sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Por MP, governo regulamenta acesso gratuito de alunos à web



Iniciativa atinge os estudantes da rede pública de famílias inscritas no Cadastro Único; previsão é de distribuir 700 mil chips

 

O presidente Jair Bolsonaro instituiu, por meio de Medida Provisória (MP), o Programa Internet Brasil, que prevê acesso gratuito à internet em banda larga móvel a alunos da educação básica da rede pública de ensino, com famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚni-co) do governo federal. Em março, Bolsonaro foi criticado ao vetar projeto de lei parecido aprovado pelo Congresso.

Publicada ontem no Diário Oficial da União (DOU), a MP já está em vigor- para ter validade permanente, porém, o Congresso precisa aprová-la em até quatro meses. O programa é de responsabilidade do Ministério das Comunicações (MCom), com o apoio do Ministério da Educação (MEC).

Os alunos terão acesso à internet por meio de chip, de pacote de dados ou de 'outros dispositivos'. O objetivo é permitir que eles acessem recursos educacionais digitais e realizem atividades pedagógicas não presenciais, além de promover a inclusão digital das famílias e apoiar políticas públicas que necessitem de conexão à rede. Em um primeiro momento, o programa será tocado como piloto nos municípios de abrangência do Programa Nordeste Conectado, conforme informou o MCom em nota. A previsão é de distribuir 700 mil chips no início de 2022. Para isso, o aporte financeiro será de R$ 139,5 milhões.

Conforme a MP, o benefício pode ser concedido a diferentes estudantes de uma mesma família. O governo destaca ainda que o programa pode 'alcançar outras pessoas físicas' que sejam beneficiárias de políticas públicas federais. A gestão, a coordenação, a transparência, o monitoramento e a avaliação de resultados serão função do MCom. Já o MEC deve apoiar as ações de gestão, monitoramento e avaliação.

PILOTO. O programa deve ser implementado de forma gradual, conforme a disponibilidade orçamentária e financeira, bem como os requisitos técnicos para o serviço. Não há referência a datas e prazos. Segundo o MCom, ele será executado em caráter piloto em parceria com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).

Apesar da promessa de distribuir 700 mil chips no início do ano letivo, o ministério destaca que, por ora, 'não haverá distribuição de itens de acesso, como telefone ou modem'. Os recursos virão principalmente de 'dotações orçamentárias da União; contrapartidas financeiras de origem pública ou privada; doações públicas ou privadas; e outros recursos oriundos de fontes nacionais e internacionais', segundo o artigo 4.0 da medida.

Já o monitoramento, diz a pasta, será feito por meio de um aplicativo específico a ser instalado pelo aluno beneficiário, respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a privacidade do indivíduo.

PROJETO VETADO. Em março deste ano, Bolsonaro vetou integralmente um projeto de lei semelhante aprovado pelo Congresso. O PL 3.477/2020, de autoria do deputado federal Idilvan Alencar (PDT-CE),ga-rantiria R$ 3,5 bilhões da União para custear serviços de internet a alunos e professores da escola pública. A justificativa do veto foi de que o PL não apresenta a estimativa do respectivo impacto orçamentário e financeiro, violando regras constitucionais, fiscais e orçamentárias (Regra de Ouro).

No início de junho, o Congresso derrubou o veto presidencial, e O PL se tornou a Lei 14.172 (Lei da Conectividade). Com isso, a União teria até 10 de junho para encaminhar o valor. O presidente, porém publicou em agosto a MP 1.060, que retirou o prazo de repasse dos R$ 3,5 bilhões. O MCom, porém, frisou que o Internet Brasil não deve ser confundido com a Lei da Conectividade. Isso porque, mesmo que ambos tenham surgido na pandemia, o programa se diferencia por buscar ser permanente.

Depois do veto Presidente havia vetado projeto de lei semelhante aprovado pelo Congresso e foi alvo de críticas

Pesquisadores de Engenharia deixam cargos na Capes

Trinta e quatro pesquisadores da área de Engenharia decidiram ontem pela renúncia coletiva de suas atividades na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (Capes). Eles se somam a outros 80 que já haviam deixado os trabalhos na fundação ligada ao Ministério da Educação (MEC). Em carta de renúncia coletiva obtida pelo Estadão, os cientistas destacam que o sistema de pós-graduação brasileiro está 'à deriva' e argumentam que não houve solução dos problemas relacionados à avaliação dos cursos de mestrado e doutorado pela Capes.

Os pesquisadores que renunciaram faziam parte da comissão responsável pela avaliação dos cursos de pós-graduação na área de Engenharia III, que engloba as Engenharias Aeroespacial, Mecânica, Naval e Oceânica e de Produção. Pesquisadores de Matemática, Física e Química já haviam renunciado nas últimas semanas. Na sexta, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) ingressou com representação para que a Corte apure 'suposto desmonte' da Capes.

Júnior Moreira Bordalo, O Estado de S. Paulo  


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