Apesar dos lockdowns globais, 2020 teve aumento médio da temperatura de 1,25 ºC em relação à era pré-industrial, assim como 2016. Europa tem o ano ainda mais quente já registrado.
O ano de 2020 foi o mais quente já registrado no
mundo, juntamente com 2016, finalizando uma década de temperaturas recorde que
evidenciam a urgência de uma atuação contra o aquecimento global, afirmou nesta
sexta-feira (08/01) o Copernicus, serviço da União Europeia de monitoramento
das mudanças climáticas.
O aumento médio da temperatura global foi de 1,25 ºC
em relação à era pré-industrial, tal como 2016. Os anos de 2014 a 2020 foram os
mais quentes já registrados, sendo que 2020 e 2016 alcançaram o recorde para um
ano isolado.
Os cientistas apelaram para que governos e empresas
diminuam drasticamente suas emissões, a fim de que haja uma chance de se
alcançarem as metas do Acordo de Paris de 2015 e de evitar uma catastrófica
crise climática.
"Os eventos climáticos extraordinários de 2020 e
os dados do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus nos mostram que não
temos tempo a perder", alertou Matthias Petschke, diretor do Programa
Espacial da Comissão Europeia, braço executivo da UE.
Europa tem recorde de temperatura
Já a Europa teve seu ano mais quente já registrado,
com um aumento de 0,4 ºC em relação ao recorde de 2019, enquanto a Alemanha viu
seu segundo ano mais quente, de acordo com o Serviço Meteorológico Alemão.
Em 2020 registrou-se um aumento de 0,6 ºC em relação
às temperaturas médias entre 1981 e 2010. O maior salto foi visto no Oceano
Ártico e no norte da Sibéria, onde as temperaturas atingiram um nível sem
precedentes de 6 ºC acima da média anterior.
O relatório também revelou que as emissões de dióxido
de carbono continuaram a aumentar, atingindo um novo máximo de 431 partes por
milhão no fim do ano.
Sem ajuda de El Niño
Os números são particularmente alarmantes porque em
2020 foram alcançados sem a ajuda do evento climático El Niño, que somou ente
0,1 e 0,2 ºC ao recorde de 2016, de acordo com a Nasa e o serviço estatal de
meteorologia do Reino Unido.
"É claro que sem os impactos de El Niño e de La
Niña nas respectivas temperaturas de 2016 e 2020, este ano teria sido o mais
quente já registrado", disse à agência de notícias AFP Zeke Hausfather,
diretor de clima e energia do Breakthrough Institute em Oakland, Califórnia.
O aumento da temperatura acarretou outros eventos
climáticos extremos, como secas, ondas de calor e inundações. Em 2020, o mundo
também foi atingido por um número recorde de furacões no Atlântico, a ponto de
a Organização Meteorológica Mundial (OMM) ficar sem letras para nomeá-los.
Recorde apesar de lockdown
Em 2015, o mundo concordou em manter o aumento da
temperatura global em relação à era pré-industrial "bem abaixo" de 2
ºC, e se possível abaixo de 1,5 ºC. Um relatório do painel consultivo da ONU
para o clima, o IPCC, não deixou dúvidas de que um aumento de 1,5 ºC seria
desastroso.
O recorde de 2020 é registrado apesar dos bloqueios
globais devido à pandemia de coronavírus, que levaram a uma queda dramática de
7% nas emissões.
"Como o CO2 se acumula na atmosfera como a água
numa banheira, se fecharmos a torneira 7%, o nível de CO2 sobe um pouco mais
lentamente", explicou Stefan Rahmstorf, diretor no Instituto Potsdam de
Pesquisa de Impacto Climático à agência de notícias AFP. "Precisamos
fechar a torneira para conseguir um clima estável novamente."
No entanto, as emissões seguiram uma tendência
ascendente em 2019, e o desejo dos governos de todo o mundo de voltar às
atividades econômicas normais não é um bom presságio. Mesmo se todos os países
cumprissem suas promessas do Acordo de Paris, a temperatura global ainda
aumentaria 3 ºC até o final do século.
"O mundo está aquecendo a uma taxa constante de
cerca de 0,2 ºC por década desde 1970, devido às emissões humanas de CO2 e
outros gases do efeito estufa", observou o climatologista Zeke Hausfather.
"Se continuarmos em nossa taxa atual, passaremos de 1,5 ºC em meados da
década de 2030."
Da Deutsche Welle
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