De 139 países participantes de um
levantamento de dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco), só 39 (ou 28% do total) comprovaram ter cumprido
a meta 4 do programa Educação para Todos, que previa a redução de 50% nos
índices de analfabetismo até 2015. O Brasil está no grupo de 100 países que
descumpriram a meta.
Na terceira edição do Relatório
Global sobre Aprendizagem de Adultos e Educação (Grale III, na sigla em
inglês), divulgada nesta quarta-feira (15), a Unesco afirmou que, segundo as
informações enviadas pelos países, o mundo tinha, em 2015, 758 milhões de
adultos sem capacidade de ler e escrever uma simples frase.
Desses, 115 milhões são jovens, ou
seja, tinham entre 15 e 24 anos de idade. Isso quer dizer que cerca de 85% dos
analfabetos no mundo pertencem a gerações distantes de idades consideradas
propícias para a vida escolar e, portanto, que oferecem mais obstáculos para a
aprendizagem.
O documento se baseia em pesquisas de
monitoramento respondidas por 139 estados-membros da Unesco, "com a
finalidade de elaborar um retrato diferenciado da situação global da
aprendizagem e da educação de adultos (AEA)". Segundo o relatório, foram
avaliados os progressos dos países que assinaram, em 2009, o Marco de Ação de
Belém, que inclui propostas de políticas em três áreas: saúde e bem-estar;
emprego e mercado de trabalho; e vida social, cívica e comunitária.
Apesar do fracasso no cumprimento da
meta, 85% dos países que participaram do levantamento dizem que " a
alfabetização e as habilidades básicas eram uma prioridade principal de seus
programas de aprendizagem e educação de adultos", e 46% deles disseram que
"o investimento inadequado ou mal direcionado é um fator importante que
impede a aprendizagem e a educação de adultos de causarem impacto maior na
saúde e no bem-estar".
Mulheres
sofrem mais
A falta de educação de qualidade para
jovens e adultos afeta mais as mulheres do que os homens. Segundo o relatório
da Unesco, "a maioria (63%) dos adultos com baixas habilidades de
alfabetização é formada por mulheres". Além disso, os dados mostram que a
taxa de meninas fora da escola é mais alta que a de meninos: uma em cada dez
meninas (9,7%) não está na educação formal nos 139 países participantes da
pesquisa, enquanto a taxa de meninos fora da escola é de 8,3%.
O órgão afirma que "a educação é
essencial para a dignidade e os direitos humanos, e é uma força para o
empoderamento" e que "a educação de mulheres também tem grandes
impactos nas famílias e na educação das crianças, influenciando o
desenvolvimento econômico, a saúde e o engajamento cívico de toda a
sociedade".
Educação
para Todos
Desde 2000, a Unesco monitorou os
dados enviados pelos seus 195 países-membros relacionados à educação para
acompanhar a evolução das políticas rumo ao cumprimento de seis metas:
Expandir a educação e os cuidados na primeira infância, especialmente para as crianças mais vulneráveis.
Expandir a educação e os cuidados na primeira infância, especialmente para as crianças mais vulneráveis.
Garantir que em 2015 todas as
crianças, especialmente meninas, crianças em situações difíceis e crianças
pertencentes a minorias étnicas, tenham acesso a uma educação primária de boa
qualidade, gratuita e obrigatória, além da possibilidade de completá-la.
Assegurar que as necessidades de
aprendizagem de todos os jovens e adultos sejam satisfeitas mediante o acesso
eqüitativo à aprendizagem apropriada e a programas de capacitação para a vida.
Atingir, em 2015, 50% de melhoria nos
níveis de alfabetização de adultos, especialmente para as mulheres, e igualdade
de acesso à educação fundamental e permanente para todos os adultos.
Eliminar, até 2005, as disparidades
existentes entre os gêneros na educação primária e secundária e, até 2015,
atingir a igualdade de gêneros na educação, concentrando esforços para garantir
que as meninas tenham pleno acesso, em igualdade de condições, à educação
fundamental de boa qualidade e que consigam completá-la.
Melhorar todos os aspectos da
qualidade da educação e assegurar a excelência de todos, de modo que resultados
de aprendizagem reconhecidos e mensuráveis sejam alcançados por todos,
especialmente em alfabetização, cálculo e habilidades essenciais para a vida.
Em abril de 2015, o órgão da ONU
anunciou que Cuba foi o único país latino-americano a cumprir todas as seis
metas.
O Brasil, por sua vez, só cumpriu duas das seis metas: a segunda, sobre educação primária, e a quinta, sobre a igualdade de gênero. Porém, o governo federal contestou as informações da Unesco e afirmou que também cumpriu a primeira meta, que fala sobre os cuidados com a educação na primeira infância.
O Brasil, por sua vez, só cumpriu duas das seis metas: a segunda, sobre educação primária, e a quinta, sobre a igualdade de gênero. Porém, o governo federal contestou as informações da Unesco e afirmou que também cumpriu a primeira meta, que fala sobre os cuidados com a educação na primeira infância.
Por Ana
Carolina Moreno, no G1