Retrospectiva poderá ser vista até 11 de abril
Com ingressos a preços
populares (R$ 10 inteira e R$ 5 a meia-entrada), acontece a partir do dia 10 a
Mostra Ecos de 22 - Modernismo no Cinema Brasileiro, no Centro Cultural Banco
do Brasil no Rio de Janeiro (CCBB Rio). A visitação ficará aberta ao público
até o dia 11 de abril.
Trata-se da maior
retrospectiva cinematográfica já feita sobre o tema, reunindo cerca de 50
filmes entre longas, médias e curtas-metragens e envolvendo o período de 1922 a
2021, de Roraima, no Norte brasileiro, ao Paraná, na Região Sul. Há também
programação paralela gratuita, com palestras, mesas de debate, sessões musicais,
sujeitas à distribuição de senhas. Haverá transmissão em Libras. A programação
completa da mostra pode ser acessada aqui.
A curadora Aïcha Barat disse
que embora o cinema não tenha feito parte da pauta da Semana de Arte Moderna de
1922, os ideais daquele momento de vanguarda influenciaram tudo o que se fez no
cinema nacional depois. “A Semana deixou um legado na cultura e, em
consequência, no cinema”, afirmou. Limite (1931), de Mário Peixoto, considerado
um dos marcos do cinema de vanguarda brasileiro, abre o evento nesta
quinta-feira, em sessão gratuita que terá acompanhamento musical de Tomás
Improta, pianista, compositor, arranjador e professor.
O chamado Cinema Novo é um
dos herdeiros diretos do modernismo, disse a curadora. Filmes famosos da época
serão exibidos na mostra, como Terra em Transe (Glauber Rocha, 1967), Deus e o
Diabo na Terra do Sol (Glauber Rocha, 1964), Macunaíma (Joaquim de Andrade,
1969), Como era Gostoso o meu Francês (Nelson Pereira dos Santos, 1971), além
de películas do cinema nacional que vieram depois: Ladrões de cinema (Fernando
Coni Campos, 1977), Mato eles? (Sergio Bianchi, 1983) e Tudo é Brasil (Rogério
Sganzerla, 1997), por exemplo. “É uma mostra que traz os clássicos, mas também
tenta trazer um olhar mais contemporâneo para rever algumas questões”, destacou
Aïcha.
Intelectualidade
As obras escolhidas são
marcadas pelo pensamento dos intelectuais paulistas da Semana de 22, como
Oswald de Andrade e Mário de Andrade, além de pensadores e artistas indígenas
contemporâneos, entre eles Jaider Esbell e Denilson Baniwa.
A exposição conta também com
uma seleção de filmes contemporâneos que abordam temáticas anunciadas pela
produção modernista a partir de vieses indígena, negro e periférico. Branco
sai, preto fica (Adirley Queirós, 2012), Grin (Isael Maxakali Rolney Freitas e
Sueli Maxakali, 2016), Travessia (Safira Moreira, 2017), Por onde anda
Makunaíma? (Rodrigo Séllos, 2020) e Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: essa terra é nossa!
(Carolina Canguçu, Isael Maxakali, Roberto Romero e Sueli Maxakali, 2020) serão
acompanhados por uma seleção de “filmes de internet”, disponíveis nas mídias
sociais e no site do evento. “A gente tentou trazer uma pluralidade de
olhares”, comentou Aïcha.
Ecos de 1922 conta ainda com
uma seleção de filmes “oswaldianos” de Rogério Sganzerla e Júlio Bressane. São
exemplos as produções Sem essa, Aranha (Rogério Sganzerla, 1978), Tabu (Júlio
Bressane, 1982), Miramar (Júlio Bressane, 1997) e Tudo é Brasil (Rogério
Sganzerla, 1997), além dos curtas Perigo negro (Rogério Sganzerla,1992), Quem
seria o feliz conviva de Isadora Duncan? (Júlio Bressane,1992) e Uma noite com
Oswald (Inácio Zatz e Ricardo Dias, 1992), este último com exibição em 35mm.
Terá destaque também na
mostra o cineasta Joaquim Pedro de Andrade, figura central na relação entre o
modernismo e o cinema brasileiro. Além da exibição dos longas Macunaíma (1969)
e O homem do pau-brasil (1980), e dos curtas O mestre de Apipucos (1959) e O
poeta do Castelo (1959), todos dedicados à obra e às ideias de Mário de Andrade,
Oswald de Andrade, Gilberto Freyre e Manuel Bandeira, respectivamente, haverá a
exibição do média-metragem O Aleijadinho (1978).
A identidade visual da
mostra é baseada na obra Ficções coloniais (ou finjam que não estou aqui), do
artista indígena Denilson Baniwa. Concebida em 2021, essa série de colagens
pode ser vista nas páginas do catálogo-livro da mostra, acompanhada de um texto
do autor. Com essa obra, Baniwa ensaia um direito de resposta ao imaginário
indígena forjado por fotógrafos e cineastas brancos ao longo da história.
Catálogo-livro
O catálogo-livro da Ecos
conta com textos inéditos de Ruy Gardnier, Lorraine Mendes, Marília Rothier,
Aline Leal, Tainá Cavalieri, Mateus Sanches e Juliano Gomes, além de textos já
publicados de Jaider Esbell, Denilson Baniwa, Paulo Antonio Paranaguá, Pedro
Duarte, Julierme Morais, Glauber Rocha e Paulo Emílio Salles Gomes. Traz ainda
os Manifestos Modernistas, de Oswald de Andrade, um texto de Mário de Andrade
sobre o movimento e uma seleção de poemas, artes e propagandas publicadas nas
revistas modernistas dos anos 20 Klaxon e Antropofagia.
Aïcha Barat informou que a
versão online do catálogo está disponível gratuitamente para download no site
da Ecos e em bb.com.br/cultura. O espectador que desejar adquirir a versão
impressa poderá trocar quatro ingressos por um catálogo durante o evento. Serão
disponibilizados 100 exemplares impressos.
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