Sobre o solo seco onde antes havia um lago, a barragem de 42 metros de altura mais se parece a uma muralha em meio a um cânion de rochas esculpidas pelo homem: “Faz mais de três anos que as comportas não são abertas para escoar a água em excesso, só verificação de segurança”, explica Mauro Sergio Santos, supervisor da Usina Hidrelétrica de Emborcação, na divisa de Minas Gerais e Goiás.
No
dia 22 de julho, o reservatório da usina - terceiro maior de toda região
sudeste e centro-oeste, guardava pouco mais de 15% da capacidade. “Se a água
baixar mais oito metros temos de suspender a operação”, alerta.
Enquanto
a água não vem, as turbinas operam abaixo do seu potencial para conter a
diminuição da represa. Com capacidade de gerar 1.200 MW, suficiente para
atender 2 milhões de pessoas, Emborcação vem gerando um quarto disso, e ainda
assim, para não afetar as usinas localizadas rio abaixo. Tudo funciona como
cascata, regulado pelo ONS; conter água em uma barragem significa esvaziar a
usina abaixo.
A
região central do país, que reúne as regiões e bacias do Sudeste e
Centro-Oeste, é a caixa d’água do sistema energético do país, guardando 70% de
toda a água usada em usinas hidrelétricas brasileiras. São mares que banham
regiões distantes do mar, como Goiás, Minas Gerais e o noroeste de São Paulo.
Mares que em alguns pontos recuaram até 500 metros na pior seca registrada na
região.
“Os
reservatórios de Emborcação e Nova Ponte estão com os piores níveis da
história”, aponta Ivan Carneiro, gerente de planejamento energético da Cemig,
estatal de geração do governo mineiro. E a tendência é piorar.
A
última nota técnica do ONS (Operador Nacional do Sistema), de 22 de julho,
chama atenção para o com o esgotamento de praticamente todos os recursos até o
fim do mês de novembro, quando são esperadas as chuvas capazes de repor os
reservatórios. “Temos um bom tempo sem chuvas aí pela frente, o que exige um
grande esforço de gestão do sitema”, diz Carneiro.
O
núcleo da caixa d’água nacional é o Triângulo Mineiro e regiões fronteiriças,
guardando mais de um terço de toda a água para a geração de energia,
principalmente nos rios Paranaíba e Grande - este último, onde fica Furnas.
É
uma área onde vive cerca de 1% da população do país, mas que além das enormes
represas, mantém o SIN (Sistema Interligado Nacional) com mais de 10% do total
da energia hidrelétrica gerada. E é justamente onde a estiagem vem batendo mais
forte.
O
mapa das secas, órgão federal com participação dos Estados, registra manchas de
seca extrema ou excepcional com núcleo no pontal do Triângulo, justamente onde
os rios Paranaíba e Grande se encontram.
“A última
chuva que tivemos por aqui foi no começo de abril; dois meses antes do normal;
de lá pra cá só seco, e daqui pra frente vai piorar, porque em agosto começa um
vento quente e seco que parece um secador de cabelo tirando a umidade de tudo”,
conta o aposentado e pequeno criador de gado Joaquim Lopes, morador de Prata.
Crise dentro da crise
Ao
contrário de outras fontes de energia, as hidrelétricas têm um impacto não
apenas no abastecimento, mas na ampliação de locais de lazer, abastecimento de
água urbano e rural, irrigação de culturas agrícolas, bem como no meio ambiente
do entorno.
A
reportagem do Yahoo vem percorrendo todo este núcleo de secas para entender a
dimensão local e nacional do fenômeno.
A
seca de 2021 não é um fenômeno isolado nem pontual, mas sim a continuação de um
período de verões chuvosos mais curtos e invernos secos mais longos iniciado em
2019.
“As
pesquisas vêm mostrando que, na realidade, desde a década de 1990 o período
chuvoso vem sendo mais curto e menos volumoso, mas este ano houve uma junção de
fatores que criou este extremo”, explica Roberto Atarassi, doutor em recursos
hídricos e agrometeorologia e professora da UFU (Universidade Federal de
Uberlândia).
“Os
estudos vêm mostrando que as mudanças climáticas, junto com o desmatamento da
Amazônia, vem diminuindo a quantidade de chuvas em toda a região nas últimas
décadas”, completa.
Um
estudo de 2010 aponta que os efeitos do desmatamento do cerrado sobre a
precipitação do bioma parecem ser relevantes, uma vez que mais da metade da
vegetação nativa do bioma foi convertida em outros usos.
Aproveitado
pela agropecuária há décadas, e nos últimos 20 anos sofrendo os impactos do
boom das commodities como milho e soja, grande parte do núcleo seco não possui
mais a cobertura vegetal original, enquanto o código florestal exige manutenção
de 20% de áreas de proteção nas fazendas.
Apesar
de se anunciar há décadas, a atual crise hídrica, que já supera a de 2001, vem
se somar à crise sanitária e econômica pela qual passa o país, criando uma
tempestade perfeita, na visão da gerente de pesquisas da ONG Instituto
Escolhas, Larissa Rodrigues.
“Justamente
no momento em que a economia começa a reaquecer, com o processo de vacinação
finalmente se acelerando, vem essa ameaça de apagão”, comenta.
Para
ela, faltou atuação direta do Ministério de Minas e Energia para tentar evitar
o colapso: “Já faz 20 anos que vemos esse cenário de quedas nos reservatórios,
e nada foi feito em uma pasta retrógrada e que se limitou a contratar
termelétricas, mais caras e poluentes”, critica.
Com
as indústrias já aplicando medidas de racionamento como alterar os horários de
produção para fora dos horários de pico desde o fim de maio, o pior cenário
seria o esvaziamento dos reservatórios a ponto de as termelétricas e a energia
importada não suprir a demanda nacional crescente.
Enquanto
o país caminha às margens do precipício, o Congresso e o presidente Jair
Bolsonaro (Sem Partido) caminham para a privatização da Eletrobras — contestada
nesta sexta-feira (23) no Supremo — no que poderia prejudicar o já mal
gerenciado setor hídrico.
Gustavo Basso, Yahoo notícias
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