Pobreza
e desemprego dificultam a Agenda 2030, aponta Cepal
A pobreza aumenta desde 2015 na
América Latina e no Caribe, segundo a Comissão Econômica para a América Latina
e o Caribe (Cepal). Em 2017, mais de 187 milhões de pessoas ainda viviam na
pobreza, ao passo que 62 milhões encontravam-se em condições de pobreza
extrema. A situação mantém a região como a mais desigual do mundo.
Já o número de desempregados chegou a
22,8 milhões em 2017. As mulheres são as mais atingidas. Em 2016, a taxa de
desemprego urbano foi de 7,9% no caso dos homens e 10,2% no das mulheres.
Grupos como indígenas e afrodescentendes também sofrem com o desemprego e com
limitações impostas pela discriminação, diz a Cepal.
Os dados constam do relatório Segundo Informe Anual
sobre el Progreso y los Desafíos Regionales de la Agenda 2030 para el
Desarrollo Sostenible en América Latina y el Caribelink 1 e foram
apresentados dia 18, durante o Fórum dos Países da América Latina e do Caribe
sobre o Desenvolvimento Sustentável.
O encontro, que ocorreu na sede da
Cepal, no Chile, reuniu representantes de governos, instituições
internacionais, setor privado, academia e da sociedade civil para discutir a
implementação da Agenda 2030 na região.
Objetivos
A agenda foi adotada em 2015 e
sintetiza os chamados Objetivos pelo Desenvolvimento Sustentável (ODS), metas
que devem orientar políticas nacionais e atividades de cooperação internacional
no caso dos 193 países que a subscreveram. Ao todo, são 169 objetivos, entre os
quais erradicação da pobreza, redução das desigualdades, igualdade de gênero,
adoção de padrões sustentáveis de produção e de consumo, garantia de cidades
sustentáveis, proteção e uso sustentável dos oceanos e dos ecossistemas
terrestres e crescimento econômico inclusivo.
O prazo para o que a Cepal considera
uma agenda de transformação civilizatória, contudo, pode não ser suficiente
para que a mudança ocorra. “Nos próximos anos, com as incertezas que ainda
existem acerca do desempenho da economía mundial e à luz do baixo dinamisno
recente da região (as taxas de crescimento se situam em torno de 1%), o desafio
de cumprir com os objetivos do desenvolvimento sustentável se torna mais
difícil”, destaca o relatório.
Diante dessa situação, a secretária
executiva da Cepal, Alicia Bárcena, alerta que é preciso combater a
desigualdade. “A desigualdade é o rosto dos privilégios. A cultura do
privilégio é o que faz e naturaliza a desigualdade. E isso é o que tem que ser
rompido”, disse na abertura da reunião multilateral.
Bárcena apontou que é preciso que os
Estados desenvolvam políticas que contribuam para a concretização dos
objetivos. “A única cifra de pobreza aceitável é zero, isso é o que diz a
Agenda 2030”, disse. O relatório da Cepal aponta, nesse sentido, que devem ser
desenvolvidas “importantes iniciativas nas áreas de arrecadação,
redistribuição, fortalecimento de instituições e inovação em políticas públicas
para atuar no campo social”.
Crise ambiental
Quanto à questão ambiental, a Cepal
aponta que, desde a metade do século XX, o número de eventos extremos
relacionados à mudança climática cresceu de forma constante. Na reunião os
participantes destacaram que as mudanças climáticas têm favorecido a ocorrência
de eventos extremos, como temperaturas extremas, inundações, deslizamentos,
incendios e tempestades, os quais atingiram cerca de 160 mil pessoas nos
últimos anos.
“O impacto desses eventos na
população não é homogêneo. Por exemplo, estima-se que a perda econômica para a
população que vive na pobreza é duas a três vezes maior do que para aqueles que
não são pobres”, alerta o relatório da organização. Diante desses fatos, a
Cepal defende políticas estruturais de adaptação e o estímulo ao crescimento
pautado pelo baixo uso de carbono.
Agência
Brasil
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