O líder
ultradireitista do partido Liga, Matteo Salvini, falou publicamente sobre suas
conexões com a embaixada russa na Itália, nesta quinta-feira (28), após
denúncias e suspeitas de que ele poderia estar por trás da queda do governo
liderado por Mario Draghi.
"Sombras russas sobre a
crise política" na Itália, foi a manchete do jornal La Stampa nesta quinta-feira,
ao abordar a delicada questão.
A queda do governo de
unidade nacional liderado por Draghi em 14 de julho, depois de perder o apoio
parlamentar de três de seus aliados, Liga, Forza Italia (direita moderada) e o
Movimento 5 Estrelas (antissistema), desencadeou uma série de dúvidas.
Segundo o La Stampa, um
diplomata da embaixada russa se reuniu no final de maio, em Roma, com um
colaborador próximo a Matteo Salvini para discutir a situação política.
“O diplomata, que insinuou
um possível interesse russo em desestabilizar o equilíbrio dentro do governo
italiano com esta operação, perguntou se os ministros da Liga também
apresentariam sua renúncia ao gabinete de Draghi”, informa o jornal, que se
baseia em um "documento dos serviços de inteligência".
A reunião ocorreu enquanto
Salvini era acusado de organizar uma espécie de diplomacia paralela, com
reuniões na embaixada russa, aparentemente para traçar um plano de paz entre a
Rússia e a Ucrânia, sem nunca ter informado o governo italiano.
A embaixada também havia
facilitado a compra de passagens aéreas para Salvini e outros membros da Liga,
para viajarem a Moscou no dia 29 de maio, visita posteriormente cancelada.
O Kremlin nega qualquer
interferência na política italiana. No entanto, muitos políticos italianos
exigiram explicações de Salvini após as revelações do La Stampa.
"Queremos saber se foi
(o presidente russo, Vladimir) Putin que derrubou Draghi", declarou o
líder do Partido Democrata, Enrico Letta.
Por sua parte, Matteo
Salvini respondeu com ironia: "a esquerda dividida e desesperada (...) se
dedica em buscar fascistas, russos e racistas que não existem", comentou
para a Rádio24.
"Somos pró-europeus e
atlantistas, mas isso não quer dizer que não possamos ter boas relações com
Putin. A guerra acabará cedo ou tarde e quem errou pagará", acrescentou.
A embaixada russa não quis
comentar. Os vínculos entre Salvini e Moscou são muitas vezes controversos,
especialmente desde a invasão russa da Ucrânia, o que pode pesar à luz das
eleições legislativas de 25 de setembro.
A coalizão de direita,
formada pela Liga, pelo partido Forza Italia, de Silvio Berlusconi, e pela
extrema-direita Fratelli d'Italia (Irmãos da Itália), aparece como a favorita
em todas as pesquisas.
AFP
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