Bilionário americano aposta em implantes cerebrais para cura de
autismo, obesidade, esquizofrenia. Fundada em 2016, sua Neuralink obteve
aprovação da FDA apesar de investigações por más práticas científicas.
A companhia de implantes
cerebrais Neuralink, do bilionário Elon Musk, anunciou nesta quinta-feira
(25/05) ter recebido a aprovação das autoridades sanitárias dos Estados Unidos
para testar chips cerebrais em seres humanos.
A aprovação pela Food and
Frug Administration (FDA) "é um primeiro passo importante que um dia
permitirá à nossa tecnologia ajudar muita gente", declarou a empresa
californiana no Twitter, acrescentando que o recrutamento para ensaios clínicos
ainda não está aberto, mas que novos detalhes estarão disponíveis em breve.
A Neuralink concebe
dispositivos a serem implantados no cérebro para comunicação direta com
computadores por meio do pensamento. Seu objetivo inicial seria ajudar quem
sofre de paralisias ou de doenças neurológicas. Depois, a startup promete
tornar os implantes suficientemente seguros e confiáveis para
"equipar" cérebros com capacidade informática.
Numa intervenção na
conferência anual da Neuralink em 2022, Musk propôs que esses chips permitissem
à humanidade alcançar uma "simbiose com a inteligência artificial
(IA)". Ao mesmo tempo, alegou temer que sistemas de IA possam ultrapassar
os humanos e assumir o controle.
Ressalvas
de segurança
Na visão de Musk,
implantes cerebrais seriam capazes de curar distúrbios indo do autismo e
depressão a obesidade e esquizofrenia. No fim de 2022, ele fez manchete ao se
declarar tão confiante na segurança dos dispositivos que se disporia a mandar
implantá-los em seus próprios filhos.
Desde 2019, em pelo menos
quatro ocasiões o controvertido bilionário americano previu que a Neuralink
iniciaria testes em humanos. Porém só no começo de 2022 a companhia solicitou a
aprovação da autoridade sanitária nacional, que lhe foi negada.
Segundo empregados da
startup, entre as diversas ressalvas levantadas pela FDA, estavam a segurança
da bateria de lítio integrada, a possibilidade de o implante migrar dentro do
cérebro, e a dificuldade de extraí-lo de forma segura, sem danificar tecidos
cerebrais.
Fundada em 2016, a
Neuralink tem sido objeto de diversas auditorias federais. Em maio último,
parlamentares pediram que as autoridades competentes investigassem se a
composição do painel empresarial responsável pela supervisão de testes em
animais contribuíra para experimentos desastrosos e apressados.
Paralelamente, o
Departamento de Transporte americano investiga se a Neuralink transportou
patógenos perigosos em chips retirados de cérebros de macacos cobaias sem as
devidas medidas de descontaminação. A repartição do inspetor-geral no
Departamento de Agricultura está também investigando potenciais violações do
bem-estar animal.
DW
(Reuters, Lusa, AFP)
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