"Trabalhamos para que não sejamos mais necessários no mundo", diz a médica Renata Santos, que já trabalhou no Iraque pela MSFFoto: Jean Christophe Nougaret/MSF |
Entidade criada na França por médicos e jornalistas chegou ao Brasil em 1991 para ajudar a conter epidemia de cólera. Hoje se destaca na luta contra a pandemia causada pelo novo coronavírus.
"Apesar
de estarmos completando 50 anos, não consideramos de forma alguma que isso é
algo que devemos celebrar. Gostaríamos que não existisse a necessidade de nossa
atuação comunitária. Trabalhamos para que não sejamos mais necessários no
mundo."
A
frase, dita pela psicóloga Renata Santos, presidente do conselho da Médicos Sem
Fronteiras (MSF) no Brasil, ilustra bem a vocação dessa organização. Fundada na
França em 20 de dezembro de 1971 — por médicos e jornalistas que haviam atuado
como voluntários na guerra civil na Nigéria na década anterior —, a entidade
esteve envolvida em todas as grandes tragédias humanitárias das últimas cinco
décadas.
Nesse
portfólio somam-se atuações em guerras e outros conflitos armados, em desastres
ambientais, epidemias, como HIV e ebola, e durante o fluxo migratório que
deixou milhares de refugiados desamparados pelo mundo.
No
Brasil, o primeiro projeto que contou com o envolvimento da MSF foi em 1991, no
combate a uma epidemia de cólera na região Norte. Equipes da organização se
incumbiram de treinar médicos, enfermeiros e agentes de saúde locais para que
estes conseguissem atender melhor aos casos da doença. Comunidades indígenas e
outros grupos mais vulneráveis passaram, desde então, a receber atenção
especial da entidade.
Na luta contra a covid-19
Desde
a chegada da pandemia de covid-19 ao Brasil, esta tem sido a principal frente
de atuação da organização. A enfermeira Jamila Fabiana de Oliveira Costa havia
acabado de ser contratada quando foi destacada para o trabalho de campo junto
aos moradores de rua de São Paulo.
"Era
o comecinho da pandemia, abril de 2020. Naquele momento fazíamos a testagem e o
monitoramento dos sintomas da população em situação de rua. Ainda não havia
muito habilidade sobre o manejo clínico da doença", recorda ela, que diz
estar vivendo covid-19 "24 horas por dia" desde então.
Com
a disseminação da nova doença pelo país, os profissionais da MSF passaram a
montar UTIs em hospitais e a atuar em novas frentes. Logo, a enfermeira foi
destacada para viajar pelo país. Rondônia, Amazonas, Ceará e Bahia foram
estados onde ela atuou, sempre na linha de frente do combate ao coronavírus.
Médica
Renata Santos em Erbil, no Iraque, a serviço da MSFMédica Renata Santos em
Erbil, no Iraque, a serviço da MSF
Ela
conta que o que mais a marcou foi o trabalho junto a comunidades indígenas,
mais vulneráveis à nova doença. "Em São Gabriel da Cachoeira [município do
Estado do Amazonas], nossa preocupação foi adaptar a assistência para criar
vínculos com a comunidade indígena, respeitando sua cultura, sua
individualidade", recorda.
Um
exemplo foi entender que as "garrafadas", bebidas feitas com diversas
plantas medicinais, como têm papel importante para essas comunidades,
precisavam ser permitidas durante o tratamento. "Porque para eles isso faz
parte de uma cura pela espiritualidade. Desde que não prejudicasse o tratamento
em si, foram liberadas", conta a enfermeira.
Pelo mundo
Mas
se uma pandemia fez com que o primeiro trabalho de Costa fosse em território
nacional, é comum que profissionais da MSF sejam deslocados para bem longe.
O
engenheiro Fábio Biolchini Duarte, por exemplo, aproximou-se da organização em
2012, quando ele estava trabalhando, por meio de uma mineradora brasileira, na
Guiné-Conacri e se deparou com um projeto da MSF. "Ali entendi que era a
minha vocação. Que fazia mais sentido para minha índole ficar mais perto dessa
turma do que no setor privado", lembra.
Ele
pleiteou uma vaga e, no ano seguinte, estava trabalhando para a Médicos Sem
Fronteiras. Atuou no Haiti, na Turquia, na República Centro-Africana, no Congo,
no Paquistão e na Serra Leoa. Como engenheiro, ele acabou assumindo uma posição
de coordenação, desenhando e gerindo as tarefas que precisam ser implementadas.
"Nesse
tempo, atuei em trabalhos de diversos contextos diferentes, epidemias, guerra
civil, tragédias naturais", recorda. Duarte diz que a missão mais marcante
foi atuar durante a guerra civil na República Centro-Africana, com "os
civis matando uns aos outros em um conflito que inicialmente era político e,
depois, passou a ser religioso". Ele conta que perdeu 14 quilos nos nove
meses em que trabalhou por lá.
Nobel da Paz
Designado
para atuar na contenção da covid-19 no Brasil, Duarte avalia que a sensação foi
emocionalmente diferente. "Quando saímos e vamos para outro lugar, há
sempre aquele conforto de pensar que a nossa casa, a nossa família não está
afetada pela crise em que estamos. Com a covid-19 foi diferente: a doença
chegou ao Brasil e foi arrasadora. Eu nunca tinha visto tanto cadáver em minha
vida", comenta. "E em um país que não é dos piores em termos de
estabilidade política, relativamente rico em comparação com os africanos. Mesmo
assim, foi uma calamidade."
"Essa
sensação de perda de segurança foi muito abalante para mim e para muitos
colegas", afirma.
Em
1999, a Médicos Sem Fronteiras foi reconhecida com o Prêmio Nobel da Paz. A
diretora-executiva de MSF-Brasil, Ana de Lemos, diz que ser parte da
organização "é um orgulho e um privilégio". Ela resume o trabalho
desempenhado pela instituição com um lema: "Salvar vidas e levar dignidade
às pessoas no momento em que elas mais são privadas dela".
Edison Veiga, DW
Para saber mais sobre o livro, clique aqui |
Para saber mais sobre o livro, clique aqui. |
Para saber mais, clique aqui. |
No mecanismo de busca do site amazon.com.br, digite "Coleção As mais belas lendas dos índios da Amazônia” e acesse os 24 livros da coleção. Ou clique aqui.
No mecanismo de busca do site amazon.com.br, digite "Antônio Carlos dos Santos" e acesse dezenas de obras do autor. Ou clique aqui.
Clique aqui para acessar os livros em inglês. |
-----------
Para saber mais, clique aqui. |
Para saber mais, clique aqui. |
Coleção Greco-romana com 4 livros; saiba aqui. |
Coleção Educação e Democracia com 4 livros, saiba aqui. |
Coleção Educação e História com 4 livros, saiba mais. |
Para saber sobre a Coleção do Ratinho Lélis, clique aqui. |
Para saber sobre a "Coleção Cidadania para crianças", clique aqui. |
Para saber sobre esta Coleção, clique aqui. |
Clique aqui para saber mais. |
Click here to learn more. |
Para saber mais, clique aqui. |
Para saber mais, clique aqui. |
Para saber mais, clique aqui. |
Para saber mais, clique aqui. |