Meus queridos, logo abaixo
um artigo de sete anos atrás, em que abordo questões de saúde e, mais embaixo
ainda, um artigo que extraí da BBC dando conta das agruras nos EUA quanto à
vacinação. Leia e surpreenda-se.
Sobre Oswaldo Cruz, dengue, Cuba e
otras cositas más...
A Saúde Pública no
Brasil sempre esteve enferma, prostrada numa maca esquecida nos caóticos
corredores dos hospitais públicos que envergonham os de boa índole.
E justiça seja feita: a responsabilidade maior por esta tragédia nacional nem sempre esteve sobre os ombros do governo.
Não custa relembrar o episódio protagonizado por Oswaldo Cruz e que se inscreveu na história como a Revolta da Vacina.
Oswaldo Cruz ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1887, aos quinze anos de idade, especializando-se em Bacteriologia no Instituto Pasteur de Paris.
Quando nomeado Ministro da Saúde - na época o cargo denominava-se Diretor Geral de Saúde Pública – percebeu que a cultura médica e a própria população incorria num erro crasso: acreditar que a febre amarela resultava da transmissão pelo contato com roupas, suor, sangue e secreções de doentes. Logo o tino investigativo de Oswaldo Cruz percebeu o ‘x’ da questão. Seus estudos o conduziram ao verdadeiro vilão: o transmissor da febre amarela era um mosquito.
Convencido da consistência de suas teorias, contra tudo e contra todos, determinou a paralisação dos procedimentos convencionais, substituindo-os por medidas sanitárias focadas na criação de brigadas para eliminar os focos do inseto nas residências, ruas e lotes baldios. O stablisment não gostou e orquestrou violenta reação popular.
Mas foi em 1904 que a oposição a Oswaldo Cruz se mostrou mais feroz e irracional. Surtos de varíola varriam o Rio de Janeiro, calamidade que levou o sanitarista a promover uma campanha de vacinação em massa da população. A imprensa e o Congresso se levantaram contra, a oposição estruturou a Liga contra a vacinação obrigatória e no dia 13 de novembro estourou a rebelião popular - a Revolta da Vacina. No dia seguinte foi a vez da Escola Militar da Praia Vermelha se sublevar.
Não restou alternativa para o governo que não fosse suspender a obrigatoriedade da vacinação. Mas derrotou a rebelião.
De tanto insistir e perseverar, Oswaldo Cruz acabou conquistando a vitória, completa e maiúscula. Em 1907 o Rio estava livre da febre amarela.
No ano seguinte, epidemia de varíola. Mas o trabalho de Oswaldo Cruz já era reconhecido internacionalmente e, dessa vez, a própria população acorreu aos postos de vacinação. Este é um caso – não são muitos, é verdade! – em que o governo mostra como, onde, quando e com que intensidade intervir. Uma das raras oportunidades em que o fez com competência, presteza e eficácia.
Passados 100 anos de mais equívocos que acertos, o país volta a sentir saudades do grande sanitarista e se vê às voltas com o mosquito da dengue. O Brasil está de joelhos, dobrado pelo mosquito insidioso, humilhado pela incompetência das autoridades. É o maior surto de dengue da história, o que José Gomes Temporão considera “injustificável” e “inadmissível”. Só entre janeiro e setembro, o total de casos registrados aumentou 50% em relação ao mesmo período do ano passado.
E justiça seja feita: a responsabilidade maior por esta tragédia nacional nem sempre esteve sobre os ombros do governo.
Não custa relembrar o episódio protagonizado por Oswaldo Cruz e que se inscreveu na história como a Revolta da Vacina.
Oswaldo Cruz ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1887, aos quinze anos de idade, especializando-se em Bacteriologia no Instituto Pasteur de Paris.
Quando nomeado Ministro da Saúde - na época o cargo denominava-se Diretor Geral de Saúde Pública – percebeu que a cultura médica e a própria população incorria num erro crasso: acreditar que a febre amarela resultava da transmissão pelo contato com roupas, suor, sangue e secreções de doentes. Logo o tino investigativo de Oswaldo Cruz percebeu o ‘x’ da questão. Seus estudos o conduziram ao verdadeiro vilão: o transmissor da febre amarela era um mosquito.
Convencido da consistência de suas teorias, contra tudo e contra todos, determinou a paralisação dos procedimentos convencionais, substituindo-os por medidas sanitárias focadas na criação de brigadas para eliminar os focos do inseto nas residências, ruas e lotes baldios. O stablisment não gostou e orquestrou violenta reação popular.
