As mudanças no Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem) dividiram opiniões, e o assunto
chegou aos tópicos mais comentados nas redes sociais hoje (9). As provas deste
ano serão aplicadas em dois domingos seguidos, nos dias 5 e 12 de novembro, e
não mais em um único fim de semana. Além disso, na edição deste ano, a prova de
redação será no primeiro dia, junto com as questões de linguagens e ciências
humanas. O segundo dia de aplicação será das exatas, com matemática e ciências
da natureza.
"Graças
ao Pai Amado que o Enem vai ser em dois domingos, porque ano passado eu quase
passei mal", diz um usuário do Twitter. Outra usuária da rede social
contrapõe: "Enem em dois finais de semana diferentes se resume em uma
semana de estresse e sofrimento".
As mudanças foram feitas com base em consulta pública realizada pelo Ministério da Educação (MEC). Cerca de 600 mil pessoas participaram da consulta, que ficou disponível no período de 18 de janeiro a 17 de fevereiro. Dentre os participantes, 42,3% disseram preferir a prova em dois domingos seguidos; 34,1%, no domingo e na segunda-feira - sendo segunda feriado; e, 23,6% optaram pela manutenção do formato até então vigente, aplicação em um final de semana, no sábado e no domingo.
As mudanças foram feitas com base em consulta pública realizada pelo Ministério da Educação (MEC). Cerca de 600 mil pessoas participaram da consulta, que ficou disponível no período de 18 de janeiro a 17 de fevereiro. Dentre os participantes, 42,3% disseram preferir a prova em dois domingos seguidos; 34,1%, no domingo e na segunda-feira - sendo segunda feriado; e, 23,6% optaram pela manutenção do formato até então vigente, aplicação em um final de semana, no sábado e no domingo.
Adventista,
Amanda Pereira, de 18 anos, gostou da alteração. Por causa da religião, até o
ano passado, os sabatistas, pessoas que guardam o sábado, passavam a tarde toda
do primeiro dia de prova em uma sala até que o sol se pusesse para, então,
fazer o Enem à noite. Amanda fez o exame em 2014 e prometeu para si mesma que
não repetiria a experiência.
"Foi
muito cansativo, não consegui lembrar de muita coisa, estava muito cansada para
ler as questões. No domingo, estava mais cansada ainda", diz. A estudante,
que cursa letras inglês em uma instituição particular, vai fazer o Enem este
ano para tentar ingressar em uma instituição pública. "Agora, eu
animo."
A
alteração trouxe, no entanto, desvantagens para quem pretendia fazer a prova em
outra cidade. A estudante Maya Carvalho, de 18 anos, mora em São Paulo, mas
grande parte da família está em Brasília. No ano passado, ela fez a prova na
capital federal. Agora, viajar dois fins de semana seguidos será inviável.
"Prefiro ficar perto da família por conta do apoio, meu pai vai comigo até
a porta da sala para me abraçar. Agora, vai ficar difícil porque terei aula na
semana de intervalo entre as provas."
Sobre a
aplicação em dois domingos, Maya teme prejuízo para os alunos. "Eu acho
meio estranho porque, ao mesmo tempo em que há a ideia de que é possível se
recuperar para a próxima prova com mais tranquilidade, pode-se também perder o
foco dos estudos."
Dicas
O
professor de português Marcelo Freire, do Colégio Único, em Brasília, estava em
sala de aula quando as mudanças foram anunciadas. Ele aproveitou para discutir
as alterações com os alunos. "Eles estão muito divididos", disse
Freire.
Segundo
Freire, a aplicação em dois domingos tem prós e contras, mas, no geral, deverá
beneficiar os estudantes. "Tem-se um dia de desgaste e, depois, uma semana
para a próxima aplicação. Não tem mais essa questão de domingo estar esgotado
após um sábado de prova. O estudante poderá se organizar e fazer a prova com
mais tranqualidade no próximo domingo."
Freire
também elogiou a nova distribuição das provas. No primeiro dia, o foco será em
humanidades e redação e, no segundo, em exatas. Até o ano passado, os
estudantes faziam, no primeiro dia, as provas de ciências da natureza e
ciências humanas. No segundo, as provas de matemática, linguagens e redação.
"A
aplicação das provas de redação e matemática no mesmo dia sempre gerou
problemas com o tempo. As questões de matemática exigem tempo, e a redação,
também. A mudança é positiva nesse sentido. Vai ter mais leitura no primeiro
dia, vai, mas tem a vantagem de não ter cálculo. No segundo dia aumenta
cálculo? Aumenta, mas o estudante não terá que fazer a redação", pondera.
Segundo o
professor, os estudantes terão que mudar também a preparação. "O bom aluno
é treinado para fazer questões casadas. No ano passado, fazia questões de
matemática e português, porque as provas eram juntas, agora terá que treinar
fazer questões de humanidades juntas e de exatas juntas". Sobre a semana
de intervalo entre as provas, Freire aconselha que ela não seja usada para o
descanso, mas para a revisão das disciplinas de exatas. "Descanso para o
estudante, só quando passar na universidade."
Por Mariana Tokarnia, da Agência
Brasil
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