Tombados
há10 anos na capital, projetos paisagísticos de Burle Marx carregam uma beleza
única e fazem parte da história de Brasília
Símbolo do desenvolvimento e do modernismo, Brasília foi
idealizada e tirada do papel por vários artistas. Em meio ao concreto e aos
traços firmes de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, a cidade ganhou verde com as
obras de Roberto Burle Marx. Há dez anos, o Governo do Distrito Federal (GDF)
definiu, por meio do decreto nº 33. 224, o tombamento de todos os trabalhos de
autoria do paisagista. Confira os lugares que foram tombados:
Superquadra 308 Sul
Inaugurada em 1962, a quadra modelo do Plano Piloto segue os padrões imaginados
no plano original e é um ícone da cidade. Todo o conjunto paisagístico foi
feito por Burle Marx - boa parte continua como foi elaborada pelo profissional.
O espaço possui um espelho d'água com carpas e o Parque dos Cogumelos.
Praça dos Cristais
A Praça dos Cristais foi entregue em 1970 e está localizada no Setor Militar
Urbano (SMU). Na proposta original, foram usadas mais de 50 tipos de plantas,
entre elas a palmeira e o buriti, espécies utilizadas com frequência pelo
paisagista.
Jardins do Palácio do Itamaraty
O Palácio do Itamaraty foi projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em 1970.
Concebido com o objetivo de apresentar o Brasil aos visitantes, Burle Marx
seguiu a ideia original e idealizou jardins internos e externos para que
representassem a natureza brasileira. Dois jardins são aquáticos, recurso que o
paisagista usou para compensar o clima seco da capital federal. Além do projeto
paisagístico, Burle Marx desenhou a tapeçaria para a Sala Brasília.
Jardins do Tribunal de Contas da União
O prédio do Tribunal de Contas da União (TCU), projetado por Renato
Alvarenga, foi construído na década de 1970. O espaço do jardim possui mais de
42 mil m? entre área interna e externa. O local conta com as espécies
dinheiro-em-pena, grama-coreana, bromélias, véires e paineiras-brancas. Burle
Marx mesclou plantas do cerrado e de outros biomas brasileiros.
Paisagismo do Parque da Cidade
O Parque da Cidade, inaugurado em 1978, é um dos maiores projetos de paisagismo
de Burle Marx. A ideia original, no entanto, nunca se concretizou. O objetivo
era que o espaço tivesse cinemas, praças, restaurantes e outros locais de
entretenimento.
Jardins do Ministério da Justiça
A sede do Ministério da Justiça foi inaugurada em 1972 e a parte externa possui
um jardim aquático, projetado com plantas da Amazônia, e um espelho d'água
integrado às cascatas do prédio. As alterações foram feitas para adaptação da
vegetação ao clima seco de Brasília.
Jardins do Palácio do Jaburu
Projetada em 1973 e entregue em 1977, a casa do vicepresidente da República tem
os jardins assinados por Burle Marx. Parte da proposta foi deixar espécies de
plantas nativas do cerrado, além de árvores frutíferas para atrair animais e
aves da região.
Jardins do Banco do Brasil
Localizado no Setor Bancário Sul, os jardins do Banco do Brasil têm uma área de
cerca de 21 mil metros quadrados. O espaço não recebeu, contudo, muita atenção
e perdeu parte de suas características.
Jardins do Teatro Nacional Cláudio Santoro
O projeto de Burle Marx buscou fazer uma mistura de plantas nativas com
espécies de outros biomas do Brasil, com adição de yucas, pedra vulcânica e
agaves para simbolizar um pouco o clima brasiliense. Antes do fechamento do
teatro, as características originais do projeto estavam mantidas.
Saiba Mais
> Quem foi Burle Marx?
Roberto Burle Marx foi um importante artista plástico brasileiro e autor de
mais de dois mil projetos de paisagismo em 20 países. Além dos trabalhos com
paisagismo, também foi escultor, criador de joias e tapeceiro. Nasceu em São
Paulo, em 4 de agosto de 1909. Desde pequeno, o artista observava e participava
dos cuidados de sua mãe com o jardim e a horta de casa.
Em 1917, o paisagista começou a cultivar seu próprio jardim, e em 1928, a
família viajou para a Alemanha em busca de tratamento para um problema nos
olhos de Burle Marx. Em Berlim, o jovem se fascinou com o Jardim Botânico, onde
descobriu a beleza de diversas plantas brasileiras. De volta ao Brasil, fez
curso de pintura e arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes, do Rio de
Janeiro, entre 1930 e 1934. Em 1932, realizou seu primeiro projeto de jardim
para a residência da família Schwartz, no Rio de Janeiro, a convite do
arquiteto Lúcio Costa.
Em 1961, Burle Marx veio para Brasília também a pedido de Lúcio Costa e realiza
o paisagismo do Eixo Monumental e de outros pontos da nova capital. Morou
grande parte de sua vida no Rio de Janeiro, onde estão localizados seus
principais trabalhos. Faleceu na capital fluminense em 4 de junho de 1994, aos
84 anos.
Edis Henrique Peres e Helena
Mandarino Dornelas, Correio
Braziliense / Cidades
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