A ONU denunciou nesta terça-feira (24) a "pressão
constante" exercida pela Autoridade Palestina sobre a liberdade de
expressão, após a detenção, na Cisjordânia ocupada, de cerca de 20
manifestantes, incluindo ativistas a favor dos direitos humanos, e solicitou sua
libertação "imediata".
Ramallah tem sido palco de manifestações frequentes,
em frente à sede da Autoridade Palestina, desde a morte do ativista Nizar Banat
no final de junho. Ele se encontrava sob custódia das forças de segurança
palestinas quando morreu.
Nos protestos, os manifestantes exigem justiça e pedem
a renúncia do presidente Mahmud Abbas, de 86 anos, desde 2005 no poder.
No último sábado (21), ao menos 23 pessoas foram
detidas pelas forças de segurança palestinas por participarem de uma manifestação
em Ramallah, relata o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos
Humanos. Segundo este órgão, 21 pessoas foram presas "antes mesmo de
iniciar qualquer manifestação".
Também houve outras detenções, incluindo a de
conhecidos ativistas políticos e de direitos humanos, disse o escritório da
ONU, acrescentando que pelo menos 13 foram soltos sob fiança no domingo. Outros
13 ainda estariam presos.
"Este é o último incidente, no qual as
autoridades palestinas prenderam, ou perseguiram, pessoas que tentavam
expressar sua opinião de forma pacífica", denunciou este órgão da ONU em
um comunicado.
De acordo com as Nações Unidas, a maioria das pessoas
foi acusada de reunião ilegal, incitação ao conflito sectário e difamação das
autoridades. A organização solicitou sua "libertação imediata sem
acusações".
A AFP não conseguiu contato com o escritório do
governo palestino para pedir que comentasse as declarações do Alto Comissariado
das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Na segunda-feira, um grupo de cerca de 20 organizações
da sociedade civil palestina alertaram sobre "um declínio perigoso nos
direitos e nas liberdades públicas" nos territórios.
Além de denunciar essas detenções, a representação da
União Europeia (UE) nos Territórios Palestinos solicitou à Autoridade Palestina
que "conclua rapidamente as investigações sobre a morte de Nizar Banat, de
maneira transparente".
Banat era conhecido pelos vídeos críticos a Abbas
publicados nas redes sociais. Neles, acusava o presidente de corrupção. Foi
detido no final de junho e depois levado sob custódia, segundo sua família, que
acusam as forças de segurança palestinas de terem-no "assassinado".
AFP
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