Chegada da Nau Victória a Sevilha em 1522 foi um marco na história da navegação, mas também uma indicação de que outras rotas para a Ásia deveriam ser encontradas |
Setembro de 2022 marca o 500º aniversário do retorno à Espanha do que restava da frota de Fernão de Magalhães (1480-1521). A frota havia saído em 1519 em busca de uma passagem pelo continente americano até a Ásia.
O objetivo do marinheiro
português, que chefiava uma frota espanhola, eram as Ilhas das Especiarias — ou
Ilhas Molucas, na Indonésia — com as quais Cristóvão Colombo (1451-1506) havia
sonhado décadas atrás. Mas a viagem, que se tornaria a primeira circunavegação
(em torno de um lugar) do mundo, custaria caro. Apenas 18 dos 250 tripulantes
iniciais sobreviveram. E só 1 dos 5 navios originais retornou ao porto.
E também a um preço alto
seria vendida a única carga que Juan Sebastián Elcano (1476-1526) trouxe na Nau
Victória: especiarias, especialmente cravo. Apenas a carga de um navio pagou
por toda a expedição.
Por isso, era essencial
encontrar uma rota mais curta para a Ásia e, sobretudo, que não envolvesse dar
a volta ao mundo. E nesta equação a variável chave seria o México.
Em seu livro La plata y el
Pacífico: China, Hispanoamérica y el nacimiento de la globalización, 1565-1815
("A prata e o Pacífico: China, América Espanhola e o nascimento da
globalização, 1565-1815"), os historiadores Juan José Morales e Peter
Gordon contam como encontraram essa viagem de regresso, e como essa união dos
dois continentes transformou o México, nas palavras dos autores, na
"primeira cidade global".
A BBC News Mundo entrevistou
Morales, natural da Espanha, mas que vive em Hong Kong há mais de três décadas,
sobre a história da "rota da prata" que durou mais de dois séculos
entre Acapulco e Manila.
BBC News Mundo - A chegada
de Cristóvão Colombo àquele continente que mais tarde se chamaria América é um
fato histórico tão relevante que às vezes nos esquecemos que a Coroa espanhola
realmente queria chegar à Ásia, e que nunca desistiu desse objetivo original.
Morales - De fato, para os
espanhóis foi um misto de decepção e descrença que tal território se
interpusesse, e com o passar dos anos e os perímetros daquele território serem
descobertos, foi uma decepção atrás da outra.
Também a resistência contra
esse novo nome: América. Os espanhóis estavam muito relutantes em usar esse
termo e essa palavra praticamente não existia há vários séculos. São as Índias.
De tal forma que quando as
Índias forem finalmente alcançadas, depois daquela missão impossível que era
cruzar o Pacífico, todo aquele território vai se chamar Índias Ocidentais.
Fernão de Magalhães chega às
Filipinas em 1521 e lá morre. Juan Sebastián Elcano continua e realiza a
primeira circunavegação do mundo. E embora tenha sido uma aventura dolorosa
devido às perdas humanas, é economicamente bem-sucedida porque o que eles
trocaram com o cravo foi capaz de pagar toda a expedição e muito mais.
Mais tarde, outras
expedições partirão para esses territórios da Espanha e também do México, após
a conquista de Hernán Cortés (1485-1547, conquistador espanhol).
Porque as viagens da
Espanha, por este difícil estreito que será chamado de Magalhães, eram
inviáveis. As únicas viagens viáveis eram as que partiam do México.
BBC News Mundo - Quando
falamos de Ásia e Europa, geralmente pensamos na Rota da Seda, mas não era isso
que a Espanha procurava na Ásia.
Morales - A principal razão
para os europeus irem para a Ásia são as especiarias, não as sedas da China.
O que acontece é que a
relação da Europa com a Ásia está, digamos, norteada pelas
"maravilhas" do Oriente descritas por Marco Polo em seu livro; são
exageros e fantasias.
Mas há algo mais prático no
final do século 15, que são as especiarias. Cravo e noz-moscada das Molucas,
pimenta da Índia e canela do Ceilão (hoje Sri Lanka).
Especiarias são aqueles
produtos que possuem um valor internacional que justifique o investimento
nesses embarques. Mas apenas cruzar o Pacífico em uma direção era uma tarefa
árdua.
Estamos falando de velejar
em barcos de madeira que dependem de correntes e ventos, além de tripulações
que foram dizimadas por doenças, escorbuto, desnutrição, tempestades.
Um dos sobreviventes dessas
expedições foi Andrés de Urdaneta (1508-1568, explorador espanhol), que foi
feito prisioneiro pelos portugueses e transferido para a península Ibérica.
Acabaria como frade agostiniano no seminário da Cidade do México.
