Comerciantes e trabalhadores
organizaram greves neste sábado (22) em várias cidades do Irã, informaram
várias ONGs, como parte dos protestos iniciados há mais de um mês contra a
morte da jovem curda Mahsa Amini após sua detenção.
Mahsa Amini, de 22 anos, faleceu três dias depois de ter
sido detida pela polícia da moral em Teerã por supostamente violar o rígido
código de vestimenta da República Islâmica, onde o véu é obrigatório para todas
as mulheres nos espaços públicos.
A repressão dos protestos, os maiores no Irã desde as
manifestações de 2019 contra o aumento do preço da gasolina, deixou pelo menos
122 mortos, incluindo menores de idade, segundo a ONG Iran Human Rights (IHR),
que tem sede em Oslo.
As mulheres iranianas, muitas delas com o rosto descoberto,
lideram as manifestações com gritos contra o governo e enfrentando as forças de
segurança.
Os ativistas convocaram novos protestos para este sábado,
primeiro dia da semana no Irã, mas é difícil avaliar o alcance dos eventos
devido às restrições de acesso à internet impostas pelas autoridades.
De acordo com o site 1500tasvir, "greves foram
organizadas em cidades como Sanandaj, Bukan e Saqez". Esta última é a
cidade natal de Masha Amini.
O grupo de defesa dos direitos humanos Hengaw, com sede
na Noruega, também citou greves de comerciantes em Bukan (nordeste), Sanandaj e
Saqez (noroeste), além de Marivan (oeste).
Dezenas de estudantes aplaudiram e cantaram em uma
manifestação na universidade Shahid Beheshti de Teerã, segundo um vídeo
divulgado pelo 1.500tasvir.
Trabalhadores se reuniram diante de uma fábrica de
chocolate em Tabriz, capital da província de Azerbaijão Oriental, de acordo com
outros vídeos que não tiveram a autenticidade confirmada até o momento.
Um sindicato de professores convocou uma greve nacional
para domingo e segunda-feira, com o objetivo de denunciar a repressão que,
segundo a Anistia Internacional, matou pelo menos 24 crianças.
Em um comunicado, o Conselho de Coordenação dos
Sindicatos de Professores afirma que a paralisação seria uma resposta à
"opressão sistemática" das forças de segurança nas escolas.
A nota cita quatro adolescentes mortos, de acordo com os
sindicatos, pela repressão: Nika Shahkarami, Sarina Esmailzadeh, Abolfazl
Adinezadeh e Asra Panahi. Também afirma que vários professores foram detidos.
Ativistas acusam o governo de organizar uma campanha de
detenções em larga escala e proibições de viagens, medidas que afetam atletas,
jornalistas, advogados e celebridades.
No exterior, as manifestações de solidariedade com os
protestos no Irã continuaram, com eventos no Japão e na Alemanha.
O regime iraniano acusa o Ocidente de fomentar o que
chama de "distúrbios".
A comunidade internacional criticou a repressão e vários
países adotaram sanções contra autoridades e organizações iranianas.
A família de Mahsa Amini rejeitou o relatório médico
oficial que afirma que a jovem morreu vítima de uma doença e não por uma
agressão.
AFP
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