Após 18 meses de negociações, o Senado dos Estados Unidos aprovou neste domingo(7) o ambicioso plano do presidente Joe Biden para o clima e saúde, uma vitória a menos de 100 dias de eleições fundamentais.
Apenas com seus votos, os
democratas aprovaram o plano de mais de US$ 430 bilhões, que retornará à Câmara
dos Representantes na próxima semana para uma votação final e depois será
sancionado por Biden.
Biden comemorou a decisão do
Senado e reconheceu que nem todos estão felizes com o resultado final.
"Isso exigiu muito
compromisso", disse Biden em um comunicado. "A Câmara dos
Representantes deve aprová-lo o mais rápido possível e estou ansioso para
transformá-lo em lei", acrescentou.
- Veículos elétricos -
Produto de difíceis
compromissos com a ala direita do Partido Democrata, a iniciativa, apelidada de
"Lei de Redução da Inflação", inclui 370 bilhões de dólares para
reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 40% antes de 2030. Com essa
reforma, cada americano receberá até 7.500 dólares em créditos fiscais para a
compra de um carro elétrico.
A instalação de painéis
solares nos telhados será reembolsada em 30%. Essa reforma possibilitaria
fortalecer a resistência das florestas diante dos violentos incêndios que
assolam o oeste do país, cuja multiplicação tem sido atribuída diretamente ao
aquecimento global.
Vários bilhões de dólares em
créditos tributários também serão oferecidos às indústrias mais poluidoras para
ajudá-las em sua transição energética, medida fortemente criticada pela
esquerda do partido.
- Reclamações -
No sábado, os senadores
finalmente começaram a debater o texto na Câmara por quinze horas
ininterruptas, analisando dezenas de emendas.
O influente senador de
esquerda Bernie Sanders apresentou diversas emendas que visam reforçar o
aspecto social do texto, que nos últimos meses foi consideravelmente cortado.
O texto prevê investimentos
de 64 bilhões de dólares em saúde e a redução gradual do preço de alguns
medicamentos, que nos Estados Unidos podem ser até dez vezes mais caro do que
em outros países ricos.
Mas os progressistas tiveram
que abandonar suas ambições de creches e faculdades públicas gratuitas e
melhores cuidados para os idosos.
"Milhões de aposentados
continuarão com dentes podres e não receberão as dentaduras, aparelhos
auditivos ou óculos que merecem", criticou Sanders.
Paralelamente a esses
investimentos maciços, o projeto de lei visa reduzir o déficit público com um
novo imposto mínimo de 15% para todas as empresas cujos lucros ultrapassem um
bilhão de dólares.
Pretende, assim, evitar que
algumas grandes empresas utilizem as brechas fiscais que lhes permitiram pagar
uma taxa muito inferior à teórica. Estima-se que essa medida possa gerar mais
de 258 bilhões de receitas federais nos próximos 10 anos.
AFP, Camille CAMDESSUS
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