Lá, o rei Felipe 2º
escreveu-lhe em 1560 para pedir a este navegador e cosmógrafo, com mais de 60
anos, para participar da expedição de 1564 de Miguel López de Legazpi, com
destino às Filipinas, mas com a missão de descobrir uma rota de regresso ao
México.
E Urdaneta descobriu essa
rota indo para o paralelo 40, perto do Japão, e depois de pegar correntes
favoráveis chegaria finalmente a Acapulco.
Acho que, na história da
navegação, na história dos descobrimentos, falamos de Colombo, falamos de
Magalhães, e o grande esquecido é Urdaneta.
Porque parece que as
descobertas envolvem ir a algum lugar, mas não voltar. E sua descoberta foi
saber voltar. Trata-se da viagem de regresso ou torna-viagem.
É a Urdaneta que devemos
estar conectados em um mundo globalizado, pois foi ele quem fechou o elo
perdido para unir dois continentes tão importantes quanto a América e a Ásia.
E não só ele descobriu a
rota, mas ele e sua equipe vão traçá-la tão bem que esta rota será usada —
tanto de e para o México e as Filipinas — por 250 anos, até 1815, com a Guerra
da Independência Mexicana (1810-1921).
Um navio por ano de Acapulco
a Manila, que pode levar cerca de 45 dias, e um navio por ano de Manila a
Acapulco, que pode levar até seis meses. E que recebeu o nome de Galeão de
Manila ou Nau da China.
BBC News Mundo: Se a seda
chinesa não era o principal objetivo dessas expedições, como o gigante asiático
acabou se envolvendo nessa rota?
Morales: São os chineses
que, vendo a chegada de outras pessoas, começam a navegar a partir do sul da
China para estimular o comércio com os espanhóis.
E os espanhóis são os
primeiros a se surpreender ao perceber que essa gente tem tudo: sedas a bom
preço, móveis preciosos e coisas que não se via na Europa, como porcelanas (no
Velho Continente e no mundo islâmico, o que tínhamos era terracota coberta com
um esmalte metálico, mas porosa).
Em outras palavras, o
encontro com esse conhecimento chinês é acidental, não foi o objetivo inicial.
Claro, ter se estabelecido nas Filipinas para os espanhóis é um pouco como
estabelecer um escritório de representação, promoção e inteligência.
E aí os chineses também se
instalam e estão em número infinitamente maior do que os espanhóis, o que gera
o deslocamento da população local e um ressentimento que só foi resolvido com a
miscigenação ao longo dos anos.
E há também um intercâmbio
comercial, mas a China era o país mais rico da Terra, o mais populoso, o mais
urbanizado, onde o comércio sempre teve grande preponderância.
Por exemplo, vamos ver o que
aconteceu com a seda. No nosso livro citamos fontes originais dos séculos 16 e
17 nas quais as autoridades espanholas do Novo Mundo dizem que "aqui só
querem usar roupa chinesa", porque são de muito boa qualidade e muito
baratas.
E isso arruína as
alcaicerías, que é o nome dos lugares onde a seda é vendida na Espanha,
especialmente na região da Andaluzia.
Até Cortés havia
estabelecido fábricas de seda no México. Mas nem os espanhóis, nem os mexicanos
podem competir com a seda que vem da China — tanta crua quanto bordada — por
mais protestos que haja, porque são efeitos do comércio.
BBC News Mundo: Mas os
espanhóis têm algo a oferecer àquela China do século 16. E comparado à
"Rota da Seda", o sr. fala em seu livro da "Rota da Prata".
Morales: Esta é uma das
grandes surpresas ou coincidências da história. A China transformou
gradualmente sua economia, movendo-a para o padrão prata.
Antes da prata existir como
moeda, o que existia era o escambo, mas isso não é mais possível com uma
economia cada vez mais sofisticada, com uma população cada vez maior e uma
sociedade urbanizada.
Os chineses também
inventaram o papel-moeda, mas isso criou inflação e uma distância entre a
economia real e o que estava no papel, razão pela qual fracassou na dinastia
Son e na era mongol; o que é a nossa Idade Média.
Mas na dinastia Ming, entre
o século 14 e o século 17, a economia é paulatinamente baseada na prata.
A China tinha reservas
limitadas. Havia reservas de prata no Japão, mas a China e o Japão nunca se
deram muito bem. Assim, os portugueses, de Macau, foram introduzidos como
intermediários para esse comércio, já em 1550, 1560.
E em 1565 os espanhóis
aparecem com uma quantidade de prata para inundar o mundo.
Potosí, que hoje pertence à
Bolívia, mas na época fazia parte do Vice-Reino do Peru, era uma montanha com
uma quantidade impressionante de prata. E também havia Zacatecas e outros
lugares do Vice-Reino da Nova Espanha, atual México.
Mas não é só a quantidade de
dinheiro. Os espanhóis também inventam um método de extração de mercúrio, e
aqui está outra coincidência. Depois de descobrir Potosí, eles descobrem
Huancavelica no Peru com os maiores depósitos de mercúrio.
