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Menino somali em acampamento na região de Mogadíscio, em 24 de maio de 2017 (AFP/MOHAMED ABDIWAHAB) |
Uma em cada quatro pessoas na Somália está em grave risco de fome em
consequência da seca que afeta o país, devastado por décadas de guerra, após
três temporadas de poucas chuvas e uma quarta a caminho, advertiu a ONU.
A
Organização das Nações Unidas teme o agravamento da crise e que 4,6 milhões de
pessoas precisem de ajude alimentar até maio de 2022, consequência da pior seca
no país em mais de 30 anos.
A
falta de alimentos, água e de pastagens forçou 169.000 pessoas a abandonar suas
casas, número que pode subir para 1,4 milhão nos próximos seis meses, alertou a
ONU em um comunicado.
As
catástrofes naturais, e não os conflitos, foram a principal causa nos últimos
anos dos deslocamentos na Somália, considerado um dos países mais vulneráveis à
mudança climática.
"É
uma tempestade perfeita que está se formando", disse Adam Abdelmoula,
coordenador humanitário da ONU para a Somália, à AFP. Ele alertou que 300.000
crianças com menos de cinco anos correm o risco de sofrer de desnutrição grave
nos próximos meses.
"Eles
morrerão se não os ajudarmos em tempo hábil", acrescentou. A ONU fez um
apelo para arrecadar 1,5 bilhão de dólares para financiar a resposta à crise.
Um
total de 7,7 milhões de pessoas, quase metade da população somali de 15,9
milhões, precisarão de ajuda humanitária e proteção em 2022, um aumento de 30%
em um ano, segundo a ONU.
Ao
menos sete em cada 10 somalis vivem abaixo da linha da pobreza, e a seca
destruiu suas já precárias fontes de renda, com a perda do gado e as colheitas
reduzidas. E tudo isso com uma inflação elevada.
"Há
um risco elevado de que, sem ajuda humanitária imediata, crianças, mulheres e
homens comecem a morrer de fome na Somália", declarou a ministra somali de
Assuntos Humanitários e Gestão de Crises, Khadija Diriye.
O
governo somali decretou emergência humanitária em novembro devido à seca.
A
seca e as inundações também afetaram recentemente Quênia e Sudão, onde mataram
rebanhos, destruíram pastagens e arrasaram colheitas.
A
falta de água e alimentos aumenta o medo de conflitos entre as comunidades em
uma disputa por recursos.
Os
cientistas consideram que o aumento da frequência e intensidade dos fenômenos
climáticos extremos se deve à mudança climática.
AFP
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