Há 30 anos, ele percorre de mototáxi as ruas
de Nova Délhi, uma das cidades mais poluídas do mundo. Bhanjan Lal tosse sem
parar e sofre de uma doença pulmonar crônica atribuída ao ar tóxico da capital
indiana.
"A
poluição me causa muitos problemas, (especialmente) na garganta", comenta
Bhanjan Lal, sentado em seu mototáxi.
Lal circula
todos os dias no intenso trânsito de Nova Délhi, inclusive no inverno, quando a
poluição está em seu nível mais alto e a megalópole de 20 milhões de habitantes
está envolta em uma densa névoa tóxica.
"Não
sei de onde virá a solução para essa poluição que nos mata", disse, por
sua vez, Vijay Satokar. Para este morador da capital, Nova Délhi parece uma
"câmara de gás".
A capital
indiana costuma liderar a classificação mundial das capitais com a pior
qualidade do ar.
Os níveis de
partículas finas do PM2,5 - cujo diâmetro é inferior a 2,5 micrômetros e que
são especialmente prejudiciais à saúde - atingiram na semana passada mais de 30
vezes o limite máximo diário estabelecido pela Organização Mundial da Saúde
(OMS).
Emissões de
fábricas, gases de automóveis e fumaça de incêndios agrícolas em estados
próximos formam uma névoa amarelada.
Algumas
medidas das autoridades para conter a poluição, como a campanha que sugere aos
motoristas que desliguem o motor do veículo nos sinais, não surtem qualquer
efeito.
Confinamento antipoluição?
Esta semana,
o governo local tomou uma medida drástica, ao ordenar o fechamento temporário
de seis das 11 centrais de carvão ao redor de Délhi.
Também
fechou as escolas até novo aviso, pediu aos funcionários que trabalhem de casa
e proibiu a circulação de caminhões, exceto no caso dos que transportam itens
essenciais, até a próxima semana.
As
autoridades rejeitaram, porém, o conselho do Tribunal Supremo de ordenar um
"confinamento por poluição".
Na Índia, a
poluição é responsável por mais de um milhão de mortes por ano e, de acordo com
um estudo recente da Universidade de Chicago, a poluição do ar pode reduzir em
mais de nove anos a expectativa de vida de quatro indianos a cada dez.
O poder
público evita, no entanto, enfrentar os problemas de fundo, em um contexto no
qual o consumo nacional de carvão quase duplicou na última década.
Na última
conferência sobre o clima, a COP26, realizada na cidade escocesa de Glasgow, a
Índia se opôs a se comprometer com restrições mais ambiciosas em relação aos
combustíveis fósseis e ao uso de carvão, que impulsiona sua economia.
Atish Patel,
AFP
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