Educação Empreendedora — Foto: Mayara Cardoso - Aicom Unesc |
46% dos entrevistados apontam a falta de tempo para inclusão no conteúdo obrigatório como principal barreira e 40% indicam a falta de interdisciplinaridade como um dos obstáculos.
Pelo menos 56% dos
professores de educação básica ainda não tentaram aplicar educação
empreendedora em sala de aula, segundo pesquisa Sebrae e do Canal Futura, em
parceria técnica com a Plano CDE, divulgada nesta quarta-feira (1).
O ensino do empreendedorismo
está previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que está em vigor para
ensino infantil e fundamental desde 2019 e para ensino médio desde 2022, e
estipula o conteúdo e as habilidades que devem ser desenvolvidas pelas escolas.
A pesquisa, entretanto,
mostra que existem barreiras. A principal é a falta de tempo para incluir o
assunto no conteúdo obrigatório – apontada por 46% dos docentes entrevistados.
Além disso, apenas 1 em cada 4 professores (25%) afirma ter conhecimento sobre
o tema.
Segundo o presidente do
Sebrae, Carlos Melles, a pesquisa mostra que é preciso ajustar a forma como o
tema é apresentado aos professores e ampliar a compreensão do que é a educação
empreendedora.
“A educação empreendedora
chega para contribuir para o desenvolvimento de competências integradas à
construção de projetos de vida e colabora para o desenvolvimento integral de
estudantes, estimulando o seu protagonismo em diversas faixas etárias”,
explica.
Já o secretário-geral da
Fundação Roberto Marinho, João Alegria, avalia que a educação empreendedora é
uma "parte importante" da educação básica.
"[A educação
empreendedora] Aponta para a construção de autonomia dos estudantes, para o
protagonismo de suas próprias vidas, na estruturação de projetos de vida, dando
concretude e realidade aos sonhos e desejos. Prepara melhor as novas gerações
para os desafios de viver num mundo complexo, no qual as capacidades de
identificar e resolver problemas, atuar coletivamente e liderar, desenvolver e
implementar projetos, para citar alguns exemplos, são condições cada vez mais
exigidas a todos”.
Professores não conhecem as
competências da BNCC
O levantamento mostrou ainda
que os professores da educação básica não possuem um conhecimento profundo
sobre as competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ou sobre
as competências socioemocionais.
Dos entrevistados, 59%
afirmaram já ter recebido alguma formação sobre as dez competências gerais
(saiba mais abaixo), mas 52% ainda não se sentem familiarizados com o tema.
Além disso, 70% dos
professores afirmam nunca ter recebido nenhuma capacitação sobre o trabalho com
competências socioemocionais e 44% não se sentem confortáveis para trabalhar
com o tema na sala de aula.
Competências gerais da BNCC
Conhecimento:
Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo
físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade,
continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa,
democrática e inclusiva.
Pensamento científico,
crítico e criativo: Exercitar a curiosidade intelectual e
recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a
reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar
causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar
soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes
áreas.
Repertório cultural:
Desenvolver o senso estético para reconhecer, valorizar e fruir as diversas
manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também para
participar de práticas diversificadas da produção artístico cultural.
Comunicação: Utilizar
diferentes linguagens – verbal (oral ou visual motora, como Libras, e escrita),
corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens
artística, matemática e científica para se expressar e partilhar informações,
experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos
que levem ao entendimento mútuo.
Cultura digital:
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação
de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas
sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar
informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo
e autoria na vida pessoal e coletiva.
Trabalho e projeto de vida:
Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar se de
conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias
do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao
seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e
responsabilidade.
Argumentação:
Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular,
negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e
promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo
responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em
relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
Autoconhecimento e
autocuidado: Conhecer se, apreciar se e cuidar de sua
saúde física e emocional, compreendendo se na diversidade humana e reconhecendo
suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
Empatia e cooperação:
Exercer a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo
se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com
acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais,
seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de
qualquer natureza.
Responsabilidade e cidadania:
Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade,
resiliência e determinação, tomando decisões, com base em princípios éticos,
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Emily Santos, g1.globo.com
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