Câmara de São Paulo aprova lei que torna patrimônio obra de Adoniran Barbosa
A Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou projeto de lei que declara
como patrimônio histórico e cultural a obra do sambista Adoniran Barbosa. A
proposta do vereador Toninho Paiva (PR) foi enviada para sanção do prefeito
Fernando Haddad.
Pelo texto, a municipalidade passará a ser obrigada a garantir a
preservação de toda a obra do artista, “incluindo as composições e poesias”. Ou
seja, agora fazem parte oficialmente do patrimônio cultural paulistano, as
canções Trem das onze, Saudosa Maloca, Tiro ao
Álvaro, Iracema e Samba do Arnesto.
Adoniran era o pseudônimo do cantor compositor João Rubinato, nascido em
1910, em Valinhos, na região de Campinas. Como conta a biografia anexada ao
projeto de lei, na juventude, o músico abandonou os estudos e trabalhou como
entregador de marmitas, encanador e garçom.
Após arrumar um emprego na capital
paulista, aos 22 anos, passou a participar de programas de calouros em rádios.
Em 1941, foi trabalhar na Rádio Record como ator cômico e locutor.
Foi lá que conheceu o grupo Demônios
da Garoa, com quem teve longa e próspera parceria.
Poesia com erros gramaticais
O modo de falar simples e com
pequenos erros gramaticais é uma das marcas da obra de Adoniran, conforme
destaca a justificativa do projeto de lei. Em alguns casos, aparece em um jogo
de palavras, como o apaixonado Álvaro, que também é um jogo de palavras com
“alvo” em Tiro ao
Álvaro. O personagem é o destino certo das frechadas [flechadas] disparadas pelo olhar da
moça, mais mortíferas do que veneno
estriquinina e bala
de revorver .
A partir dessa poesia, identificada
com as camadas menos favorecidas da população, Adoniran contava histórias de
eventos diários que, às vezes, chegavam à crítica social, como no despejo de Saudosa Maloca. “Peguemos
todas nossas coisas e fumo pro meio da rua, apreciá a demolição/ Que tristeza
que nós sentia/ Cada táuba que caía, doía no coração”, compôs
Adoniran, dando voz aos sem-teto que observam a derrubada do imóvel onde tinham
vivido nos últimos anos.
Por esse tipo de sensibilidade, o
vereador ressalta que o compositor “retratou com maestria o cotidiano
paulistano”, o que justifica a preservação de seu trabalho.
Adoniran morreu em 1982, aos 72 anos.
Por Daniel Mello, da Agência
Brasil
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Adoniran Barbosa - Programa Ensaio 1972. Assista ao vídeo
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O direito e a corrupção na obra de Shakespeare, aqui.
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