De tal forma que conseguiram
o dinheiro de forma rápida, econômica e eficiente, e infelizmente com uma
exploração muito triste do ser humano.
BBC News Mundo - E o que
acontece com o México nessa troca de produtos e culturas?
Morales: Dizemos que a
Cidade do México é a primeira cidade global.
Os galeões com mercadorias
chegam a Acapulco, mas Acapulco não era uma cidade estável, era apenas um porto
provisório que foi montado quando as embarcações chegavam.
Quando o galeão é visto na
Califórnia, um sistema de alarme é acionado, calcula-se quando chegará a
Acapulco, prepara-se um mercado provisório que em poucos dias comprará e
distribuirá as mercadorias.
As mercadorias vão de
Acapulco à Cidade do México e lá são vendidas no El Zócalo, no chamado 'El
Parián'. El Parián é a primeira Chinatown da América e também é o nome de
Chinatown em Manila.
Há pinturas da Plaza del
Zócalo — por exemplo, uma de Cristóbal de Villalpando (1649-1714), um dos
grandes pintores mexicanos — na qual você pode ver alguns mercados com telhados
vermelhos, que é o mercado chinês, o mercado asiático.
Há uma pequena parte que vai
de Acapulco a Veracruz, por um caminho difícil, e em Veracruz é carregada para
os navios que vão para Havana e de lá a Frota das Índias a leva primeiro para Sevilha
e, quando o Guadalquivir (rio Guadalquivir) já não admitia navios de grande
calado, para Cádiz.
Mas é o México que recebe a
primeira influência e do México irradia para o restante da América, para o
Peru, para Cuzco, para Potosí, para a Colômbia.
Então são os mexicanos que
têm, digamos, esse grande poder de transação, são os verdadeiros catalisadores,
são eles que recebem essa influência e essa influência se manifesta não só no
comércio. O México vai se tornar o centro intelectual de informações sobre a
China.
A cidade já tinha uma
tipografia, uma universidade, uma catedral, seminários e um grande comércio
livreiro. E é no México que se consolidam as informações do primeiro livro
sobre a China que finalmente superará Marco Polo.
É "História das coisas
mais notáveis, ritos e costumes do grande reino da China", escrita no
México por Juan González de Mendoza (1545-1618, bispo, explorador, escritor e
sinologista espanhol), que obtém todas as informações de quem esteve nas
Filipinas e na China.
Foi publicado em 1585 em
Roma, traduzido para todas as línguas europeias e teve mais de 40 edições. Foi
o mais vendido da época.
Será também um centro
diplomático. A primeira embaixada japonesa na Europa passa pelo México até a
Espanha para ver o rei Filipe 2º e depois o papa. E os japoneses voltam pelo
México.
BBC News Mundo: E como isso
mudará a sociedade hispano-americana?
Morales: Alexander von
Humboldt (geógrafo, polímata, naturalista, explorador prussiano), em seu
'Ensaio Político sobre o Reino da Nova Espanha', escreveu que quando visitou
Acapulco em 1803, "ainda era a feira comercial mais celebrada do
mundo".
A chegada ao porto de
Acapulco de um enorme galeão todos os anos por quase 250 anos evidencia um
fluxo de mercadorias asiáticas de tal magnitude devido à sua qualidade,
quantidade e variedade que necessariamente influenciaria a cultura material da
América hispânica, não apenas do México.
Sempre foi evidente,
simplesmente esquecemos sua origem. Só agora vem à tona timidamente, por
exemplo, a influência asiática na culinária americana.
Para mim, a manifestação
mais extraordinária dessa influência asiática e amostra de sofisticação do
mundo hispânico ocorre nas artes, dando origem a uma arte híbrida ou mestiça,
principalmente nas chamadas artes decorativas, criadas na América hispânica,
mas com extraordinária Marca asiática, além das habituais influências
espanholas e flamengas.
São inúmeros os exemplos: a
pintura sobre biombo, tela de origem chinesa, mas cujo uso foi mais importante
no Japão, e que inspirou artistas americanos, tornando-se o meio natural e mais
difundido da pintura na Nova Espanha. Influências que chegaram até o uso
generoso da folha de ouro na imitação das telas do período Momoyama no Japão.
Móveis de inspiração
asiática, especialmente móveis lacados com uma resina americana semelhante à
laca chinesa ou japonesa chamada "pasto", e com designs e estilos
claramente inspirados em produtos asiáticos. Esses móveis produzidos na
Colômbia são bem conhecidos.
O uso generoso da
madrepérola em obras pictóricas conhecidas como "concheado".
Tapeçarias ou têxteis em
geral com motivos chineses, como a fénix, o jilin (animal mítico chinês
misturado com um cão e um leão), produzidos no Vice-Reino do Peru, entre outros
locais.
