O uso da internet na rede privada ficou acima de 95%
O percentual de estudantes de 10 anos ou mais de idade
com acesso à internet subiu de 86,6%, em 2018, para 88,1% em 2019. Apesar
disso, 4,3 milhões ainda não utilizavam o serviço e a maior parte era de alunos
de escolas públicas (95,9%).
Ao todo eram 4,1 milhões de estudantes da rede pública
de ensino sem o acesso à internet, enquanto na rede privada eram apenas 174 mil
alunos sem conexão à rede mundial de computadores.
Os números estão na Pesquisa Nacional por Amostras de
Domicílios (Pnad) Contínua divulgada hoje (14) pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), que investigou no último trimestre de 2019 o
acesso à tecnologia da informação e comunicação (TIC).
A pesquisa analisou as informações do período entre
2016 e 2019, sobre o acesso à internet e à televisão, além da posse de celular.
Na avaliação do IBGE, a diferença de acesso entre os
estudantes de escolas particulares (98,4%) para os do ensino público (83,7%) é
ainda mais significativa entre as grandes regiões do país. Os percentuais de
estudantes da rede pública que utilizaram o serviço ficaram em 68,4% no Norte e
em 77% no Nordeste. Nas demais regiões, o percentual variou de 88,6% a 91,3%.
Na rede de ensino privada, segundo a pesquisa, o uso
da internet ficou acima de 95% em todas as grandes regiões, sendo que, no Sul,
Sudeste e Centro-Oeste, alcançou praticamente a totalidade dos estudantes.
Para a analista da pesquisa, Alessandra Scalioni
Brito, esse resultado está relacionado à renda. Do total dos estudantes que não
utilizaram a internet, em 26,1%, isso ocorria por considerar o serviço caro e
19,3%, em consequência do custo do equipamento eletrônico para navegar na rede.
“Essas diferenças são ainda maiores entre os estudantes da rede pública e da
rede privada, revelando um traço de desigualdade que ficou ainda mais evidente
na pandemia, quando o ensino presencial foi suspenso e as famílias tiveram que
se adaptar às aulas remotas”, destacou.
Celular
A pesquisa indicou ainda que, em 2019, o uso do
celular para acessar a internet atingiu a 97,4%. o que representou um avanço,
mas, ainda assim, o percentual dos alunos de escolas públicas que tinham o
aparelho para uso pessoal era apenas 64,8%, sendo que nem todos eles tinham
acesso à rede. Na rede privada, o uso era bem maior e alcançava 92,6%. A
diferença era ainda maior no Norte do país, onde apenas 47,5% dos alunos do
ensino público tinham um celular.
Entre os estudantes da rede pública sem telefone
celular em 2019, 41,2% disseram que era pelo alto custo do aparelho. Outros
28,7% relataram não possuir aparelho porque usavam o de outra pessoa. Os
motivos mais comuns para esta situação em estudantes da rede privada também
foram estes dois argumentos, sendo que o uso de aparelho de outra pessoa tem
peso maior (40,3%) que a questão de o aparelho telefônico ser caro (20%).
“Esses dados mostram que estudantes da rede pública
tinham menos acesso a telefone próprio e a questão financeira tinha um peso
maior. E como o celular é o principal meio de acesso à internet, num contexto
de ensino remoto, provavelmente, esses estudantes terão mais dificuldades do
que os da rede privada”, contou Alessandra.
A Pnad Contínua TIC para 2019 mostrou ainda que
enquanto o uso do celular por estudantes para acessar à internet vem subindo ao
longo dos anos, a utilização do microcomputador, no entanto, segue em ritmo
oposto. No início da pesquisa, 70,6% dos estudantes usavam computador para
navegar na internet, mas em 2019 eram 56%. Outro crescimento foi o do uso da
televisão para navegar na internet, que subiu de 11,9% para 35,0%. O tablet era
usado somente por 13,4% dos estudantes, a maioria da rede privada.
Da
Agência Brasil
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