Suspensão de aulas presenciais
mostrou uma série de desigualdades
A pandemia do novo coronavírus teve
grande impacto na educação brasileira em 2020. A suspensão das aulas
presenciais nas escolas públicas e particulares evidenciou uma série de
desigualdades, deixando, inclusive, estudantes sem atendimento. A publicação
Retratos da Educação no Contexto da Pandemia do Coronavírus - Um olhar sobre
múltiplas desigualdades reúne cinco estudos, realizados entre maio e julho de
2020, que se propuseram a coletar dados e depoimentos sobre o ensino no país.
“A ideia é ter um material que traga
as visões de diferentes atores, como foi esse período para os professores, como
foi para os pais, como foi para os gestores, em se tratando de tomada de
decisão para a educação. Assim, passar uma visão completa de qual foi o cenário
educacional nesse período”, explica o diretor-fundador do Interdisciplinaridade
e Evidências no Debate Educacional (Iede), Ernesto Faria, um dos participantes
do estudo.
A compilação pode, de acordo com
Faria, servir como subsídio para que redes de ensino e escolas possam se
preparar melhor para 2021. “[A pandemia] é um período que gera várias
desigualdades. A gente precisa entender quais desigualdades são essas para daí
poder tentar se antecipar a alguns problemas, como a evasão dos alunos”, diz.
Uma das pesquisas que integram a
publicação, realizada pela Fundação Lemann, o Itaú Social e Imaginable Futures,
mostra que, três meses depois do início da suspensão das aulas presenciais,
ainda havia cerca de 4,8 milhões de estudantes, o equivalente a 18% do total de
alunos do ensino fundamental e do ensino médio da rede pública, que não teriam
recebido nenhum tipo de atividade, nem por meios eletrônicos, nem impressos.
Além disso, mais de quatro em cada
dez estudantes, o equivalente a 42%, não teriam, segundo seus familiares,
equipamentos e condições de acesso adequados para o contexto da educação não
presencial. Ficaram também evidentes desigualdades regionais. Enquanto quase
sete em cada dez estudantes do ensino médio na Região Sudeste tiveram aulas
online mediadas por seus professores, essa proporção foi de pouco mais de
quatro em cada dez nas regiões Nordeste e Sul.
Um dos grandes impactos a ser sentido
ainda este ano, de acordo com Faria, poderá ser o aumento da evasão escolar
daqueles que não seguirão estudando em 2021. Mais de um em cada quatro jovens
do ensino médio já pensou em não voltar para a escola ao final do período de
suspensão das aulas, segundo estudo realizado pelo Conselho Nacional de
Juventude (Conjuve) e por parceiros.
Com análise e texto de Ana Lúcia
Lima, da Conhecimento Social, integram a publicação a Fundação Carlos Chagas,
Fundação Roberto Marinho, Fundação Lemann, o Itaú Social, Instituto Península e
Iede. O estudo está disponível na íntegra na internet.
Agência Brasil
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