Pesquisa foi realizada em todas as regiões do país
Pesquisa
realizada em todas as regiões do país mostrou que 66% das pessoas têm a
intenção de participar de ao menos uma atividade cultural após a flexibilização
das medidas de restrição impostas devido à pandemia de covid-19. No entanto,
entre aquelas que pretendem fazer as atividades, 46% ainda não se sente seguro
em realizá-las. Os dados são da pesquisa “Hábitos culturais pós pandemia e
reabertura das atividades culturais”, realizada em conjunto pelo Itaú Cultural
e Datafolha.
A
intenção de participar de atividades culturais é maior entre os solteiros
(70%), em relação aos casados (61%), e indivíduos sem filhos (73%) na
comparação com o grupo dos que se declararam pais (62%). O interesse na
retomada da agenda cultural é mais intenso entre as pessoas de 25 a 34 anos
(74%) e entre os jovens de 16 a 24 (71%). O índice é menor no segmento de
adultos de 35 a 44 anos (61%) e de 45 a 65 anos (60%).
Segundo
a pesquisa, em questionamento de múltipla escolha, o cinema é apontado por 44%
dos indivíduos como atividade a ser realizada na retomada da agenda cultural,
40% manifestaram interesse em shows, 38% em atividades infantis, 36% apontaram
bibliotecas, mesmo percentual indicado para centros culturais. Teatro ficou com
30%, seguido por museus (29%), dança (29%), circo (29%) e saraus (25%).
Restrições
A
preferência entre aqueles que fariam alguma atividade cultural é por eventos em
lugares abertos, sendo que 84% respondeu que faria atividades nesses espaços.
No caso de locais fechados, a dificuldade deverá ser maior para atrair público,
já que 56% disse que não participaria de atividades em locais nestas condições.
Além
disso, a pesquisa indica aumento da preferência para atividades próximas de
casa, sem necessidade de uso de transporte. Antes da pandemia, apenas 28% tinha
preferência em realizar atividades culturais no próprio bairro, enquanto após a
pandemia esse índice passou para 47%. Antes da pandemia, 58% disseram que se
deslocavam para outros bairros para realizar atividades culturais. Após a
flexibilização, um percentual de 44% manifestou a intenção de ir a outros
bairros.
O
diretor do Itaú Cultural Eduardo Saron lembrou que as periferias estão cada vez
mais se tornando centros de cultura, com essa tendência da diminuição do
deslocamento das pessoas. Questionado sobre a necessidade de fomento e da
distribuição na cena cultural no período pós-pandemia ele respondeu que isso “é
algo a ser observado nos próximos tempos e ser testado dessa necessidade de
atividades mais próximas e, mais do que isso, necessidade das pessoas serem
mais protagonistas das suas atividades”.
Mesmo
aqueles que declararam a intenção de participar das atividades culturais, 46%
ainda não se sente seguro para a retomada. O percentual dos que se sentem
seguros é maior no Sudeste (58%), Sul (57%) e Centro-Oeste (55%). No Norte, 52%
se dizem seguros para o retorno, e no Nordeste, são 48%. A pesquisa apontou
ainda maior sensação de segurança nas regiões metropolitanas (57%) do que em
cidades do interior do país (52%).
Protocolos
esperados
A
pesquisa levantou ainda os protocolos de segurança esperados dos espaços
culturais pelo público. Nas respostas espontâneas, 58% dos entrevistados
apontaram como procedimento de segurança manter distanciamento, ter espaço e
evitar aglomerações; em seguida veio a obrigatoriedade do uso de máscara e
adoção correta do equipamento de proteção (55%); e disponibilização de
equipamentos para higienização dos visitantes (53%). Para 17%, apenas a
disponibilização de uma vacina para a covid-19 poderia gerar segurança.
Limpeza
e higienização dos ambientes tiveram 9% das menções, seguida por orientação e
conscientização do público (5%), mesmo índice obtido por disponibilização de
local arejado e ventilado. Aferição de temperatura (4%), uso de luvas (2%) e
cumprir todos os protocolos recomendados pelas autoridades (2%) também
receberam foram apontados pelos respondentes.
“O
que notamos na pesquisa é que as pessoas que pretendem fazer alguma atividade
cultural nos próximos meses querem fazer, mas está muito evidente que elas
querem o uso da máscara, que elas querem o distanciamento social. O fato é que
um conjunto de coisas precisam mais do que serem oferecidos, precisam ser ditos
que estão sendo cumpridos para que as pessoas se sintam de fato confortáveis,
seguras para poder ir nessas atividades”, disse Eduardo Saron.
Em
relação às respostas estimuladas, com atribuição de notas de 0 a 10 para cada
procedimento, a pesquisa identificou que todos os protocolos são valorizados
pelo público. A maior parte das pessoas atribuiu nota máxima quando valorizaram
limpeza e higienização (91% dos entrevistados), disponibilidade de álcool gel
(87%), treinamento de equipe para orientar o público (84%), arquitetura
remodelada (79%), medição de temperatura (70%), ter horários para público
preferencial (65%) e ter horários agendados (63%).
“O
que eu acho que a pesquisa indica de uma forma clara é que é necessário você
tangibilizar isso para os seus frequentadores, então você precisa mostrar que
você está cuidando da segurança dele, de todos ali envolvidos, acho que essa
demonstração precisa ficar expressa, clara para as pessoas. E ali tem algumas
sugestões, algumas possibilidades, que podem ser abarcadas”, disse Paulo Alves,
gerente de pesquisa de mercado do Datafolha.
Exclusão
A
pesquisa revelou também uma grande exclusão dos brasileiros de atividades
culturais antes da pandemia no país. As pessoas que não realizaram atividades
culturais nos 12 meses anteriores à pesquisa somam 48% da amostra, embora 92%
tenham informado ter realizado alguma atividade cultural ao longo da vida. “A
pesquisa mostrou que muitos brasileiros vivem à margem de experiências
culturais”, diz Eduardo Saron.
A
exclusão afeta especialmente os moradores de cidades do interior do país, onde
54% estão nesta condição. Nas regiões metropolitanas, o índice de pessoas que
disseram não ter participado de atividades culturais nos 12 meses antes da
pandemia foi de 41%. O fenômeno afeta mais os indivíduos mais velhos, de 45 a
65 anos, estrato em que 63% não participaram de atividades culturais neste
intervalo de tempo.
Em
relação à classe social, 76% das pessoas nas classes A e B e 56% da classe C
participaram de atividades culturais, enquanto apenas 29% das classes D e E
realizaram alguma atividade de cultura nos 12 meses anteriores à pesquisa.
A
escolaridade também influenciou no acesso: 73% dos indivíduos com formação
restrita ao ensino fundamental não participaram de atividades culturais no
intervalo analisado. Entre os que têm ensino superior, apenas 18%
experimentaram essa limitação.
Na
Agência Brasil
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