A Suprema Corte dos Estados Unidos
aceitou analisar a política de discriminação positiva na universidade que
beneficia latinos e afro-americanos depois que a população de origem asiática
se sentiu discriminada.
Nos
últimos tempos, o tribunal de maioria conservadora vem acumulando casos
polêmicos, como aborto, armas de fogo e vacinação obrigatória. Agora, avaliará
os mecanismos de seleção vigentes na prestigiosa Universidade de Harvard e na
Universidade Pública da Carolina do Norte.
Esses
centros, como muitos outros nos Estados Unidos, levam em conta critérios
étnicos para garantir a diversidade estudantil e corrigir a sub-representação de
jovens negros e latinos.
Os
candidatos de origem asiática, reunidos na associação "Estudantes pelo
ingresso justo", entraram com ações na Justiça em 2014 porque se sentiam
discriminados por esses dispositivos.
Segundo
eles, os estudantes de origem asiática estão proporcionalmente
sub-representados nesses estabelecimentos, apesar de seus resultados acadêmicos
serem superiores à média.
Após
perder na primeira instância e na apelação, mesmo com o apoio do então
presidente Donald Trump, a associação recorreu ao Supremo, que, ao aceitar o
recurso, indicou que poderia dar razão aos querelantes.
Se
esse for o caso, representaria uma mudança depois de décadas de controvérsia
sobre os programas de cotas introduzidos no fim da década de 1960 para corrigir
as desigualdades derivadas do passado racista e segregacionista dos Estados
Unidos.
A
direita é crítica à política de cotas, enquanto os estudantes brancos afirmam
que são vítimas de "discriminação inversa".
Até
o momento, essas demandas nunca foram adiante. O próprio Supremo ditou em 2003
que as universidades poderiam levar em consideração determinados critérios
raciais sempre que estes estivessem destinados a garantir a diversidade do
corpo discente.
Contudo,
a máxima instância da Justiça nos Estados Unidos, onde seis dos nove
magistrados são conservadores, incluídos três indicados por Trump, poderia
reverter essa tendência, justo no momento em que também parece disposta a
reconsiderar o direito ao aborto.
O
governo do presidente democrata Joe Biden, que tem um ponto de vista
completamente antagônico ao de seu antecessor, pediu ao Supremo que não tomasse
esse caminho, pelo "interesse inegável em matéria educativa de ter um
corpo estudantil diverso".
AFP
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