quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Trabalho presencial não é mais para ser produtivo

 


Já que o trabalho remoto esvaziou ambientes de trabalho, empresas estão aprendendo a revitalizar seus espaços para valorizar a interação

 

O advento do trabalho remoto pode ter sido a melhor coisa que já aconteceu com o escritório.

Até a pandemia de covid-19 abalar nossa vida profissional, o escritório funcionava como um espaço de “faça tudo para todos”, equilibrando estações de trabalho individuais com salas de conferência para reuniões de equipe e áreas sociais para conversas. O resultado foi que nada disso deu muito certo.

Acabamos com espaços abertos, onde o som é transportado livremente – e com muitos funcionários usando fones de ouvido para bloquear o ruído. Nunca havia salas de conferência suficientes, então os funcionários acabavam indo para o escritório e fazendo reuniões pelo Zoom. Era um espaço no qual ficava difícil ser eficiente, colaborativo e criativo.

Felizmente, existe uma saída. Aceitar certo grau de trabalho remoto elimina a necessidade de tantas mesas, liberando um espaço que pode ser priorizado para o que os escritórios fazem melhor: proporcionar aos colegas de trabalho uma oportunidade de socialização.

Será necessária uma mentalidade diferente por parte da gerência, mas se os líderes conseguirem abraçar a ideia de que o trabalho remoto é para ser produtivo e o presencial é para ser cooperativo, os escritórios podem ficar muito diferentes e até superiores: mais salas de reunião, mais áreas comuns, mais luz natural, mais plantas. Os executivos podem não conseguir diminuir os longos deslocamentos que os trabalhadores remotos querem tanto evitar, mas podem repensar o que seus escritórios oferecem aos funcionários e, ao fazer isso, fazer com que esse tempo na rua valha mais a pena.

O escritório do futuro será menor, mas mais agradável, diz Diane Hoskins, co-CEO da empresa de design e arquitetura Gensler, que já está vendo alguns clientes adotarem este tipo de layout. Ela afirma que as empresas estão prestando mais atenção às conveniências que realmente estimulem a interação social entre os colegas – terraços com Wi-Fi, cafeterias, mesas de bilhar, áreas comuns com sofás, tetos elevados e paredes cobertas com plantas. O escritório em si pode ser transferido para uma parte da cidade que esteja mais próxima ao transporte público ou de bares e restaurantes aos quais os funcionários vão depois do expediente. Achar que uma copa com uma geladeira comunitária vai incentivar a interação entre funcionários é um pensamento ultrapassado; o objetivo é fazer o escritório parecer um lobby de hotel de luxo.

Para realmente conseguir que os funcionários interajam uns com os outros, as empresas que oferecem comida e bebida devem repensar sua forma de apresentação, diz Ben Waber, CEO da empresa de análise de talentos Humanyze. Em vez da clássica garrafa térmica, ter uma máquina de café espresso dá as pessoas uma chance de bater papo enquanto esperam pelo café. Servir alimentos no estilo bufê encoraja os funcionários a sentarem-se e ficarem no local para comer, ao contrário dos almoços pré-embalados que os trabalhadores podem facilmente levar para suas mesas.

O escritório se tornará um lugar ao qual os trabalhadores irão voluntariamente se ele oferecer algo que não tiverem em casa: camaradagem.

Sim, o local de trabalho ainda precisa de algumas áreas para foco. Mas esse espaço não deveria ser as fileiras de cubículos; um modelo melhor para muitas empresas seria uma sala parecida com uma biblioteca na qual as pessoas podem se sentar com seus laptops quando precisam trabalhar em silêncio entre as reuniões.

Priorizar a interação social é o motivo pelo qual a Salesforce (CRM) decidiu reduzir sua pegada em São Francisco e fazer um arrendamento de longo prazo em um rancho de luxo no interior da Califórnia; é mais provável que os funcionários formem vínculos significativos em um espaço realmente propício à socialização. Foi pelo mesmo motivo que a Harley Davidson anunciou planos de revitalizar sua sede de 46 mil metros quadrados em Milwaukee, mesmo quando a empresa continua com o trabalho presencial para fins específicos como desenvolvimento de produtos.

Empresas como essas finalmente reconheceram que simplesmente colocar pessoas perto umas das outras e derrubar paredes não fomenta a colaboração. Isso sempre foi “uma fantasia”, diz Jennifer Kaufmann-Buhler, historiadora da Universidade Purdue e autora de Open Plan: A Design History of the American Office. Sua pesquisa mostra que escritórios abertos levam a menos interações entre colegas. As empresas perceberam que a colaboração e a cultura de equipe são muito importantes para serem deixadas ao acaso.

Essa é um motivo pelo qual a Zapier, uma empresa de automação de fluxo de trabalho com uma força de trabalho totalmente independente, investe em retiros trimestrais. O objetivo é socializar durante almoços de equipe, caminhadas em grupo e jogos, diz Raj Choudhury, professor da Harvard Business School que estudou a empresa. Choudhury constatou que os funcionários que interagem nesses retiros são mais propensos a ajudar uns aos outros posteriormente – efeito especialmente pronunciado nas mulheres da equipe.

As empresas que estão investindo em escritórios mais agradáveis estão esperando torná-los um retiro. Embora isso possa parecer uma contradição – por que investir em um lugar ao qual as pessoas vão com menos frequência? – é a viabilidade do trabalho remoto que libera o escritório para se tornar principalmente um espaço de socialização.

É claro que é possível forçar demais os trabalhadores a confraternizar. Há uma linha tênue entre promover conexões que melhoram o moral e destruir a distância profissional. Uma amiga comentou que depois que sua empresa anunciou um exercício de equipe em um parque aquático, ela começou a pesquisar por “roupas de banho apropriadas para o trabalho” – um horrível paradoxo. É melhor ficar com os sofás confortáveis e as cafeteiras.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

Sarah Green Carmichael é editora da Bloomberg Opinion. Anteriormente, era editora-gerente de ideias e comentários na Barron’s e editora executiva na Harvard Business Review, na qual apresentava o podcast “HBR IdeaCast”.

Bloomberg, Sarah Green Carmichael 


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