sexta-feira, 6 de dezembro de 2013


Meus queridos, em seguida o editorial do Jornal O Globo, e, na sequência, um artigo que escrevi sobre esta importante questão:

Geral
Os ainda insuficientes esforços na Educação (Editorial)
O Globo

Seria irreal esperar que o Brasil, de 2009 a 2012, desse um salto elástico no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), de que participam estudantes com 15 anos de idade de 66 países. Este não é um exame qualquer.
Por sua abrangência, o Pisa, realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a cada três anos, serve de radar para definir as sociedades que melhor enfrentam o desafio da Educação, e, assim, apontar os países que tendem a ganhar mais competitividade no mundo globalizado.

O Brasil tem avançado. Neste último teste, de 2012, conseguiu ser o que mais evoluiu em Matemática (17,1%) em relação ao primeiro exame, em 2000. Em Ciências, evolução de 8% e, Leitura, 3,5%. O problema é que a proficiência demonstrada pelo estudante brasileiro do ensino básico continua nas piores colocações no ranking do Pisa.

Desta vez, no 58º lugar, a poucas posições do último lugar. Melhor que Argentina, Albânia, Colômbia, Peru, mas abaixo de Uruguai, México, Chile, Cazaquistão, Emirados Árabes Unidos, numa lista liderada pela China (cidade de Xangai), um dos asiáticos que ocupam os primeiros lugares.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, considerou o resultado uma “grande vitória”, referindo-se ao teste específico de Matemática. Ressaltou, ainda, o fato de o país ter avançado mesmo com o aumento na matrícula de alunos com 15 anos. Ou seja, cresceu a população escolar e mesmo assim a qualificação evoluiu.

Mercadante, porém, reconhece que ainda falta muito. Por suposto. Andreas Schleicher, vice-diretor de Educação da OCDE, por exemplo, reconhece o esforço brasileiro, mas afirma que, no ritmo atual, a qualificação do estudante chegará à média dos países ricos apenas em 2030 e não em 2022, meta pactuada pelo poder público com organismos da sociedade atuantes no setor.

É preciso, portanto, aumentar a velocidade da melhoria do ensino. E, para isso, dinheiro não é tudo, apesar de importante. Estima-se que, em que pese o crescimento dos gastos com Educação de 2000 a 2010, a despesa por aluno, no Brasil, representa menos de um terço da realizada no bloco da OCDE.

Defensores da elevação dos gastos no setor de 5% a 6% do PIB para 10% parecem considerar esta uma solução mágica. Pois o Vietnã se situou neste Pisa em 13º lugar, com um gasto de US$ 6.969 por aluno contra US$ 26.765 do Brasil, o 58º colocado.

Deduz-se que, para se ganhar a velocidade necessária, a fim de se compensar estes oito anos de atraso potencial em busca da meta de 2022, é imperioso haver uma ampla política educacional que não esteja subjugada apenas a questões de orçamento.

A qualificação do professorado, o prêmio ao mérito, a atenuação do corporativismo sindical da classe, a definição de parâmetros para um currículo nacional são temas que precisam ganhar espaço na agenda desta discussão. O tempo corre contra o país.

Agora, logo abaixo, o artigo que escrevi em 2009:

Salários e desempenho acadêmico

A questão salarial é uma das que mais impactam a educação brasileira.

Não são poucos os que desdenham a questão, atribuindo quase nenhuma importância a este quesito, considerado mais reflexo das pressões oriundas das organizações corporativistas e sindicais.

Os que assim argumentam miram-se tão somente nas demandas associativas o que, inexoravelmente, os remetem a equívocos de formulação e avaliação.

Para tratar deste assunto é necessário mergulhar num universo mais amplo, adotando uma visão mais profunda e mais larga, que não esteja deslocada do contexto.

Em qualquer categoria profissional, a política salarial é apenas um dos componentes dos processos de qualificação. Mas, sem dúvidas, um dos que mais impactam na eficaz conquista das metas, um dos que mais contribuem para os sucessos individual, coletivo e institucional.

Os trabalhadores se preparam ao longo de toda a vida para que possam exercer, com competência e dignidade, a profissão escolhida. E nos dias que correm, a educação profissional não se esgota com a conclusão do ensino formal. O incontido e avassalador avanço das tecnologias, a ininterrupta modernização dos sistemas de produção, o advento dos novos e desafiadores paradigmas garroteando as antigas formas de fazer e pensar fez emergir um novo mundo a exigir que os indivíduos se atualizem permanentemente, estudando não apenas no período regulamentar, mas do nascimento ao encantamento, num processo de formação perene, continuada. No mundo interligado pelos revolucionários meios de comunicação, a educação deixou de se constituir numa mera etapa da existência para perpassar todo o ciclo de vida dos cidadãos. É contingência não somente do aprimoramento profissional, mas, sobretudo, da obstinação com que a sociedade persegue qualidade de vida.

Aqui, o artigo completo.