Dados
de uma pesquisa da revista científica Psychological Science in the Public
Interest mostraram dez técnicas comuns de aprendizagem, com a classificação das
que possuem de fato a melhor utilidade
Você pode estar cansado de ler blogs e sites dando
pitaco em como você deve estudar e prometendo as melhores técnicas para
aprender o conteúdo, mas quando existe respaldo científico ficamos muito mais
atentos ao que pode nos auxiliar de fato. É o caso de uma pesquisa divulgada na
revista científica Psychological Science in the Public Interest no ano passado.
Eles mostraram as dez técnicas mais comuns de aprendizagem e avaliaram o grau
de efetividade destas técnicas para a real absorção do conteúdo.
Alguns resultados são surpreendentes. Você vai
ficar espantado de saber, por exemplo, que grifar textos e lê-los diversas
vezes nem tem tanto poder assim no processo de aprendizagem. Ainda assim, todas
as formas de estudo são válidas. Listamos abaixo, portanto, a lista destas 10
técnicas por ordem de maior relevância. A fonte de tradução foi o site mude.
Nu. Confira:
1) Prática distribuída (utilidade: alta) A Revista diz que a prática distribuída consiste em
distribuir o estudo ao longo do tempo, em vez de concentrar toda a aprendizagem
em um bloco só.
Pesquisas mostram que o tempo ótimo de distribuição
das sessões de estudo é de 10% a 20% do período que o conteúdo precisa ser
lembrado. Por essa conta, se você quer lembrar algo por cinco anos, você deve
espaçar seu aprendizado a cada seis meses. Se quer lembrar por uma semana, deve
estudar uma vez por dia.
A prática distribuída também pode ser interpretada
como a distribuição do estudo em pequenos períodos ao longo do dia,
intervalando com períodos de descanso. Por exemplo, uma hora de manhã, uma hora
à tarde e outra hora à noite.
2) Teste prático (utilidade: alta) Simular é o melhor caminho. Realizar testes
práticos sobre o que você está estudando é uma das duas melhores maneiras de
aprendizagem. A pesquisa científica mostrou que realizar testes práticos é até
duas vezes mais eficiente do que outras técnicas.
No caso específico de concursos públicos ou Exame
de Ordem, a recomendação é fazer toneladas de exercícios de provas anteriores.
Não apenas do cargo para o qual você está estudando, mas qualquer tipo de
questão que encontrar pela frente.
3) Estudo intercalado (utilidade: moderada) O estudo intercalado é o que chamamos de rotação de
matérias em posts anteriores. A pesquisa procurou saber se era mais efetivo
estudar tópicos de uma vez ou intercalando diferentes tipos de conteúdos de uma
maneira mais aleatória.
Os cientistas concluíram que a intercalação tem
utilidade maior em aprendizados envolvendo movimentos físicos e tarefas
cognitivas (como ciências exatas).
O principal benefício da intercalação, como já
havíamos observado, é fazer com que a pessoa consiga manter-se mais tempo
estudando.
4) Auto-explicação (utilidade: moderada) A auto-explicação mostrou-se ser uma técnica útil
para aprendizagem de conteúdos mais abstratos. Na prática, trata-se de ler o
conteúdo e explicá-lo com suas próprias palavras para você mesmo.
O estudo mostrou que a técnica é mais efetiva se
utilizada durante o aprendizado, e não após o estudo.
5) Interrogação elaborativa (utilidade: moderada) A técnica de interrogação elaborativa consiste em
criar explicações que justifiquem por que determinados fatos apresentados no texto
são verdadeiros.
O estudante deve concentrar-se em perguntas do tipo
“Por quê?”, em vez de “O quê?”.
Seguindo o exemplo que demos pouco antes, em vez de
decorar um mnemônico como SoCiDiVaPlu, o ideal seria perguntar-se por que o
Brasil adota a dignidade da pessoa humana como fundamento da República? E
buscar a resposta na origem do estado democrático de Direito e na adoção do
princípio da dignidade da pessoa humana pelas principais democracias ocidentais
após a Revolução Francesa.
Note que esse tipo de estudo requer um esforço
maior do cérebro, pois concentra-se em compreender as causas de determinado
fato, investigando suas origens.
Falando especificamente de concursos públicos, a
interrogação elaborativa é um grande diferencial na hora de responder redações
e questões discursivas.
6) Resumos (utilidade: baixa) Resumir os pontos mais importantes de um texto com
as principais ideias sempre foi uma técnica quase intuitiva de aprendizagem.
O estudo mostrou que os resumos são úteis para
provas escritas, mas não para provas objetivas.
Embora tenha sido classificado como de utilidade
baixa, a técnica de resumir ainda é mais útil do que grifar e reler textos. O
paper diz que a técnica pode ser uma estratégia efetiva para estudantes que já
são hábeis em produzir resumos.
7) Visualização (utilidade: baixa) Os pesquisadores pediram que estudantes imaginassem
figuras enquanto liam textos. O resultado positivo foi apenas em relação à
memorização de frases. Em relação a textos mais longos, a técnica mostrou-se
pouco efetiva.
Surpreendentemente, a transformação das imagens
mentais em desenhos também não demonstrou aumentar a aprendizagem e ainda
trouxe o inconveniente de limitar os benefícios da imaginação.
Isso não invalida completamente o uso de mapas
mentais para estudos, já que esses consistem além de desenho a conexão de
ideias e conceitos.
De qualquer maneira, o resultado do estudo é que a
visualização não é uma técnica efetiva para provas que exijam conhecimentos
inferidos de textos.
8) Mnemônicos (utilidade: baixa) Segundo o dicionário Houaiss, mnemônico é algo
relativo à memória; que serve para desenvolver a memória e facilitar a
memorização (diz-se de técnica, exercício etc.); fácil de ser lembrado; de
fácil memorização.
Em apostilas e sites de concursos públicos, é muito
comum ver o uso de mnemônicos com as primeiras letras ou sílabas, como
SoCiDiVaPlu para decorar os fundamentos da República Federativa do Brasil
(artigo 1º da Constituição).
O estudo da Psychological Science in the Public
Interest mostrou que os mnemônicos só são efetivos quando as palavras-chaves
são importantes e quando o material estudado inclui palavras-chaves fáceis de
memorizar.
Assuntos que não se adaptam bem a geração de
palavras-chaves não conseguiram ser bem aprendidos com o uso de mnemônicos.
Então, utilize-os em casos específicos e pouco tempo antes de teste.
9) Releitura (utilidade: baixa) Reler um conteúdo, em regra, é menos efetivo do que
as demais técnicas apresentadas. O estudo, no entanto, mostrou que determinados
tipos de leitura (massive rereading) podem ser melhores do que resumos ou
grifos, se aplicados no mesmo período de tempo. A dica é reler imediatamente
depois de ler, por diversas vezes.
10) Grifar (utilidade: baixa) Prepara-se para dar um descanso ao seu grifador
amarelo. O estudo aponta que a técnica de apenas grifar partes importantes de
um texto é pouco efetiva pelos mesmos motivos pelos quais é tão popular:
praticamente não requer esforço.
Ao fazer um grifo, seu cérebro não está
organizando, criando ou conectando conhecimentos. Então, grifar só pode ter
alguma (pouca) utilidade quando combinada com outras técnicas.
Atenção! Lembre-se de que o ranking reflete os resultados do estudo, porém cada
pessoa tem o seu estilo de estudo e nada está escrito em pedra.
Por CERS Cursos
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