O Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh) pediu neste
sábado (20) a libertação do bispo de Matagalpa Rolando Álvarez, um crítico do
governo de Daniel Ortega, levado à força na sexta-feira para Manágua e posto em
prisão domiciliar.
"Monsenhor (Álvarez)
tem que voltar à sua diocese e ser livre dentro de seu país", pediu o
Cenidh em um comunicado publicado em suas redes sociais.
"Exigimos liberdade
para todos o sacerdotes e laicos que estão em (a prisão) El Chipote",
acrescentou.
A ONG de defesa dos
direitos humanos foi proscrita em 2018 pelo Parlamento, no contexto de uma
crise política resultante dos protestos antigovernamentais que, segundo a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos, deixaram 355 mortos e milhares de
exilados.
A polícia invadiu na
madrugada de sexta-feira a cúria de Matagalpa, no norte do país, onde Álvarez
era mantido sob vigilância das forças de segurança desde 4 de agosto, e o
transferiu à força para Manágua.
A condição física de
Álvarez, de 55 anos, "está deteriorada", mas seu "ânimo e
espírito estão fortes", disse a Arquidiocese de Manágua, presidida pelo
cardeal Leopoldo Brenes.
As autoridades abriram uma
investigação sobre o líder eclesiástico por "organizar grupos
violentos" e incitar o "ódio" para "desestabilizar o Estado
da Nicarágua".
Antes de ser sitiado na
cúria, onde mora e trabalha, Álvarez denunciou o fechamento pelas autoridades
de cinco rádios católicas e exigiu respeito à "liberdade" religiosa.
A Conferência Episcopal do
México lamentou neste sábado (20) a delicada situação da Igreja na Nicarágua,
que se "agrava" a cada dia, e uniu-se a outras conferências do
continente para exigir "a libertação imediata" de Álvarez e seus
colaboradores.
Enquanto isso, o
arcebispado da Venezuela condenou os acontecimentos, que descreveu como uma
expressão "hostil" contra a Igreja e demonstra a "grave
deterioração" dos direitos e garantias dos nicaraguenses, instando
igualmente o respeito à vida e à integridade do clero e a liberdade de culto e
religião para todos.
A detenção do bispo é o
episódio mais recente de uma série de desencontros entre o governo e a Igreja
Católica a partir de 2018, quando os templos deram refúgio a manifestantes
feridos nos protestos ocorridos naquele ano.
O governo acusa os bispos
de terem se aliado à oposição para tirar Ortega do poder em um golpe de Estado
frustrado promovido por Washington.
Ortega, um ex-guerrilheiro
de 76 anos, governou o país pela primeira vez entre 1979 e 1990. Ele perdeu as
eleições naquele ano para uma coalizão de direita e voltou ao poder em 2007,
onde se mantém depois de três reeleições consecutivas.
AFP
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