Livrinho dos pensamentos maus: universitários impedem palestra e agridem participantes (Lisa Rathke/AP) |
Esquerdização tosca
e violenta cria centros de oposição ao conhecimento, ao debate e à paciência
até dos que descontam a natural combatividade dos jovens
Vencer o debate
sempre foi um dos maiores orgulhos da esquerda – mesmo que a discussão fosse
entre alas que disputavam o troféu de esquerdismo. Estudar, ler, conhecer os
argumentos contrários, dominar os recursos da oratória e também saber quando
insuflar a massa a vaiar o adversário eram partes integrantes do arsenal do
universitário esperto.
Só a última parte
sobrou em algumas das mais importantes universidades do mundo, as do eixo
Estados Unidos-Inglaterra. Isso quando as vaias não são acompanhadas de
agressões e de atos que impedem palestrantes de falar.
Professores e
reitores muitas vezes abaixam a cabeça e ouvem impropérios, mesmo ou talvez
exatamente porque incentivam seus estudantes a agir como uma cópia bizarra dos
batalhões da Revolução Cultural.
O trágico movimento
da China maoísta, criado para destruir “de baixo para cima” as estruturas de
poder, na academia, nas artes e, sobretudo, no próprio Partido Comunista, foi
um dos acontecimentos mais brutais do país.
Até hoje é
impossível calcular o número de pessoas acossadas, humilhadas em público,
transferidas para o campo e executadas – isso sem contar a destruição de
relíquias históricas. A imagem mais triste que ficou foi a de professores com
chapéu de burro e cartazes pendurados no pescoço fazendo “autocrítica”,
enquanto os jovens convocados para fazer a Grande Revolução Cultural do
Proletariado sacudiam livrinhos vermelhos do pensamento de Mao Tse-tung.
Numa palestra
recente do cientista político Charles Murray no Middlebury College, uma
universidade do estado de Vermont, estudantes impediram que ele subisse ao
palco. Quando conseguiu subir, deram-lhe as costas e vaiaram.
Quando saiu do
local, para fazer a palestra numa sala fechada, acionaram alarmes de incêndio.
Ao se retirar, uma professora que o acompanhava sofreu agressões como puxões de
cabelo e um golpe no pescoço. O carro em que ambos entraram foi chutado e
amassado até conseguir sair sob proteção de policiais universitários proibidos
de qualquer atitude remotamente agressiva.
“Foi o dia mais
triste da minha vida”, disse Murray. Desde 1994, ele está acostumado a provocar
reações extremas por causa do livro A Curva de Bell, mas nada semelhante ao que
aconteceu em Middlebury, onde ouviu slogans malucos como “Racista, sexista,
antigay; suma daqui, Charles Murray”.
No livro do qual
jamais se livrará, Murray contesta um dos dogmas mais entranhados, da esquerda
à direita: a de que as desigualdades sociais são fruto de condições injustas. O
argumento mais rejeitado é o de que o componente genético pesa mais na
inteligência e que raças diferentes têm variações intrínsecas de QI, com
asiáticos no topo, seguidos de brancos e, por fim, negros.
Todos os argumentos
já foram usados para desconstruir as teses de Murray. Nem adianta dizer que ele
defendia o uso do ensino para diminuir as desigualdades que considera naturais,
embora perversas. Seu livro mais recente é um mergulho na “América profunda”, a
dos brancos de classe operária deslocados, um tema que detectou muito antes do
fenômeno Trump.
Curiosamente,
Murray defende um programa de renda mínima, uma espécie de bolsa individual
para pessoas desempregadas ou de baixa renda. Como libertário conservador, ele
gosta da ideia de diminuir todos os inúmeros processos burocráticos envolvidos
em outras formas de benefícios sociais.
Mas acha,
principalmente, que a renda mínima ou universal é necessária para abrandar a
revolução, já em curso, da substituição
de várias formas de trabalho pela robotização.
Vale a pena ouvir o
que tem a dizer? Os estudantes “ativistas” de Middlebury acham que não só ele
não deve ser ouvido, como impedido de falar. No novo léxico dos aprendizes de
revolucionários anticulturais, Murray é um “supremacista branco”, termo que
atualmente atinge qualquer pessoa que não pregue a derrubada de Donald Trump –
a quem, por sinal, o cientista politico não apoiou.
As maluquices
politicamente corretas das universidades americanas já viraram até folclore.
Aliás, o termo politicamente correto, que em sua nobre origem pretendia
combater formas variadas de discriminação, está proibido na Universidade de
Wiscosin-Milwaukee. Pode implicar numa acusação de que alguém esta sendo
“sensível demais”.
Também estão na
lista “terceiro mundo”, “seja homem” e “que loucura” – este por “criar uma
perspectiva negativa de pessoas com diagnósticos no campo da saúde mental”.
A Universidade de
Washington, em Tacoma, orientou seus alunos no sentido de que o uso das regras
gramaticais perpetua o racismo – já vimos algum parecido no Brasil. A norma
culta do inglês implica em discriminação, mesmo que não consciente.
