sábado, 27 de maio de 2023

Startup de Musk vai poder testar chips cerebrais em humanos



Bilionário americano aposta em implantes cerebrais para cura de autismo, obesidade, esquizofrenia. Fundada em 2016, sua Neuralink obteve aprovação da FDA apesar de investigações por más práticas científicas.

 

A companhia de implantes cerebrais Neuralink, do bilionário Elon Musk, anunciou nesta quinta-feira (25/05) ter recebido a aprovação das autoridades sanitárias dos Estados Unidos para testar chips cerebrais em seres humanos.

A aprovação pela Food and Frug Administration (FDA) "é um primeiro passo importante que um dia permitirá à nossa tecnologia ajudar muita gente", declarou a empresa californiana no Twitter, acrescentando que o recrutamento para ensaios clínicos ainda não está aberto, mas que novos detalhes estarão disponíveis em breve.

A Neuralink concebe dispositivos a serem implantados no cérebro para comunicação direta com computadores por meio do pensamento. Seu objetivo inicial seria ajudar quem sofre de paralisias ou de doenças neurológicas. Depois, a startup promete tornar os implantes suficientemente seguros e confiáveis para "equipar" cérebros com capacidade informática.

Numa intervenção na conferência anual da Neuralink em 2022, Musk propôs que esses chips permitissem à humanidade alcançar uma "simbiose com a inteligência artificial (IA)". Ao mesmo tempo, alegou temer que sistemas de IA possam ultrapassar os humanos e assumir o controle.

Ressalvas de segurança

Na visão de Musk, implantes cerebrais seriam capazes de curar distúrbios indo do autismo e depressão a obesidade e esquizofrenia. No fim de 2022, ele fez manchete ao se declarar tão confiante na segurança dos dispositivos que se disporia a mandar implantá-los em seus próprios filhos.

Desde 2019, em pelo menos quatro ocasiões o controvertido bilionário americano previu que a Neuralink iniciaria testes em humanos. Porém só no começo de 2022 a companhia solicitou a aprovação da autoridade sanitária nacional, que lhe foi negada.

Segundo empregados da startup, entre as diversas ressalvas levantadas pela FDA, estavam a segurança da bateria de lítio integrada, a possibilidade de o implante migrar dentro do cérebro, e a dificuldade de extraí-lo de forma segura, sem danificar tecidos cerebrais.

Fundada em 2016, a Neuralink tem sido objeto de diversas auditorias federais. Em maio último, parlamentares pediram que as autoridades competentes investigassem se a composição do painel empresarial responsável pela supervisão de testes em animais contribuíra para experimentos desastrosos e apressados.

Paralelamente, o Departamento de Transporte americano investiga se a Neuralink transportou patógenos perigosos em chips retirados de cérebros de macacos cobaias sem as devidas medidas de descontaminação. A repartição do inspetor-geral no Departamento de Agricultura está também investigando potenciais violações do bem-estar animal.

DW (Reuters, Lusa, AFP) 


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