quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Descoberta no Egito cervejaria de 5 mil anos

Cervejaria capaz de produzir até 22.400 litros por vez teria sido construída há cerca de cinco mil anos em Abidos, no Egito

Arqueólogos revelam fábrica de cerveja em larga escala, que remonta à era do rei Narmer, o primeiro faraó do Antigo Egito. Instalação podia produzir 22.400 litros ao mesmo tempo.

 

Uma fábrica de cerveja que pode ter sido construída e colocada em funcionamento há cinco mil anos foi descoberta por uma equipe de arqueólogos americanos e egípcios em um dos sítios arqueológicos mais proeminentes do Antigo Egito, comunicou o Ministério do Turismo do país norte-africano.

Segundo o ministério, tudo indica que se trata da "mais antiga cervejaria de alta produção do mundo". Estudos apontam que a fábrica era capaz de produzir até 22.400 litros de cerveja ao mesmo tempo.

O secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, Mostafa Waziri, disse que a fábrica foi encontrada em Abidos, um antigo cemitério localizado no deserto a oeste do rio Nilo, cerca de 450 quilômetros ao sul do Cairo.

Waziri explicou que a cervejaria aparentemente remonta à era do rei Narmer, amplamente creditado por ter unificado o Alto e Baixo Egito e ter sido o primeiro faraó de uma dinastia que durou três milênios, até o Antigo Egito cair sob domínio do Império Romano em 30 a.C., após a derrota de Cleópatra na batalha de Alexandria.

Os arqueólogos encontraram oito unidades enormes de produção – cada uma com 20 metros de comprimento e 1,5 metro de largura. Cada unidade inclui cerca de 40 potes de cerâmica em duas fileiras. Estas bacias de cerâmica foram usadas para aquecer uma mistura de grãos e água para produzir cerveja, segundo Waziri.

Arqueólogos britânicos tomaram conhecimento da existência da cervejaria no início do século 20, mas sua localização nunca foi determinada com precisão. Agora a equipe formada por egípcios e americanos foi capaz de descobrir e escavar a fábrica.

A missão conjunta foi copresidida por Matthew Adams, do Instituto de Belas Artes da Universidade de Nova York, e Deborah Vischak, professora assistente de arqueologia e história da arte do Antigo Egito na Universidade de Princeton.

Adams afirmou que a fábrica de cerveja foi aparentemente construída naquela área para fornecer cerveja aos rituais reais que ocorriam dentro das instalações funerárias dos reis do Egito. Os arqueólogos também encontraram evidências do uso da cerveja em rituais de sacrifício.

Abidos: centro religioso do Antigo Egito

As evidências de fabricação de cerveja no Antigo Egito não são novas. Fragmentos de cerâmica usada por egípcios para produzir cerveja e datados de cerca de cinco mil anos foram descobertos num canteiro de obras em Tel Aviv em 2015.

Com seus vastos cemitérios e templos datados desde os primeiros tempos do Antigo Egito, a cidade de Abidos era também conhecida por monumentos em homenagens a Osíris, deus do submundo e a divindade responsável por julgar as almas na vida após a morte. A necrópole em Abidos foi usada em todos os períodos do início da história egípcia, desde a era pré-histórica até os tempos romanos.

Abidos rendeu muitos tesouros ao longo dos anos. Em 2000, uma equipe de arqueólogos americanos descobriu o exemplar mais antigo até então descoberto de uma barca solar, que remonta à primeira dinastia faraônica.      

O Egito espera que as dezenas de descobertas arqueológicas dos últimos dois anos volte a atrair turistas. A indústria do turismo egípcio está se recuperando da turbulência política causada pelo levante de 2011, que derrubou o ditador Hosni Mubarak. O setor também sofreu um duro golpe com a pandemia do coronavírus. As autoridades esperavam receber 15 milhões de turistas em 2020, em comparação com os 13 milhões do ano anterior, mas a covid-19 impediu.

Na  Deutsche Welle 


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