Um soldado russo na Usina Nuclear de Zaporizhzhia em Energodar em 1º de maio de 2022 (foto foi tirada durante uma viagem de mídia organizada pelo exército russo) |
Uma enorme usina nuclear ocupada pela Rússia durante a invasão da Ucrânia está "completamente fora de controle", disse o chefe da agência nuclear da ONU.
Em
entrevista à agência de notícias Associated Press, o argentino Rafael Grossi,
diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), afirmou que a
fábrica de Zaporizhzhia, no sul ucraniano, precisava de uma inspeção e de
reparos.
"Há
uma série de coisas que nunca deveria estar acontecendo em nenhuma instalação
nuclear", assinalou.
A
maior usina nuclear da Europa está localizada perigosamente perto dos combates.
O
secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, acusou a Rússia no início desta
semana de usar a usina, invadida em março, como base militar para lançar
ataques contra forças ucranianas.
A
Ucrânia diz que os russos estacionam tropas e armazenam equipamentos militares
nos terrenos da usina, localizada no rio Dnipro, no sul da Ucrânia.
'Há
risco claro de acidente nuclear na Ucrânia', diz chefe da ONU para energia
atômica
Garoto
de 11 anos foge sozinho da Ucrânia em percurso de 1.200 km
Mas
um funcionário russo que atua na região alegou à agência de notícias Reuters
que forças ucranianas estavam usando armas fornecidas pelo Ocidente para atacar
a usina.
Segundo
Yevgeny Balitsky, a Rússia está pronta para mostrar à AIEA como vem protegendo
a instalação nuclear dos ataques dos ucranianos.
Quando
os russos tomaram a usina, o bombardeio das instalações causou um clamor
internacional.
A
usina ainda está operante, com funcionários ucranianos sob controle russo.
Em
uma entrevista coletiva na sede da ONU em Nova York, Grossi disse: "A
situação é muito frágil. Todos os princípios de segurança nuclear foram
violados de uma forma ou de outra e não podemos permitir que isso
continue".
O
diretor-geral da AIEA disse que estava tentando montar uma missão o mais rápido
possível para visitar a instalação, mas isso exigia a aprovação dos lados
ucraniano e russo, bem como autorização da ONU, dados os riscos envolvidos em
visitar a zona de guerra.
Em
junho, a estatal nuclear da Ucrânia disse que o país não havia convidado a
agência da ONU, pois qualquer visita legitimaria a presença da Rússia ali.
Nesta
semana, Grossi disse que ele e sua equipe precisavam de proteção para chegar a
Zaporizhzhia — ou seja, da cooperação da Rússia e da Ucrânia. "Estou
pedindo a ambos os lados que deixem esta missão prosseguir", disse ele.
Os
contatos da agência da ONU com a equipe da instalação foram
"irregulares" e a cadeia de suprimentos de equipamentos e peças
sobressalentes está interrompida, explicou Grossi à AP. Havia também muito
material nuclear que precisava ser inspecionado, acrescentou.
"Enquanto
esta guerra continua, a inação é inconcebível", disse ele. "Se
ocorrer um acidente na Usina Nuclear de Zaporizhzhia, não teremos um desastre
natural para culpar — teremos que responder apenas a nós mesmos. Precisamos do
apoio de todos."
Acusando
os russos de usar a usina como um "escudo nuclear", o secretário
Blinken disse: "É claro que os ucranianos não podem revidar para que não
haja um terrível acidente envolvendo a usina nuclear".
Em
1986, o norte da Ucrânia foi palco do pior desastre nuclear do mundo quando um
reator na usina de Chernobyl explodiu.
As
forças russas também tomaram Chernobyl logo após a invasão em 24 de fevereiro
deste ano, mas se retiraram após cinco semanas. Computadores no local foram
saqueados ou danificados, mas as estruturas principais na usina desativada não
foram afetadas.
BBC
News, Claudia Allen e Patrick Jackson
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