os objetivos e as metas.
Para saber mais sobre o livro "Nikolai Gogol:
O inspetor geral - Accountability pública;