A ONU pediu nesta
segunda-feira (17) uma investigação urgente sobre a descoberta de 92 refugiados
nus na fronteira da Grécia com a Turquia, se dizendo "profundamente
angustiada" pelas imagens do grupo.
Os migrantes sem documento,
todos homens, principalmente do Afeganistão e da Síria, foram encontrados pela
polícia grega na sexta (14) perto da fronteira terrestre entre os dois países,
depois de atravessarem o rio Evros em botes de borracha. Havia crianças no
grupo.
Alguns tinham sinais de
ferimento no corpo, disse a Acnur, a agência de refugiados da ONU.
"Estamos pedindo uma investigação completa porque as circunstâncias não
são claras", afirmou Stella Nanou, porta-voz da Acnur em Atenas.
"Sempre somos contra o tratamento degradante e cruel e o que vimos é
chocante."
O grupo recebeu roupas,
alimentos e primeiros socorros e está detido nas instalações da polícia de
fronteira desde sábado. Deve ser transferido nos próximos dias para o centro de
recepção e identificação de Fylakio, perto de Orestiada, a cidade mais ao norte
da Grécia, onde funcionários da Acnur vão recebê-los.
Os homens testemunharam
terem sido levados para a fronteira em três veículos militares turcos antes de
serem obrigados a tirar suas roupas para embarcar nos botes infláveis, informou
a polícia grega. Os testemunhos foram dados durante uma investigação conjunta
conduzida pelas autoridades da Grécia com funcionários da Frontex, a agência de
fronteiras da União Europeia.
O ministro grego da
Migração, Notis Mitarachi, afirmou em um tuíte no sábado que o tratamento da
Turquia dado aos imigrantes era uma "vergonha para a civilização".
Ele disse que Atenas espera que Ancara investigue o incidente.
A Turquia, por sua vez,
negou envolvimento com o episódio. "Como você não conseguiu encontrar um
único caso de violação de direitos humanos pela Turquia, você apenas procura
expor a imagem de sua própria crueldade como se a Turquia tivesse feito
isso", respondeu à acusação no Twitter o vice-ministro do Interior turco,
Ismail Catakli.
No meio da troca de
acusações entre os lados, o Ministro da Proteção ao Cidadão da Grécia, Takis
Theodorikakos, afirmou que Atenas vai erguer em breve uma cerca de 40
quilômetros ao longo de sua fronteira norte com a Turquia para impedir a entrada
de migrantes no país.
Além disso, a Grécia pediu à
Turquia que respeite um acordo de 2016 com a União Europeia, no qual Ancara
concordou em conter o fluxo de migrantes para a Europa em troca de bilhões de
euros em ajuda. A Turquia afirma ter reforçado as medidas para impedir o
contrabando de pessoas.
Atenas é regularmente
acusada por ONGs e diferentes investigações jornalísticas de realizar violentas
expulsões ilegais em sua fronteira marítima e terrestre com a Turquia. Por sua
parte, a organização pelos direitos de refugiados Mare Liberum afirmou no
domingo (16) que na região de Evros os crimes contra os direitos humanos são
sistemáticos e cometidos diariamente tanto pela Turquia quanto pela Grécia.
Recentemente, a ONU
manifestou preocupação pela maneira com a qual alguns Estados têm tratado
ativistas defensores dos direitos dos refugiados. Em um relatório publicado em
julho, e que aborda situações na fronteira greco-turca, afirma que "muitos
governos estão falhando em suas obrigações morais e legais de proteger aqueles
que se recusam a deixar de defender os direitos dos migrantes, refugiados e
requerentes de asilo. Isso se deve principalmente à falta de vontade
política."
O estudo pede que os
governos proporcionem um ambiente seguro para os ativistas e que não os trate
como ameaças à segurança nacional.
Yahoo notícias, Folhapress
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