quinta-feira, 17 de novembro de 2016

O presidente de uma corte não deveria estar acima de qualquer suspeita?


PF pede quebra de sigilo de ministros do TCU
Brasília. A Polícia Federal (PF) pediu a quebra dos sigilos bancário e fiscal do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, e do Ministro Raimundo Carreiro. Eles são investigados por tráfico de influência no TCU, envolvendo o advogado Tiago Cedraz, filho do presidente da Corte. Ele é suspeito de Corrupção. As informações são da revista "Época".
Os indícios surgiram durante a apuração de tráfico de influência no TCU. O empreiteiro Ricardo Pessôa, da UTC, acusa Tiago Cedraz de ser o intermediário de repasses para o Ministro Raimundo Carreiro. Pessôa diz, em delação, que pagou R$ 1 milhão a Cedraz, em parcelas de R$ 50 mil. Tiago Cedraz teria vendido informações privilegiadas do Tribunal presidido pelo pai. Tiago nega ligação com a empreiteira.
A revista explica que, a partir da delação de Pessôa, a PF mapeou as relações de Cedraz. Após buscas, dezenas de e-mails e ligações consideradas suspeitas foram descobertas. A partir disso, a Polícia Federal pediu a quebra dos sigilos ao Supremo Tribunal Federal (STF).
À revista, o Ministro Aroldo Cedraz negou que seja investigado. O Ministro Raimundo Carreiro disse que já forneceu por antecipação seu sigilo bancário, fiscal e telefônico. Ele disse ainda que "das investigações tornadas públicas, no que diz respeito a seu gabinete e a sua pessoa, não consta nenhuma ligação telefônica com o referido advogado".
Tiago Cedraz chamou a atenção nos bastidores de Brasília pela meteórica carreira na advocacia. Aos 34 anos, ele faz parte de um grupo de filhos de autoridades que, apesar do curto tempo na advocacia, exibia uma vida de luxo. A PF descobriu, por exemplo, despesas como R$ 500 mil na festa de casamento, além de quase R$ 3 milhões na compra de apartamento, reforma e material de obras. Ele ainda deu de presente à esposa um BMW de R$ 190 mil.
Ele teria acumulado clientes, sócios, patrimônio, negócios e prestígio político desde a chegada do pai ao cargo de ministro, em 2007. Uma fatia importante das causa de seu escritório, o Cedraz Advogados, está atrelada à pauta de processos do TCU.
Ligações
Segundo a PF, a quebra do sigilo telefônico do escritório de Tiago Cedraz mostra que sua relação no TCU extrapolava o fato de ser filho do presidente da Corte. O escritório ligou 44 vezes para Carlos Maurício Lociks de Araújo, funcionário do gabinete do Ministro Raimundo Carreiro.
Chamaram a atenção dos investigadores ainda as ligações do escritório de Cedraz para o gabinete do pai. Isso porque o presidente do TCU se declara impedido e não julga os casos que envolvem o filho. Para a PF, as ligações mostram que sua atuação extrapolava a relação de parentesco. Foram 186 ligações para o gabinete do pai, sendo 115 para o chefe de gabinete, Sérgio Teixeira Albuquerque, e outras para três servidoras.

Por outro lado, Cedraz fez 49 ligações para números da UTC, incluindo Ricardo Pessôa. As datas coincidem com os repasses citados pelo empreiteiro.