É o que chamam
atualmente de microagressões. Nem uma única atividade humana está livre dessa
praga, segundo o Centro de Escrita da universidade, uma vez que o racismo está
presente em “sistemas, estruturas,
regras, linguagens, expectativas, orientações que formam nossas aulas, escolas
e sociedade”. E depois as classes ilustradas se espantam quando cidadãos
comuns, exposto a essas ideias infernais, votam em Trump.
É claro que a
linguagem e a escrita são perscrutadas há muitas décadas como reflexo
privilegiado das estruturas vigentes – ou dominantes. Mas nem o estruturalista
francês mais exagerado pensaria em propor o que fizeram estudantes de língua
inglesa de Yale, fundada em 1701, em Connecticut, com o moto “Luz e Verdade”.
O curso de Grandes
Poetas Ingleses, disseram os alunos, faz com que muitos “se sintam tão
alienados que levantam e vão embora”. Por quê? Consideram-se ofendidos pela
obra de Chaucer, Spenser, Shakespeare, Donne, Milton, Pope, Wordsworth e T.S.
Eliot.
Como não é possível
mudar, retroativamente, a raça ou o sexo desses escritores prodigiosos – embora
alguns talvez até gostassem da ideia -,
os alunos que assinaram o manifesto pedem que seja eliminados do curso.
Em lugar de
aprender, inclusive criticamente, com a humanidade em toda a sua gama refletida
na obra dos grandes poetas, os aprendizes de revolucionários anticulturais
preferem riscá-los da história. Nem Katherina, a shakespeariana megera
cruelmente “domada” por Petruchio, concordaria com uma bobagem dessas.
Por Por Vilma
Gryzinski, na revista Veja
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Comunicação estratégica - da interlocução às palestras exitosas: Como falar bem em ambientes controláveis e em situações de extrema pressão
Como fazer uma palestra? Mais cedo ou mais tarde seremos chamados a enfrentar este desafio.
"Os tempos primitivos são líricos, os tempos antigos são épicos e os tempos modernos são dramáticos".
A frase é de Victor Hugo, escritor francês do século XIX. Mantém uma atualidade que angustia. Sim, vivemos tempos dramáticos, não há como negar, tempos que impõem aos vitoriosos uma vida de intensos estudos e preparação continuada, meticulosa, planejada. Os mais esforçados aumentam as chances de êxito.
O que dizer sobre o estudante que não estuda para o concurso dos sonhos, sobre o indivíduo que ignora os princípios da vida saudável, do atleta que se recusa a treinar, do escritor que rejeita a solidão do ofício, do cidadão que opta por vender o voto?
A vida costuma responder com sorriso quem assim a cumprimenta, e com desventuras e lamentos aos mordazes e amargurados. Os preguiçosos também costumam pagar um alto preço pela indolência.
Há quem desconheça – como conduta mais adequada - manter uma atitude proativa - amistosa, colaborativa, de estudos e preparação continuada e planejada - para conseguir responder aos desafios que se apresentam no dia a dia.
Imagine uma situação qualquer em que você necessite se alimentar, mas encontra-se impedido em decorrência de problemas decorrentes de um comportamento irresponsável para com a saúde...
E diante da premência de fazer uma corrida rápida para esgueirar-se da chuva, não perder o metrô, ou para escapar de um carro desgovernado que acelera em sua direção... Providências impossíveis de adotar em função do lastimável preparo físico; inexoravelmente terá um dia de cão: passará um bom tempo encharcado, terá que esperar o próximo trem e, na situação mais grave, será atropelado...
Mais cedo ou mais tarde seremos chamados a palestrar. É inevitável. E quando romper o instante, estaremos preparados?, conseguiremos - com êxito - levar a bom termo a tarefa?, ou o resultado se mostrará medíocre, um fiasco, um retumbante fracasso?
As opções estão entre ‘permanecer à mercê do acaso e da sorte’ ou ‘investir, planejadamente, na preparação’.
Não é melhor prevenir que remediar?, resguardar-se da doença que despender no tratamento? Não é mais sensato estudar para a prova que amargar a reprovação? Não é mais inteligente treinar para a luta que padecer a derrota?
Desde a mais singela conversação entre amigos ou familiares, até a palestra em um auditório lotado, com três mil pessoas, devemos cuidar para que a comunicação se estabeleça em sua integralidade, otimizando a utilização dos recursos disponíveis, de modo que, ao fim e ao cabo, a mensagem transmitida tenha sido assimilada pelos receptores.
Quando nos deslocamos para o contexto profissional, a trajetória reverbera um caminho lógico, evidenciando que, quanto mais prosperamos na carreira, mais expande a demanda por exposições orais.
Melhor, então, não ignorar a realidade e planejar a conquista da nova habilidade, ‘falar bem para o público’, independentemente do número de interlocutores, se um, se dez, se três mil...
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