Mas foi em 1904 que a oposição a Oswaldo Cruz se mostrou mais feroz e irracional. Surtos de varíola varriam o Rio de Janeiro, calamidade que levou o sanitarista a promover uma campanha de vacinação em massa da população. A imprensa e o Congresso se levantaram contra, a oposição estruturou a Liga contra a vacinação obrigatória e no dia 13 de novembro estourou a rebelião popular - a Revolta da Vacina. No dia seguinte foi a vez da Escola Militar da Praia Vermelha se sublevar.
Não restou alternativa para o governo que não fosse suspender a obrigatoriedade da vacinação. Mas derrotou a rebelião.
De tanto insistir e perseverar, Oswaldo Cruz acabou conquistando a vitória, completa e maiúscula. Em 1907 o Rio estava livre da febre amarela.
No ano seguinte, epidemia de varíola. Mas o trabalho de Oswaldo Cruz já era reconhecido internacionalmente e, dessa vez, a própria população acorreu aos postos de vacinação. Este é um caso – não são muitos, é verdade! – em que o governo mostra como, onde, quando e com que intensidade intervir. Uma das raras oportunidades em que o fez com competência, presteza e eficácia.
Passados 100 anos de mais equívocos que acertos, o país volta a sentir saudades do grande sanitarista e se vê às voltas com o mosquito da dengue. O Brasil está de joelhos, dobrado pelo mosquito insidioso, humilhado pela incompetência das autoridades. É o maior surto de dengue da história, o que José Gomes Temporão considera “injustificável” e “inadmissível”. Só entre janeiro e setembro, o total de casos registrados aumentou 50% em relação ao mesmo período do ano passado.
Para ler o
artigo completo, clique aqui,
Movimento antivacina gera
surto de doenças nos EUA
Da BBC Brasil
Surtos de
doenças como sarampo, caxumba e coqueluche costuma ser associados a países
pobres
Surtos de
doenças como sarampo, caxumba ou coqueluche costumam ser associados a países
pobres da África ou da Ásia, onde grande parte da população não tem acesso a
vacinação e cuidados médicos.
No
entanto, nos últimos anos essas doenças vêm ressurgindo com força nos EUA.
Somente no
ano passado, foram registrados mais de 24 mil casos de coqueluche no país,
segundo dados preliminares do Centers for Disease Control and Prevention
(Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças, ou CDC, na sigla em inglês),
ligado ao Departamento de Saúde dos EUA.
No ano
anterior, o número chegou a 48,2 mil, o maior desde 1955. Em 2013, o país
registrou ainda 438 casos de caxumba e 189 de sarampo, todas doenças que podem
ser prevenidas por vacinas existentes há vários anos.
O fenômeno
vem chamando a atenção de especialistas, que relacionam muitos dos surtos ao
movimento antivacina, encabeçado por pais que decidem não vacinar seus filhos
por motivos que incluem o temor de efeitos colaterais que prejudiquem a saúde
da criança.
"No
caso da coqueluche, parte dos surtos parece estar ligada ao problema de que a
vacina mais amplamente usada não é tão eficaz quanto costumava ser. Mas os
casos de caxumba e, especialmente, sarampo, acho que estão relacionados ao
movimento antivacina", disse à BBC Brasil a especialista em saúde global
Laurie Garrett, do Council on Foreign Relations (CFR).
Garrett é
a principal autora de um Cliquemapa
interativo lançado pelo CFR que mostra os surtos de doenças
evitáveis por vacinas ao redor do mundo de 2008 a 2014.
No mapa,
chama a atenção não apenas a alta incidência dessas doenças nos EUA, mas também
em países europeus, como a Grã-Bretanha.
"Os
níveis de vacinação na Grã-Bretanha para doenças como sarampo, caxumba e
rubéola vêm despencando. Há comunidades inteiras em que a cobertura está abaixo
de 50%. No caso de uma doença tão contagiosa como o sarampo, qualquer nível
abaixo de 90% é perigoso", diz Garrett.
Autismo
O
movimento antivacina ganhou força a partir de 1998, quando o pesquisador
britânico Andrew Wakefield publicou um estudo que relacionava a vacina Tríplice
Viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) ao autismo.
Diversas
pesquisas posteriores nunca acharam qualquer ligação entre a vacina e o
autismo, e em 2010 uma comissão de ética descobriu que Wakefield havia
falsificado dados de seu estudo. Wakefield teve sua licença médica cassada e o
estudo foi retirado das publicações.
