domingo, 7 de agosto de 2022

Guerra na Ucrânia: por que maior usina nuclear da Europa está fora de controle, segundo ONU

Um soldado russo na Usina Nuclear de Zaporizhzhia em Energodar em 1º de maio de 2022 (foto foi tirada durante uma viagem de mídia organizada pelo exército russo)

Uma enorme usina nuclear ocupada pela Rússia durante a invasão da Ucrânia está "completamente fora de controle", disse o chefe da agência nuclear da ONU.

 

Em entrevista à agência de notícias Associated Press, o argentino Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), afirmou que a fábrica de Zaporizhzhia, no sul ucraniano, precisava de uma inspeção e de reparos.

"Há uma série de coisas que nunca deveria estar acontecendo em nenhuma instalação nuclear", assinalou.

A maior usina nuclear da Europa está localizada perigosamente perto dos combates.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, acusou a Rússia no início desta semana de usar a usina, invadida em março, como base militar para lançar ataques contra forças ucranianas.

A Ucrânia diz que os russos estacionam tropas e armazenam equipamentos militares nos terrenos da usina, localizada no rio Dnipro, no sul da Ucrânia.

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Mas um funcionário russo que atua na região alegou à agência de notícias Reuters que forças ucranianas estavam usando armas fornecidas pelo Ocidente para atacar a usina.

Segundo Yevgeny Balitsky, a Rússia está pronta para mostrar à AIEA como vem protegendo a instalação nuclear dos ataques dos ucranianos.

Quando os russos tomaram a usina, o bombardeio das instalações causou um clamor internacional.

A usina ainda está operante, com funcionários ucranianos sob controle russo.

Em uma entrevista coletiva na sede da ONU em Nova York, Grossi disse: "A situação é muito frágil. Todos os princípios de segurança nuclear foram violados de uma forma ou de outra e não podemos permitir que isso continue".

O diretor-geral da AIEA disse que estava tentando montar uma missão o mais rápido possível para visitar a instalação, mas isso exigia a aprovação dos lados ucraniano e russo, bem como autorização da ONU, dados os riscos envolvidos em visitar a zona de guerra.

Em junho, a estatal nuclear da Ucrânia disse que o país não havia convidado a agência da ONU, pois qualquer visita legitimaria a presença da Rússia ali.

Nesta semana, Grossi disse que ele e sua equipe precisavam de proteção para chegar a Zaporizhzhia — ou seja, da cooperação da Rússia e da Ucrânia. "Estou pedindo a ambos os lados que deixem esta missão prosseguir", disse ele.

Os contatos da agência da ONU com a equipe da instalação foram "irregulares" e a cadeia de suprimentos de equipamentos e peças sobressalentes está interrompida, explicou Grossi à AP. Havia também muito material nuclear que precisava ser inspecionado, acrescentou.

"Enquanto esta guerra continua, a inação é inconcebível", disse ele. "Se ocorrer um acidente na Usina Nuclear de Zaporizhzhia, não teremos um desastre natural para culpar — teremos que responder apenas a nós mesmos. Precisamos do apoio de todos."

Acusando os russos de usar a usina como um "escudo nuclear", o secretário Blinken disse: "É claro que os ucranianos não podem revidar para que não haja um terrível acidente envolvendo a usina nuclear".

Em 1986, o norte da Ucrânia foi palco do pior desastre nuclear do mundo quando um reator na usina de Chernobyl explodiu.

As forças russas também tomaram Chernobyl logo após a invasão em 24 de fevereiro deste ano, mas se retiraram após cinco semanas. Computadores no local foram saqueados ou danificados, mas as estruturas principais na usina desativada não foram afetadas.

BBC News, Claudia Allen e Patrick Jackson 


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