Escritoras feministas ainda carecem de reconhecimento Marcello Casal Jr./Agência Brasil |
O Dia
Internacional da Mulher chama a atenção para as desigualdades de gênero,
violência e conquista de direitos. Costuma-se apontar a falta de equidade em
áreas como a ciência ou em posições de poder, mas na literatura há também um
número menor de mulheres que conseguem reconhecimento sobre suas obras.
Em 115
anos, apenas 13 mulheres receberam o prêmio Nobel de Literatura. No Prêmio
Camões, que é concedido por Brasil e Portugal a escritores lusófonos, apenas
seis mulheres foram homenageadas em 28 anos. O Prêmio Jabuti, o mais importante
da literatura brasileira, foi dado a apenas 12 mulheres desde 1959, na
categoria romance.
Apesar do
pouco reconhecimento, muitas autoras escrevem sobre feminismo: seja do ponto de
vista político, filosófico ou social, seja por meio de poemas ou colocando
mulheres como protagonistas em histórias que provocam reflexão. Dessa forma,
ajudam a compreender o movimento que defende a igualdade de direitos entre
homens e mulheres.
Conheça 10 escritoras que, em suas obras, ajudam a compreender esse conceito:
Conheça 10 escritoras que, em suas obras, ajudam a compreender esse conceito:
Ana
Cristina César
Também
conhecida como Ana C, Ana Cristina César foi uma poetisa brasileira que fez
parte do movimento de Poesia Marginal e deixou uma obra em que retrata seu
cotidiano e intimidade, por vezes criticando padrões de comportamento impostos
à mulher. Em seus livros, em que a poesia se mistura com outros estilos, como a
carta e o diário, ela fala abertamente sobre seu corpo e sua sexualidade.
Ana Maria
Gonçalves
Antes
publicitária, a mineira Ana Maria Gonçalves abandonou a profissão para se
dedicar à literatura e lançou, em 2006, o livro Um Defeito de Cor.
Na obra, ela mostra a trajetória de uma menina negra capturada como escrava
ainda na infância, e sua luta até se tornar uma mulher livre. Além de retratar,
na obra, a força da mulher, ela faz um relato detalhado sobre a vida dos negros
no Brasil Colonial.
Angela
Davis
A filósofa
e professora norte-americana Angela Davis dá aulas no Departamento de Estudos
Feministas na Universidade da Califórnia e é ex-integrante do grupo Panteras
Negras. Ativista pelos direitos da mulher e pela igualdade racial, Angela é
autora de diversos livros, e sua obra mais conhecida, Mulheres, Raça e
Classe,de 1981, foi traduzida e lançada no Brasil apenas em 2016.
Carolina
Maria de Jesus
A mineira
Carolina de Jesus era catadora de recicláveis e registrava seu cotidiano, na
antiga favela do Canindé, na zona norte de São Paulo, em cadernos que
encontrava pelo lixo. Seus escritos, datados de 1955 a 1960, se tornaram o
livro Quarto de Despejo, que denuncia a miséria, a fome e a
violência sofrida por ela e seus vizinhos. A autora é considerada uma das
primeiras escritoras negras do Brasil, e ainda hoje é considerada referência
para estudos sobre a sociedade brasileira.
Chimamanda
Gnozi Adichie
A
escritora nigeriana Chimamanda Gnozi Adichie, de 39 anos, desponta como um dos
principais nomes femininos da literatura africana. Suas obras retratam o
cotidiano de mulheres negras, abordando questões como o racismo e a violência
contra a mulher. É autora dos livros Sejamos Todos Feministas e Para
Educar Crianças Feministas – Um Manifesto, que são uma introdução para quem
busca compreender o assunto.
Clarice
Lispector
Um dos
maiores nomes da literatura brasileira, Clarice Lispector é um dos exemplos em
que o feminismo se mostra por meio de mulheres protagonistas. Nos romances
escritos por ela, as personagens mergulham em reflexões sobre a condição
humana, muitas vezes questionando o que elas são e o que a sociedade impõe que
elas sejam.
Conceição
Evaristo
A mineira
Conceição Evaristo é doutora em literatura comparada pela Universidade Federal
Fluminense (UFF) e se destaca por abordar, em suas obras, a discriminação de
gênero, raça e classe, valorizando a reflexão sobre os afrodescendentes, suas
memórias e sua importância histórica para a cultura do Brasil. É autora do
romance Ponciá Venâncio (2003) e dos livros de contos Histórias
de Leves Enganos e Parecenças (2016) e Olhos d'Água (2014),
este último vencedor do Prêmio Jabuti na categoria Contos.
Simone de
Beauvoir
A filósofa
e escritora francesa, integrante do movimento existencialista, é referência em
estudos sobre o feminismo, abordando, especialmente na obra O Segundo
Sexo, a diferença entre a existência e a construção social de gênero, bem
como os fatores que levam à opressão das mulheres. Ao falar de comportamentos e
de estereótipos dos homens, ela critica o patriarcado e a resistência dos
homens à compreensão sobre as demandas feministas.
Svetlana
Aleksiévitch
A
escritora ucraniana Svetlana Aleksiévitch é a mulher que mais recentemente
recebeu o Prêmio Nobel de Literatura (2015). No livro A Guerra Não Tem
Rosto de Mulher, ela apresenta a história da 2ª guerra mundial sob a
perspectiva – até então desconhecida – das soldadas soviéticas que estiveram no front de
batalha atuando como franco-atiradoras, voluntárias, pilotos de tanques ou
enfermeiras. Com o livro, Svetlana mostra que os conflitos militares costumam
ter narrativas apenas masculinas, muitas vezes ignorando o importante papel das
mulheres em momentos históricos.
Toni
Morrison
Toni
Morrison é a única negra que recebeu o Nobel de Literatura. A obra Amada,
pela qual foi condecorada, conta a história de uma ex-escrava que foge com os
filhos após a abolição da escravatura nos Estados Unidos. O livro é o primeiro
de uma trilogia, que inclui ainda Jazz(1992) e Paraíso (1997).
Por Ana Elisa Santana, da
Agência Brasil
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A mulher que - nos idos de 1900 - fez a diferença comandando um exército de homens: Santa Dica de Goiás. Para saber mais, clique aqui.