Ou a famosa cerâmica
produzida em Puebla de Los Angeles conhecida como Talavera poblana, cuja
primeira inspiração é a cerâmica hispano-mourisca de Talavera em Toledo, mas no
México adotará motivos orientalizantes: branco e azul, desenhos orientais — paisagens,
crianças chinesas com guarda-sóis — e as formas essencialmente chinesas como
cabaças duplas e potes de ombros largos.
BBC News Mundo: Quantas
pessoas da Ásia acabaram morando no território do atual México e o que fizeram?
Morales: Avaliar com exatidão
a população de origem asiática que se instalou na Nova Espanha durante o
período dos galeões não é fácil, entre outras razões, porque essa população
tendia a se fundir com a população local, tendência induzida pela terminologia
complexa que foi cunhada nos primeiros séculos do vice-reino.
Eles foram chamados de
"chineses" para todos os da Ásia, sem distinção, e
"indiano-chineses" para os das Filipinas. Como em geral os
"chineses" chegaram como escravos, principalmente das colônias
portuguesas de Macau e Goa, embora tenham sido logo alforriados, a intenção de
todos eles era libertar-se do estigma ou suspeita e passar despercebidos como
"índios", isto é, vassalos da coroa que pagam impostos.
Sobre suas ocupações, as
fontes estão dispersas. Os mais conhecidos são os autos da Audiência de México
que aludem às ações dos barbeiros espanhóis contra a concorrência dos barbeiros
"chineses" exigindo que seu número seja limitado e que sejam
excluídos de certos bairros da cidade, uma ação que ocorre nos anos de 1635 e
1667 e que alude a um número considerável de barbeiros "chineses".
Embora alguns estudiosos
suponham que sejam chineses da China, é mais provável que sejam asiáticos de
outras origens.
O frade dominicano inglês
Thomas Gage fala de ourives chineses quando esteve na Nova Espanha entre os
anos de 1625-1637. Do contexto de seus testemunhos, aqui parece que eles eram
chineses da China, embora, é claro, tivessem vindo das Filipinas.
Quanto aos filipinos,
sabemos que eles compunham principalmente as tripulações dos galeões e que
muitos preferiram ficar no México após o desembarque em Acapulco.
Em geral, os ofícios
exercidos pelos emigrantes asiáticos na América espanhola eram os de artesão,
pequeno comerciante e agricultor. Na América, eles não se envolveram no comércio
relacionado ao galeão de alta qualidade e maior valor, concorrência exclusiva
dos mercadores mexicanos.
A representante mais famosa
dessa população no século 17 foi Catarina de San Juan, conhecida como China
Poblana, uma mulher elogiada por sua piedade e virtudes que não era chinesa,
mas originária da Índia portuguesa e que veio como escrava. A lenda dizia que
seu suposto vestido com as cores vermelha, verde e branca da bandeira mexicana
se tornasse o traje tradicional e fosse chamada assim, china poblana.
Há poucos dias, o jornal
espanhol El País noticiou um estudo recente da Universidade de Stanford
(Estados Unidos) que confirma a pegada genética asiática na população mexicana
e principalmente "que os habitantes de Acapulco são os que têm maior presença
de ancestrais asiáticos e transpacíficos em seu DNA", algo que,
considerando o que falei, não deve nos surpreender.
BBC News Mundo: Hoje, essa
história que o Sr. conta em seu livro não é tão conhecida fora dos círculos
acadêmicos. Por que não sabemos mais sobre outros processos de globalização?
Morales: O inglês Adam
Smith, o autor de "A Riqueza das Nações", escreveu que "a prata
do novo continente parece ser uma das principais mercadorias que permite o
comércio entre os dois extremos do antigo (Ásia e Europa) e faz muito para que
essas regiões distantes do mundo querem estar conectadas umas às outras".
Ele não disse a palavra
globalização, que é uma invenção moderna, mas a expressou brilhantemente porque
foi assim.
São os espanhóis, ao chegar
à Ásia, que descobrem que o que Marco Polo havia dito estava errado, ou que a
distinção entre Catai e China estava errada.
É Martín de Herrada
(1533-1578, missionário cristão espanhol enviado às Filipinas) em 1575 quem diz
"mas hey, Catay e China são a mesma coisa". Ele faz essa distinção,
que depois é citada no livro de Juan González de Mendoza, mas isso é esquecido.
Por que isso foi esquecido?
Primeiro por causa dos povos espanhóis, mas também pelo sucesso da maneira
britânica de fazê-lo.
Acredito que o sucesso do
Império Britânico tenha sido estabelecer uma narrativa que seus próprios
colonizados ou conquistados compraram, como se diria em termos ingleses, sem
dúvida.
BBC News Mundo, Matías
Zibell
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