quarta-feira, 13 de julho de 2022

O Japão não adotou o sistema de cinco matérias e sem dever de casa chamado “Futoji no henko”

 


Mensagens alegando que o Japão estaria testando um "novo sistema educacional" com "um plano piloto revolucionário chamado 'Mudança Valente' (Futoji no henko)", que inclui apenas cinco disciplinas e nenhum dever de casa, são compartilhadas nas redes sociais dezenas de milhares de vezes desde 4 de janeiro de 2021. Mas a afirmação é falsa: as reformas feitas pelas autoridades educacionais japonesas não se referem a esse termo e tampouco têm as características mencionadas nas publicações virais.

O conteúdo que circula, pelo menos, desde 2011 em diversos idiomas, sugere que o novo projeto japonês é "baseado nos programas educacionais Erasmus, Grundtvig, Monnet, Ashoka e Comenius" e que prepara os alunos para serem "Cidadãos do mundo", diz um trecho da mensagem compartilhada no Facebook (123) e Twitter (123).

Segundo o suposto novo plano educacional, dizem eles, os alunos não têm dever de casa e cursam apenas cinco disciplinas: aritmética de negócios (operações básicas e uso de calculadoras financeiras), leitura (até ler um livro por semana), educação cívica, computação (pacote Office, internet, redes sociais e negócios online), idiomas (quatro ou cinco).

“Futoji no henko” é traduzido como “mudanças de fonte em negrito”, confirmou um repórter do escritório da AFP em Tóquio.

O termo se traduz no alfabeto japonês como “太字 編粉. Uma busca no Google por esses sinogramas mostrou resultados relacionados a tutoriais para alterar a espessura das fontes em vários aplicativos de tecnologia.

Outra pesquisa, dessa vez pelo termo no alfabeto latino, forneceu vários resultados com alertas de que as mensagens sobre uma suposta mudança no modelo educacional japonês são desinformação. 

O termo também não é encontrado no site do Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia do Japão. Um funcionário dessa pasta disse à AFP nunca ter ouvido falar dessa expressão.

No site do Ministério da Educação japonês é mencionado que a última reforma (Lei da Educação Básica) foi feita em 2006 “com o desejo de desenvolver ainda mais o estado democrático e cultural” do país e de “contribuir para a paz mundial e melhorar o bem-estar da humanidade”.

Com base nisso, explica o ministério, em 2008 foi lançado o Primeiro Plano Básico para o fomento da educação, com as diretrizes para atingir os objetivos previstos na Lei. Em 2013 foi implementado o segundo e em 2018, o terceiro.

Nenhuma referência é feita ao termo “Futoji no henko” nem aos programas educacionais ErasmusGrundtvigMonnetAshoka ou pedagogia Comenius, mencionados nos conteúdos virais.

Tampouco há referência ao suposto objetivo de formar “cidadãos do mundo”. A Lei Básica afirma que “a educação deve ser ministrada com o objetivo de desenvolver plenamente o caráter individual”.

"Seus horizontes serão globais, não nacionais", indicam as postagens virais. No entanto, a Lei aponta para a importância de “formar um povo saudável de espírito e corpo e imbuído das qualidades necessárias às pessoas que compõem uma nação e uma sociedade pacífica e democrática”.

Apenas cinco matérias?

À AFP, o ministério negou que os estudantes no Japão cursem "apenas cinco disciplinas", como asseguram as publicações virais.

Um documento publicado em 2015 por essa pasta japonesa, traduzido para o português por meio do aplicativo Google Lens, mostra um esquema de disciplinas para o ensino médio. Nele são mencionados mais de cinco temas, incluindo, entre outros, história japonesa, economia, física, química, artes e ofícios, música e esportes.

guia oficial de organização de disciplinas também indica uma lista com mais de cinco, diferentemente do que é dito nos conteúdos virais, com, por exemplo, história mundial, história japonesa, geografia, caligrafia, artesanato, química, entre outros. 

O Japão é um dos países com os melhores indicadores educacionais segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O país está no topo dos rankings internacionais das provas PISA há mais de cinco décadas.

AFP


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