De repente, em meio à pandemia, um novo conjunto de problemas invadiu o noticiário. “A clonagem de cartões de crédito bate recorde!”. “Dados de milhões de brasileiros e brasileiras vazados e tornados públicos!”. “Identidades roubadas tornam-se um problema cada vez mais frequente”. “População idosa é, cada vez mais, vítima de golpes digitais”. A conclusão é simples: no que se refere a criminalidade, o mundo online e o mundo físico já se fundiram.
A
transformação digital na esfera criminal está se acelerando, em um momento em
que o mesmo processo na sociedade brasileira no seu conjunto ocorre a uma
velocidade menor. A criminalidade digital não se restringe apenas a fraudes e
golpes. Os ataques e ameaças virtuais, hoje comuns contra jornalistas e
personalidades públicas, não são virtuais apenas e por isso menos sérios. São
ameaças contra a integridade física e reputação dos cidadãos, com reais
consequências no mundo físico.
A defasagem da velocidade com que os golpes se
multiplicam contrasta com a lentidão das forças de segurança para se
movimentarem na sua repressão. A Polícia
Federal é uma exceção. Sabe da urgência da modernização tecnológica
e da necessidade de formar seus quadros para uma nova realidade em que as
violações da segurança não são mais visíveis a olho nu.
Correndo por
fora, o mercado da segurança digital privado cresce rapidamente, puxado pelas
instituições financeiras, mortalmente dependentes da confiabilidade de suas
operações. Instituições como a Controladoria
Geral da União, Tribunal de
Contas da União e o Ministério
Público também se movem nesta direção, ainda que desajeitadamente,
como os episódios recentes da vida política do país têm demonstrado. A
tecnologia pode ajudar em muita coisa, mas não tem como resolver problemas
relacionados com o devido processo legal, as relações entre os poderes da
República e a politização do combate à corrupção.
As Forças
Armadas procuram se preparar para os novos desafios colocados pela
ciber-segurança do ponto de vista da Defesa Nacional. Os “gaps’’ são abissais quando comparados com países
como EUA, Reino Unido, China, Rússia, França — não surpreendentemente os países
membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
É óbvio para
todas as partes envolvidas nesta conversa que o investimento digital é crucial
para a transformação do país. Mas há um desdobramento que não é percebido com a
mesma clareza: apostar na virada digital impactará positivamente em todas as
esferas da economia e da sociedade, da vida pública e privada. Fica então a
pergunta: por que o país está se movendo tão lentamente na direção de abraçar
esta prioridade?
As respostas a
esta questão são várias. A primeira delas é uma das mais simples e dolorosa:
nossos governantes e nossas elites não sabem do que se trata. Demograficamente
são uma geração majoritariamente na faixa etária superior aos 50 anos.
Desconhecem a reprogramação do mundo em curso. Tendem a ser defensivos em
relação a todas estas transformações, salvo quando incidem diretamente sobre
seus negócios e assuntos — em geral, tarde demais.
A segunda
explicação é o dramático dilema entre segurança e privacidade. Estamos ainda
nos dando conta de que nossos dados não nos pertencem mais e que ão sabemos
muito bem que uso é feito deles. O “Surveilance State’’ é uma realidade tanto
em democracias como regimes autoritários, com ganhos significativos do ponto de
vista de segurança pública,
porém com custos crescentes na perspectiva da privacidade e dos direitos
individuais.
Não é uma
conta fácil para uma sociedade arbitrar quanto de sua privacidade está disposta
a abrir em troca de mais proteção contra a criminalidade física e digital.
Existem dúvidas e temores sobre como os Estados — com governantes eleitos ou
não eleitos — lidam com este delicado equilíbrio.
A terceira
explicação é o gargalo — massivo — do capital humano digital. O déficit de mão
de obra digital para adentrar nesta seara é brutal. Um estudo recente do
Instituto Igarapé sobre o mapeamento dos riscos digitais para o Brasil mostra
que, dentre os desafios identificados, o primeiro da lista é a falta de
capacitação da sociedade para se avançar na segurança digital no país.
Ironicamente o
Brasil tem condições de enfrentá-lo, caso queira. O país possui uma rede de
excelentes departamentos de computação em um expressivo conjunto de
universidades públicas e algumas confessionais. Em termos absolutos este
conjunto de instituições é maior do que vários países de pequeno e médio porte
do grupo dos chamados países desenvolvidos. Canalizar estes ativos para a
missão de engatar o país no emergente planeta digital é uma tarefa factível —
difícil mas não impossível. O desafio da escalabilidade é real, porém não
intransponível.
Uma outra
causa é a ausência de visão de futuro, para tornar o Brasil um país mais
moderno, competitivo e menos desigual. Aliás, esse é um ponto que deve ser
observado nas iniciativas de segurança digital. As ações de segurança digital
devem proteger as camadas mais vulneráveis da sociedade. Não podemos reproduzir
no mundo online as desigualdades existentes nas políticas de segurança das
grandes cidades.
Segurança
digital é prioridade nacional em todos países que contam no mundo. Ou o Brasil
se engaja em um esforço nacional para lidar com o tema ou as guerras de facções
hoje presentes nos grandes centros urbanos logo se deslocarão para a arena
virtual, com o agravante de que a captura do Estado e das grandes empresas por
estes grupos poderá ocorrer mais rápido do que seus “stakeholders’’
percebam.
"As
guerras de facções hoje presentes nos grandes centros urbanos logo se
deslocarão para a arena virtual"
Por Francisco Gaetani e Virgilio Almeida, no Valor Econômico
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