“A maior prisão está dentro da sua cabeça e a chave está no seu bolso”.
Essa frase, repetida duas vezes pela psicóloga Eva
Edith Eger em entrevista ao GLOBO, resume bem as lições que ela apresenta em
seu livro “A liberdade é uma escolha”, recém-lançado pela Sextante. Aos 93
anos, a sobrevivente de Auschwitz que foi cortada da equipe de ginástica
olímpica húngara por ser judia e obrigada a dançar para Josef Mengele, o “Anjo
da Morte” nazista, afirma que todos nós, não importa o nosso passado, podemos
nos libertar de nossas prisões mentais.
Em seu livro de estreia, “A bailarina de Auschwitz”,
publicado quando ela já tinha completado 90 anos e também editado no Brasil
pela Sextante, Eger narrou sua jornada da Hungria para os campos de extermínio
nazistas e depois para os Estados Unidos, onde estudou psicologia e passou mais
de 40 anos trabalhando com soldados que voltavam para casa com transtorno de
estresse pós-traumático. No novo livro, ela dá dicas práticas, inspiradas no
que ela aprendeu sobrevivendo em Auschwitz, para todos que querem se libertar
das prisões mentais.
Em cada capítulo, ela prescreve exercícios para se
libertar de 12 diferentes cárceres mentais. São eles: a prisão da vitimização,
da negação, da autonegligência, dos segredos, da culpa e da vergonha, do luto
não resolvido, da rigidez, do ressentimento, do medo paralisante, do
julgamento, da desesperança e, por fim, a prisão de não perdoar. Confira abaixo
algumas das dicas de Eger para alcançar a chave em seu bolso e se libertar de
suas prisões mentais:
A
prisão da vitimização
“Guie seu antigo eu para o local onde ocorreu a mágoa
no passado e repita ‘Eu estou aqui. Vou cuidar de você’.”
A
prisão da negação
“Incorpore exercícios diários para verificar os seus
sentimentos. Escolha momentos de atividades rotineiras, por exemplo quando
estiver sentado à mesa para fazer uma refeição, na filha do caixa do mercado ou
escovando os dentes. Inspire profundamente algumas vezes e pergunte-se: ‘O que
estou sentindo agora?’”
A
prisão da autonegligência
“Reserve tempo
para perceber e experimentar a alegria.”
A
prisão dos segredos
“Conte a verdade na presença segura de outras pessoas.
Grupos de apoio e programas de doze passos podem ser maravilhosos para
compartilhar a sua verdade.”
A
prisão da culpa e da vergonha
“Assim que
acordar de manhã, vá até o espelho e olhe para si mesmo com olhos gentis e
repita: ‘Sou suficiente. Sou gentil. Sou uma pessoa forte.’ Depois, beije as
costas de suas mãos. Sorria para si mesmo no espelho. Repita: ‘Amo você.’”
A prisão
do luto não resolvido
“Não é útil passar mais tempos com os mortos do que
com os vivos. Se alguém que você ama morreu, reserve 30 minutos todos os dias
para honrar essa pessoa e sua perda.”
A
prisão da rigidez
“Trate os outros como eles são capazes de se tornar.”
A
prisão do ressentimento
“Reflita sobre a mensagem de amor que você aprendeu
quando criança e que pode estar levando para seus relacionamentos.”
A
prisão do medo paralisante
“Para cada um dos medos reais, elabore uma lista de
coisas que você poderia fazer hoje em seu próprio benefício para se fortalecer
e construir a vida que você quer.”
A
prisão do julgamento
“As pessoas mais tóxicas e detestáveis podem ser
nossos melhores professores. Na próxima vez em que você estiver na presença de
alguém que o irrita e ofende, baixe os olhos e diga para si mesmo: ‘Ele é um
ser humano, nem mais, nem menos. Humano como eu.’ Depois, pergunte: ‘O que você
tem para me ensinar?’”
A
prisão da desesperança
“A próxima vez
que você perceber que está usando a linguagem da minimização, da ilusão ou da
negação, tente substituir as palavras por: ‘Dói, mas é temporário.’ Lembre-se a
si mesmo: ‘Eu sobrevivi à dor antes’”
A
prisão de não perdoar
“Perdoe-se.”
Serviço:
“A liberdade é
uma escolha”
Autora: Edith Eva Eger. Editora: Sextante. Tradução:
Debora Chaves. Páginas: 176. Preço: R$ 36,90.
Por
Ruan de Sousa Gabriel, em O Globo
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