Mas apesar
do descrédito do estudo e de seu autor, a teoria se espalhou, com a ajuda da
internet, entre pais temerosos de que a vacina pudesse causar problemas a seus
filhos.
Nos EUA, a
onda antivacina ganhou visibilidade com a militância de nomes como Jenny
McCarthy, ex-coelhinha da Playboy que se tornou uma das porta-vozes do
movimento a partir de 2007, depois que seu filho, Evan, foi diagnosticado com
autismo.
Hoje há no
país diversas entidades destinadas a fornecer informações sobre os supostos
riscos das vacinas. Uma das mais antigas e influentes é o National Vaccine
Information Center (Centro Nacional de Informações sobre Vacinas, em tradução
livre), presidido por Barbara Loe Fisher.
Pioneira
do movimento antivacina, Fisher foi uma das fundadoras do centro em 1982 e é
autora de três livros sobre o tema.
Ela diz
que seu filho, Chris, sofreu uma reação severa à vacina tríplice DPT (contra
difteria, coqueluche e tétano) quando tinha dois anos e meio de idade, em 1980,
e ficou com sequelas e problemas de aprendizagem.
Número de vacinas
Fisher diz
que seu objetivo não é convencer pais a não vacinarem seus filhos, mas lutar
pelo direito à informação.
"Queremos
educar as pessoas para que entendam sobre os riscos de complicações das
vacinas, para que possam tomar decisões bem informadas", disse Fisher à
BBC Brasil.
Assim como
outros adeptos do movimento, Fisher reclama do poder da indústria farmacêutica
e do número de vacinas recomendadas pelo governo americano.
"Esse
número triplicou nos últimos 30 anos. Em 1982, eram 23 doses de sete diferentes
vacinas até os seis anos de idade. Hoje, o governo recomenda 69 doses de 16
vacinas até os 18 anos", afirma.
As
crianças americanas são obrigadas a apresentarem comprovante de vacinação para
ingressar na escola. Mas todos os 50 Estados do país permitem isenções médicas,
para crianças que, por motivos de saúde, não podem ser vacinadas.
Em 48
Estados também há isenções por motivos religiosos e, em 18 deles, a chamada
isenção por crenças pessoais.
Segundo o
CDC, no ano escolar de 2012-2013 a taxa de isenção média entre alunos do jardim
de infância foi de 1,8%. Em alguns Estados, como Oregon, chegou a 6,5%.
Perfil
"Estudos
mostram que muitas crianças não vacinadas têm pais com altos níveis de educação
e renda", disse à BBC Brasil a epidemiologista Allison Fisher, do CDC.
Uma
análise das áreas onde ocorrem os surtos também dá dicas sobre o perfil das
famílias que optam por não vacinar seus filhos.
"Se
nosso mapa interativo englobasse os anos 1950, veríamos que, naquela época, os
surtos estavam associados à falta de infraestrutura para levar as vacinas às
crianças pobres", diz Garrett.
"Isso
não ocorre mais. Atualmente o governo federal dos EUA e a maioria dos governos
estaduais têm programas de vacinação muito fortes nas comunidades carentes e
áreas rurais", afirma.
"Hoje,
os surtos nos EUA ocorrem entre populações mais ricas. E isso tem relação com
comunidades em que há maior pressão política para acabar com as exigências de
vacinação para crianças na escola", diz Garrett.
Riscos
Segundo Allison
Fisher, do CDC, como certas doenças não eram vistas havia muito tempo nos EUA,
alguns pais simplesmente pensam que elas não existem mais.
"Tentamos
chegar aos pais e profissionais de saúde e reforçar que a decisão de não
vacinar traz riscos", diz.
Garrett
observa que, antes da introdução das vacinas, doenças como sarampo estavam
entre as principais causas de morte de crianças nos EUA.
"É
imperdoável que hoje em dia, em um país como os EUA, uma criança pegue
sarampo", afirma.
Acostumada
a viajar pelo mundo em áreas onde o sarampo e outras doenças ainda matam
milhares de crianças, por falta de acesso a vacinas, Garrett diz que costuma
ouvir nesses países a mesma reclamação.
"Me
perguntam por que não têm acesso a vacinas como nós temos nos EUA, pedem por
isso", diz.
"A
ironia é que você volta aos EUA e ouve todas essas pessoas dizendo: 'Não
queremos vacinas'."