Criança em campo para refugiados temporários em Przemyśl, na Polônia - Foto: Reprodução/Vaticano News |
Enquanto mais de milhão de ucranianos já deixaram o país, Putin diz que “vai até o fim”
Crianças, crianças, muitas
crianças. Algumas escolhendo ursinhos, bonecas, jogos, brinquedos caridosamente
oferecidos em cestos espalhados à sua volta. Algumas bebendo um copo de leite,
sorvendo uma mamadeira, mordendo um sanduíche. Todas bem agasalhadas, gorrinhos
na cabeça, um olhar inocente, curioso, dirigido às câmaras, certamente sem
compreender o que se passava em volta. Acompanhadas por mães e avós, já que os
pais não podiam acompanhá-las, obrigados, por decreto ou vontade própria, a
enfrentar a invasão russa de sua Ucrânia. Recepcionadas pela solidariedade dos
vizinhos de seu país, que assim como os ucranianos vivenciam a experiência
histórica de terem sido parte do Império Russo, da União Soviética ou simples
vizinhos desta Rússia, cujo comandante, Putin, não esconde sua nostalgia do
passado imperial de seu país e quer, declaradamente, reconstruí-lo.
Imagens que chocam, comovem, mobilizam um sentimento de solidariedade em torno do mais de milhão de ucranianos que já deixaram seu país natal em busca de abrigo seguro. Captadas em todo o mundo, provavelmente não em países simpatizantes da Rússia, mostram famílias precariamente refugiadas nas garagens de seus prédios, com móveis e colchões que retiraram de seus apartamentos, estações de metrô repletas de pessoas deitadas pelo chão, estações de trem lotadas por ucranianos que esperam trens que os levem para algum lugar, de preferência perto de alguma fronteira. Mais dramáticas ainda são as imagens que mostram jovens tentando obstaculizar o caminho de tanques e carros de combate russos. Lembram as dos civis húngaros e tchecoslovacos rebelados resistindo às invasões pela União Soviética nas décadas de 50 e 60 do século passado. Com a diferença que são instantâneas, imediatas, assim como as de enormes grupos de ucranianos com bandeiras azul e amarelas postando-se nas estradas para impedir o avanço de comboios russos. Conseguiriam?
Guerra
pela internet
As transmissões diretas
das guerras foram dificultadas depois do conflito do Vietnã, quando o sangrento
noticiário de TV apresentado às famílias norte-americanas na hora de seu jantar
criou o clima que minou o governo Johnson e acelerou a debacle do exército
norte-americano diante dos vietnamitas. Mas nestes tempos globais de internet,
mídias sociais, smartphones e satélites, que fortaleceram e reinventaram os
tradicionais rádio e TV e transcenderam a mídia impressa, a informação ganhou
sete vidas, para o bem e para o mal. A guerra se desenrola dramática e quase
instantaneamente diante de nossos olhos. Os chefes de Estado ou de governo
fazem diplomacia, ameaças ou prestam contas à sua sociedade a intervalos cada
vez mais curtos para manter vivo o apoio às suas decisões. É a guerra via
comunicação, que universaliza os fronts dos combates.
Ninguém melhor que o
presidente da Ucrânia, o ator Volodymyr Zelensky, utiliza a gama de
possibilidades oferecida por essa parafernália tecnológica. Depois de vencer as
eleições locais por cerca de 70% dos votos, graças ao descrédito acumulado
pelos políticos tradicionais e aos embates que devoravam a sociedade, sua
popularidade desabava, consumida pelos problemas do país, até que… Putin
invadiu o país. Como um personagem shakespeariano, usando todo o seu talento de
ator e capacidade de comunicação, Zelensky tornou-se o líder inconteste da
população ucraniana e enorme respeito internacional ao liderar a resistência
militar e popular à invasão russa. Ainda não na Otan, mas Zelensky já pediu a
aceitação de seu país na União Europeia, que alavancou a economia de todos os
países da ex-União Soviética que já tiveram acesso ao organismo.
Do seu lado, Putin
mantinha-se ao longo da semana na sua rota de derrotar, desarmar e neutralizar
a Ucrânia, mantendo as ameaças de lançar mão de seu arsenal nuclear e
recrudescendo os ataques militares em inúmeras regiões e cidades importantes,
especialmente nas cercanias do litoral que dá acesso aos mares de Azov e Negro.
Seu país está sofrendo sanções econômicas duríssimas, inéditas contra um país
das dimensões da Rússia, que envolvem o sistema internacional de pagamentos
SWIFT, o seu banco central, que teve bloqueadas metade dos mais de US$ 600
bilhões em reservas que acumulara em anos recentes, e fortunas e propriedades
dos oligarcas russos seus aliados que exibem sua riqueza mundo afora. São
sanções cujos efeitos não são imediatos, mas devem fragilizar a situação
econômica do país, dos apoiadores de Putin, e a população, pois 80 importantes
empresas multinacionais anunciaram a saída do país, inclusive de serviços como
cartões de crédito, entre outros, que foram encerrados. Nem por isso Putin
mudou uma palavra de seu discurso.
A
pressão do Ocidente
Os presidentes dos EUA,
Joe Biden, e da França, Emmanuel Macron e o primeiro-ministro, Boris Johnson,
do Reino Unidos mantém em fogo alto a pressão contra a Rússia. Impossibilitados
legalmente de agir via a Otan, os membros da aliança reforçam o arsenal militar
dos países próximos da Rússia como a Polônia, Lituânia, Letônia, Estônia e,
certamente, fazem chegar armamentos aos militares ucranianos via caminhos
evidentemente não revelados.
Guerra
na Ucrânia
A guerra ocupou os dez
minutos iniciais do discurso sobre o Estado da União feito pelo presidente
Biden na última terça-feira, o primeiro de seu mandato, fortemente aplaudidos
por democratas e republicanos. É importante lembrar que Biden enfrentará eleições
parlamentares este ano e registra uma popularidade muito baixa nas pesquisas,
no momento, influenciada, entre outras coisas, pela recente e desastrada
retirada dos militares norte-americanos do Afeganistão.
Macron, em conversa
telefônica com Putin, ouviu-o dizer “que vai até o fim” e que “o pior ainda
está por vir” e respondeu que ele estava cometendo “um grande erro”. Macron é
candidato a um segundo mandato presidencial nas eleições francesas agora em
abril e se empenha em se distinguir como o porta voz da Europa junto a Putin.
Já o primeiro-ministro
Boris Johnson também desenvolve pressões, tentando fazer os britânicos
esquecerem as festas em que participou durantes as medidas sanitárias
implantadas em seu país durante a pandemia. Até o presidente Jair Bolsonaro,
que, alegando neutralidade, não critica as ações russas, foi alvo de telefonema
de Johnson para convencê-lo a mudar de posição.
Enquanto Putin prometia
que “vai até o fim” e que “o pior está por vir” as conversas de paz entre
ucranianos e russos não iam além de estabelecer corredores de segurança para a
saída da população do país, sinal de que o conflito vai continuar no solo da
Ucrânia, cuja imagem mais forte foi o ataque à usina nuclear de Zaporizhzhia, a
maior da Europa, que tomou o centro do noticiário na última sexta-feira.
Luiz
Roberto Serrano, Jornal da USP
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