O ex-policial de Mineápolis Derek Chauvin foi condenado nesta terça-feira (20) por homicídio no episódio de prisão e morte de George Floyd, um marco na história racial dos Estados Unidos e uma repreensão ao tratamento dado pela polícia aos negros no país.
O júri de 12 membros considerou Chauvin, de 45 anos,
culpado das acusações de homicídio em segundo grau, homicídio em terceiro grau
e homicídio culposo, após três semanas de depoimentos de 45 testemunhas,
incluindo transeuntes, policiais e especialistas médicos. As deliberações
começaram na segunda-feira (19) e duraram pouco mais de 10 horas.
Em um confronto mostrado em vídeo, Chauvin, que é
branco, pressionou o joelho no pescoço de Floyd, um homem negro de 46 anos
algemado, por mais de nove minutos, no dia 25 de maio de 2020, quando ele e
três colegas policiais detiveram Floyd, que foi acusado de usar uma nota falsa
de US$ 20 para comprar cigarros em um supermercado.
Chauvin, que vestia um terno cinza e uma gravata azul
e camisa branca, assim como uma máscara facial azul clara, acenou com a cabeça
e se levantou rapidamente quando o juiz decretou que sua fiança havia sido
anulada. Ele foi conduzido para fora do tribunal algemado e colocado sob
custódia do xerife do Condado de Hennepin.
Chauvin havia se declarado inocente das acusações de
homicídio não intencional em segundo grau envolvendo "intenção de infligir
danos corporais", de homicídio não intencional em terceiro grau envolvendo
"ato eminentemente perigoso a outros" e de homicídio culposo em segundo
grau envolvendo morte causada por "negligência culpável".
Do lado de fora do tribunal, uma multidão de várias
centenas de pessoas explodiu em comemoração quando o veredicto foi anunciado.
Gritos de "George Floyd" e "todas as
acusações" foram ouvidos. Na praça George Floyd em Mineápolis, no
cruzamento onde Floyd foi morto e que agora tem o seu nome, pessoas gritaram,
aplaudiram e choraram. O local se tornou um ponto de reuniões para protestos
por justiça racial desde então.
A morte de Floyd gerou protestos contra o racismo e a
brutalidade policial em muitas cidades dos Estados Unidos e ao redor do mundo
no ano passado. Antes do anúncio do veredicto muitas lojas no centro da cidade
pregaram tábuas em suas janelas, em preparação para possíveis manifestações
violentas. O tribunal de Mineápolis foi cercado por barricadas e vigiado por
agentes da Guarda Nacional.
Apesar do sistema de justiça criminal dos EUA e muitos
conjuntos de jurados por muito tempo protegerem policiais que utilizam da
violência para dominar civis, o júri neste caso decidiu que Chauvin passou do
limite e utilizou força excessiva.
De acordo com as orientações de sentenciamento do
Estado de Minnesota, Chauvin irá enfrentar 12 anos e meio na prisão por sua
condenação por assassinato como réu primário. Os procuradores podem, no
entanto, buscar uma sentença mais longa de até 40 anos se o juiz do condado de
Hennepin Peter Cahill, o responsável pelo julgamento, determinar que houve
"fatores agravantes" no caso.
Em Minnesota, criminosos condenados geralmente deixam
a prisão em liberdade supervisionada após o cumprimento de dois terços da
sentença. Chauvin não tinha condenações criminais anteriores.
O júri era composto por quatro mulheres brancas, dois
homens brancos, três homens negros, uma mulher negra e por duas mulheres
multirraciais, de acordo com os registro do tribunal.
Mais cedo na terça-feira o presidente dos Estados
Unidos, Joe Biden, disse ter falado pelo telefone com membros da família de
Floyd. "Eles são uma boa família, e estão pedindo paz e tranquilidade, não
importa qual seja o veredicto", afirmou Biden a jornalistas na Casa
Branca.
O Departamento de Polícia de Mineápolis demitiu Chauvin
e outros três policiais um dia após a prisão de Floyd. Os outros três policiais
devem enfrentar julgamento ainda este ano por acusações de auxílio e
cumplicidade na morte de Floyd.
Por Jonathan Allen e Nathan Layne, da Reuters
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